PARÁBOLA DO TESOURO ESCONDIDO E DA PÉROLA DE GRANDE VALOR
MATEUS 13:44-46
V.44 – O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual
certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria,
vai, vende tudo o que tem, e compra aquele campo.
V.45 – O reino dos céus é também semelhante a um que negocia e procura boas
pérolas;
V.46 – e tendo achado uma pérola de grande valor, vendeu tudo o que possuía,
e a comprou.
Assim como a parábola do joio, estas duas parábolas e a parábola seguinte, da rede, só se encontram no Evangelho de Mateus. Esta última culmina com o juízo final, deixando claro que a única realidade que permanecerá é o reino de Deus e seus valores. Nas duas primeiras, o reino de Deus é representado por cousas valiosas. Tesouros, constituídos de peças de ouro, prata, joias e pedras preciosas eram encontrados muitas vezes quando se faziam escavações num campo ou num quintal. Para evitar a perda desse patrimônio por causa de ladrões ou em caso de ataque repentino de tropas invasoras, os seus donos costumavam enterrá-los para recuperá-los mais tarde (cf Jeremias 41:8; Jó 3:21b; Provérbios 2:4). Já as pérolas eram objetos muito cobiçados por causa da beleza e da sua raridade. Havia negociantes dispostos a percorrer grandes distâncias para encontrar boas pérolas e a pagar por elas um grande valor. No mundo antigo as principais fontes de extração deste precioso produto estavam no Mar Vermelho e na Grã-Bretanha, dois pontos, geograficamente, bem distantes um do outro.
A primeira ideia para a interpretação destas duas parábolas é que, se o reino dos céus é tão valioso e se é a única realidade que permanecerá, então, todo aquele que deseja ardentemente desfrutar das suas bem-aventuranças deverá, espontaneamente e sem demora, fazer a opção de entrar nele, deixando de lado tudo o que possa impedi-lo, como propriedades, amigos, vícios e a própria vida que gostaria de viver (Mateus 8:34-37).
Então, surge a pergunta: São muitos os que estão dispostos a isso? Jesus responde que muitos tentarão e não conseguirão (Lucas 13:23-24). Mas há um exemplo muito estimulante por detrás das parábolas do tesouro escondido e da pérola de grande valor. É o exemplo do próprio Senhor Jesus. Ele tinha conhecimento do valor do ser humano para Deus e do valor do reino dos céus, já desde a eternidade. Ele sabia da necessidade da justificação, isto é, do perdão de pecados para o pecador, e do sacrifício de um Justo, necessário para isto (Isaías 53:11). Ele sabia, ainda, que em todo o universo não havia outro, senão Ele mesmo, que pudesse satisfazer os requisitos de Deus para isto (Apocalipse 5:1-14; Hebreus 10:5-7). Por essa razão Ele deixou a glória celeste, isto é, tudo o que Ele tinha, humilhou-se até à morte, e morte de cruz (Filipenses 2:5-11) e veio interceder pelos pecadores (Isaías 53:11c, 12c).
Resumindo, Jesus, conhecendo o valor do tesouro que representa o reino de Deus, comprou-o desde a eternidade com o seu próprio sangue(I Pedro 1:19-20; Atos 20:28b; Apocalipse 5:9-10) e deixou-o escondido. Oportunamente Ele veio a esta Terra para revelá-lo e implantá-lo (Mateus 4:17; Gálatas 4:4).
A pérola de grande valor é a igreja que Ele tanto amou e valorizou, a ponto de deixar a Sua glória celeste (João 17:4-5) e veio resgatá-la. Em outras palavras, Ele viu a igreja desde a eternidade, amou-a e veio esposá-la (Efésios 5:31-32).