sábado, 25 de abril de 2015

ANDANDO COM JESUS INTRODUÇÃO

             ANDANDO COM JESUS INTRODUÇÃO



ANDANDO COM JESUS



POR RIOLANDO CARLOS DE BARROS
E
CLAUDIAN  LEONEL  DOS  SANTOS



Este é o tema do presente estudo. O objetivo é acompanhar os passos do Filho de Deus durante os três anos e meio aproximadamente do Seu ministério de pregação do Evangelho. Para isto faremos uma excursão pelos quatro primeiros livros do Novo Testamento, chamados “Evangelhos”, focalizando os acontecimentos neles registrados, a respeito do serviço de Jesus entre nós aqui na Terra. A título de esclarecimento, informamos que a palavra “ministério” significa serviço prestado em benefício de outros.
Os escritores dos Evangelhos são:
Mateus, anteriormente chamado Levi, era um judeu cobrador de impostos para o Império Romano, que se tornou discípulo no início do ministério de Jesus na Galiléia.
João Marcos ou simplesmente Marcos, conheceu Jesus ainda muito jovem. Era primo de Barnabé (Colossenses 4:10). A casa de seus pais era ponto de reunião de discípulos de Jesus (Atos 12:12). Provavelmente é o jovem mencionado em Marcos 14:51-52. Mais tarde acompanhou o apóstolo Pedro durante o seu ministério em Roma (I Pedro 5:13).
 No seu Evangelho Jesus é apresentado como o Servo de Deus a serviço dos homens. Serviço que abrange o Seu Ministério de ensino e representa o máximo da revelação de Deus à humanidade, incluindo também o Seu sacrifício para a remissão de pecados. Marcos escreveu este Evangelho em estilo de reportagem jornalística, enfatizando a dinâmica do Filho de Deus, que se mostrou ágil e incansável na realização da Sua obra. Isto é bem ao gosto dos romanos, que valorizavam os cidadãos de rápida decisão e grande expediente. Mas também fica patente o conflito progressivo entre Ele e os Seus opositores, representados pelas autoridades judaicas, pelos escribas e fariseus, o que acabou levando-o à morte na cruz.
Embora Marcos não tenha como objetivo provar que Jesus Cristo é o Filho de Deus, esta verdade acaba tornando-se evidente pelos milagres relatados, que mostram o Seu poder sobre várias áreas como a natureza, doenças, Sua autoridade sobre espírito de demônios e o Seu poder de penetração na mente humana. O mais importante de tudo para mostrar a Sua natureza divina é o poder da Sua Palavra, capaz de transformar vidas e levar almas à paz com Deus e à salvação eterna (cp Marcos 5:15 e Lucas 8:35-36). Este Evangelho, segundo informações históricas da igreja primitiva, foi composto a pedido da igreja de Roma que, prevendo a morte de Pedro (cf  II Pedro 1:14 ), desejava ter um relato por escrito da obra de Nosso Senhor Jesus Cristo. O seu Evangelho é o registro das pregações do apóstolo naquela cidade.
Lucas, médico de origem grega, exímio escritor e pesquisador, juntara-se à equipe missionária do apóstolo Paulo na cidade de Trôade, na Ásia Menor, durante a segunda viagem missionária do apóstolo. Posteriormente foi à Judéia, onde coletou preciosas informações para compor o seu Evangelho.
João, o discípulo amado, o mais jovem dos doze apóstolos, era também primo de Jesus. Ele, André, Pedro, Felipe e Natanael foram os cinco primeiros que seguiram a Jesus logo nos dias que se seguiram à Sua volta do deserto, onde foi tentado.
Mateus, Marcos e Lucas escreveram os seus Evangelhos em torno do ano 60 D.C. Marcos escreveu primeiro e serviu de roteiro para os outros dois. Estes são chamados Evangelhos sinóticos porque constituem uma sinopse, isto é, um resumo das atividades de Jesus e um pouco da Sua vida anterior ao Ministério.
João escreveu o quarto Evangelho cerca de 30 anos depois dos outros, com a preocupação especial de produzir nos leitores a fé em Cristo, o Filho de Deus (João 20:30-31).
Os Evangelhos começam com uma introdução, cada um apresentando aspectos diferentes de Jesus, antes de entrar no assunto do Seu Ministério. Mateus começa com a genealogia de Cristo a partir de Abraão, o grande patriarca Hebreu, do qual descende toda a nação de Israel. Este Evangelho foi escrito tendo em visto o povo judeu e o objetivo desta genealogia é mostrar que Jesus é descendente de Abraão. Em seguida ele relata o anúncio do nascimento de Jesus a José, feito por um anjo, em sonho, informando inclusive qual deveria ser o Seu nome. Este é o único Evangelho que relata esse acontecimento, como também a visita dos magos e a sua adoração ao menino, quando Ele ainda era muito criança. Mateus também relata a fuga de José e Maria para o Egito, com o fim de escaparem da perseguição do rei Herodes, que intentava matá-lo, para impedir que Ele viesse, mais tarde, tomar o seu trono. Ele fora informado de que havia nascido o “Rei dos Judeus”      (Mateus 2:1-18). Após a morte de Herodes, a família voltou do Egito e fixou-se em Nazaré, na região da Galiléia (Mateus 2:19-23). Os relatos seguintes deste Evangelho são sobre a pregação de João Batista, o batismo de Jesus por este profeta, a Sua tentação no deserto da Judéia e a sua volta para a Galiléia, onde efetuou o seu grande trabalho, chamado o “Ministério da Galiléia”.
Marcos inicia sua narrativa, informando que o Evangelho de Jesus vem em cumprimento das profecias do Velho Testamento. Portanto, Jesus não é um personagem que surgiu de improviso dentro das circunstâncias da época, nem por sua própria iniciativa e, também não, da sequência à linhagem sacerdotal levítica. Ele está cumprindo as Escrituras, conforme o que havia sido anunciado pelos profetas. Falando brevemente de João Batista, do batismo de Jesus e da Sua tentação no deserto, o assunto desse Evangelho passa logo para o Ministério de Jesus na Galiléia.
O Evangelho de Lucas é o que tem o maior preâmbulo, iniciando-se com o anúncio do nascimento de João Batista a seu pai, o sacerdote Zacarias. Como cuidadoso investigador, o evangelista dá muitas informações preciosas e únicas como a anunciação do nascimento de Jesus a Maria pelo anjo Gabriel; o anúncio do nascimento de Jesus aos pastores; a circuncisão e apresentação de Jesus no Templo; a presença de Simeão e da profetiza Ana naquela ocasião; a presença de Jesus no meio dos doutores no Templo, quando Ele contava doze anos. Em seguida ele relata o aparecimento de João Batista nas circunvizinhanças do Jordão, pregando arrependimento e batizando. Nesta época Jesus se apresenta para ser batizado por ele. Em seguida, Lucas dá a genealogia de Cristo, começando por Ele, e chegando até Adão.
Se o Evangelho de Mateus traz a genealogia de Jesus, começando por Abraão, para mostrar a Sua origem dentro do povo hebreu, agora representado pelos judeus, o Evangelho de Lucas leva a Sua genealogia até Adão e Deus, para mostrar que Ele proveio de Deus como dádiva para todos os povos. De fato, como disse certo estudioso da bíblia: “Jesus é o maior legado de Deus para toda a humanidade”. O Evangelho de Lucas é um “Evangelho Universal”, inspirado por Deus na mente de um homem de pensamento sem fronteiras que via Jesus como um ser divino e perfeito, que satisfazia o ideal de perfeição tão procurado pelos gregos. Ele descreve Jesus como o Deus que se fez homem, para salvar a humanidade.
O Evangelho de João começa mostrando Jesus na eternidade ao lado de Deus, como o Verbo, isto é, a Palavra de Deus, como o “Arquiteto do Universo”, aquele que criou todas as cousas, e que cria inclusive os filhos de Deus, pela fé no Seu Nome. Introduzindo a pessoa de João Batista como precursor de Cristo e que dá testemunho a seu respeito, é o único Evangelho que relata os primeiros dias de atividade de Jesus após o batismo e que menciona o seu ministério na Judéia, antes de ir para a Galiléia, passando por Samaria. É também o único que relata a visita de Nicodemos a Jesus em Jerusalém e o encontro com a Samaritana na beira do poço de Jacó em Sicar. Entre estes dois episódios, João faz uma rápida alusão ao ministério da Judéia no capítulo 4, versos de 1 a 3.
Os quatro Evangelhos relatam a preparação de Jesus para o Seu Ministério. Este preparo consistiu do batismo e do Seu isolamento de 40 dias no deserto, onde foi tentado por Satanás. Estes dois passos preliminares, o batismo e a tentação, eram muito importantes para Ele poder enfrentar e superar todas as dificuldades do Seu futuro Ministério. No batismo Ele recebeu a unção do Espírito Santo, que o capacitou para a obra. Mateus 12:18,21 mostra que isto era necessário para que Ele pregasse o evangelho aos gentios. Mateus 12:28 mostra que a sua autoridade sobre os demônios provinha do Espírito de Deus. Lucas 4:18 mostra a importância do Espírito em todos os aspectos do Seu ministério. Aqui Ele testifica, na sinagoga de Nazaré, o cumprimento da profecia de Isaías 61:1-2 a seu respeito. Lucas relata que Ele ficou cheio do Espírito que O guiou para o deserto. Marcos diz que o Espírito forçou-O a ir para lá e Mateus informa que Ele foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. Parece um paradoxo dizer que o Espírito o colocou diante do diabo para ser tentado. Mas este é o caminho de Deus. Ele precisava confirmar a Sua dedicação e a sua consagração a Deus antes de enfrentar tantas outras tentações e provações que estavam para vir no caminho que Ele escolheu. É importante compreender que a tentação de Jesus não foi simplesmente um ataque pessoal do inimigo contra Ele, mas também uma tentativa de inviabilizar a realização de todo o propósito de salvação que Deus tinha por intermédio d’Ele.
Detalhes da Sua tentação no deserto encontra-se em Mateus 4:1-11 e em Lucas 4:1-13.
Há duas hipóteses que tentam explicar como ocorreu a tentação de Jesus. A primeira é que o diabo apareceu para Ele em pessoa e Lhe fez as propostas contidas nas narrações de Mateus e Lucas. A segunda é que estas idéias ocorreram em Sua mente, mas Ele reconheceu que elas provinham do diabo. Os que aceitam a primeira hipótese interpretam literalmente o relato dos evangelhos, como foram escritos. Os que aceitam a segunda hipótese entendem que os relatos foram escritos figuradamente e explicam a sua opinião, comparando a tentação de Jesus com as nossas próprias tentações. Eles tomam como base a passagem de Hebreus 4:15 que diz que Ele foi tentado “à nossa semelhança”, mas sem pecado.
As tentações de Jesus e a Sua recusa de ceder a elas ensinam os seguintes princípios:
1 – Fazer do ministério cristão um meio de satisfazer necessidades físicas e matérias, tanto de ministros como de fiéis, é obedecer ao diabo (comparar      Mateus 4:4-5 ou Lucas 4:3-4 com Mateus 6:25, 33; e 1° Timóteo 6:6-8).
2 – Usar o ministério cristão para fazer sensacionalismo é tentar a Deus (Mateus 4:5-7; Lucas 4:9-12).
3 – Usar o ministério cristão para conseguir poder e riquezas é prestar culto de      adoração ao diabo (Mateus 4:8-10; Lucas 4:5-8).
As atividades de Jesus começam logo em seguida ao seu batismo, à unção do Espírito Santo e à tentação no deserto (João 1:32-51). Ele foi a João Batista para ser batizado porque conhecia as profecias do Velho Testamento e compreendeu que aquele profeta era a “voz do que clama no deserto”, o mensageiro enviado para preparar o caminho para Ele. De fato, a mensagem de João visava levar o povo ao batismo de arrependimento e à fé no Messias que vinha após ele, o qual batiza com o Espírito Santo. Esta mensagem causou grande impacto no povo judeu, preparando-o para aceitar a pregação do Evangelho de Cristo cuja a essência é “arrependimento e fé no evangelho”. Isto significa crer na Palavra de Cristo e em todas as promessas que ela traz, como perdão de pecados e concessão do Espírito Santo para os arrependidos. Nisto está a garantia da salvação eterna (Efésios 1:13-14).
Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas não relatam os primeiros contatos de Jesus com os primeiros discípulos. Mas o Evangelho de João informa que, depois de reunir cinco seguidores (João 1:35-48), Ele voltou para a Galiléia, de onde tinha vindo para ser batizado por João Batista.

 FASES DO MINISTÉRIO DE JESUS

Neste ponto dos nossos estudos vamos mostrar um panorama do Ministério de Jesus, dividindo-o em períodos que facilitem a visão total das Suas atividades.

I – Os dias após o batismo e a tentação
         Início: João 1:35
         Fim: João 3:15
II – Período da Obscuridade ou Ministério da Judéia
         Início: João 3:22
         Fim: João 4:3
III- A passagem por Samaria
         João 4: 4-42
IV- O Ano do Favor Público ou Ministério da Galiléia
          Início: Mateus 4:12; Marcos 1:14; Lucas 4:14
          Fim: Mateus 19:1; Marcos 10:1
V – O Ano da Oposição ou Ministério da Peréia
          Início: Mateus 19:1; Marcos 10:1
          Fim: João 11:7
VI- Os Últimos Meses
          Início: João 11:7
          Fim: Mateus 20:17-34; Marcos 10:32-52; Lucas 19:11-27
VII- A Última Semana
          Início: Mateus 21:1; Marcos 11:1; Lucas 19:28; João 12:12
          Fim: Mateus 27:50; Marcos 15:37; Lucas 23:46; João 19:30
VIII-O Ministério Pós-Ressurreição
          Início: Mateus 28:9; Marcos 16:14; Lucas 24:15; João 20:15
          Fim: Mateus 28:18-20; Marcos 16:19; Lucas 24:51

AS BODAS DE CANÁ

                                                     AS BODAS DE CANÁ
                                                             JOÃO 2:1-12

V. 1 – Três dias depois, houve um casamento em Cana da Galiléia, achando-se
            ali a mãe de Jesus.
V. 2 – Jesus também foi convidado, com os Seus discípulos, para o casamento.
V. 3 – Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais
            vinho
 V. 4 – Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é                      
            chegada a minha hora.
V. 5 – Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser.
V. 6 - Estavam ali seis talhas de pedra, que os judeus usavam para                          
           as purificações, e cada uma levava duas ou três metretas.
V.7 - Jesus lhes disse: Enchei de água as talhas. E eles as encheram
           totalmente.
V.8 – Então, lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-sala. Eles o
           fizeram.
V.9 – Tendo o mestre-sala provado a água transformada em vinho (não
           sabendo donde viera, se bem que o sabiam os serventes que haviam
           tirado a água), chamou o noivo
V.10– e lhe disse: Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já
           beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom
           vinho até agora.
V.11- Com este, deu Jesus princípio a Seus sinais em Caná da Galiléia;
           manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.
V.12- Depois disto, desceu ele para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e
           seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.

Chagando na Galiléia, Jesus foi convidado com os Seus discípulos para um casamento em Caná, provavelmente de algum parente, porque a Sua mãe já se encontrava lá, talvez até ajudando a preparar a festa que durava de uma a duas semanas.
Nessa ocasião Ele realizou o Seu primeiro e famoso milagre, transformando a água em vinho. Algumas deduções podemos fazer deste milagre:
Sua mãe lhe comunicou que havia acabado o vinho. Certamente ela acreditava que Ele podia fazer alguma cousa a esse respeito, para manifestar a Sua glória. Mas, pensando no propósito para o qual Ele fora enviado por Deus, respondeu que a Sua hora ainda não havia chegado. Ele se referia ao momento da Sua morte na cruz. Tão cedo no seu ministério, Ele já estava motivado pelo objetivo final, o sacrifício necessário para a salvação do pecador. Daí, a resposta que deu a Sua mãe: “Mulher, que tenho eu contigo?”. Em outras palavras Ele estava dizendo que este assunto tinha a ver com Ele e o Pai. Por isso Ele a chama de “mulher”, aliás, com todo respeito, e não, “mãe”. Assim Ele faz alusão à Sua origem e natureza celestiais (Mateus 12:45-50).
Lá, havia seis talhas de duas ou três metretas cada uma. Considerando a capacidade total dessas vasilhas, calcula-se que elas comportavam mais de 550 litros. Era vinho pra muita gente. Sem colocar a mão em nenhuma delas, para não ser interpretado como manipulador, Jesus ordenou que se enchessem de água as talhas, depois, simplesmente ordenou aos serventes que eles mesmo tirassem um pouco do conteúdo e levassem ao mestre-sala para provar. Sem saber a procedência do vinho, ele o aprovou como verdadeiro e ainda melhor do que o que fora servido anteriormente.
A presença de Jesus nesse casamento vem prestigiar e confirmar esta instituição divina, tão importante para a sociedade, enquanto o mundo a despreza ecorrompe. Foi dentro da família que o Filho de Deus fez a sua primeira apresentação pública e seu primeiro milagre, mostrando o seu poder de transformação. Assim como Ele é capaz de transformar um produto da terra como a água em vinho de boa qualidade, assim também Ele pode transformar o homem terreno em homem celestial criado por Ele (1° Coríntios 15:45-49).
João chama esse milagre de sinal, palavra que ele escolheu, porque além de manifestar o maravilhoso poder de Jesus, também revela quem Ele é. De fato, depois deste “sinal”, os seus discípulos creram n’Ele.
Depois destes acontecimentos, Jesus desceu para Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos e ficaram ali não muitos dias.

A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO DE JERUSALÉM

 A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO DE JERUSALÉM
 JOÂO 2:13-22

V. 13 – Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém.
V. 14 – E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e
             também os cambistas assentados;
V. 15 – tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem
             como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos
             cambistas, virou as mesas
V. 16 - e disse aos que vendiam pombas: Tirai daqui estas cousas; não façais             
             da casa de meu Pai casa de negócio.
V. 17 - Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito:
             O zelo da tua casa me consumirá.
V. 18 – Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Que sinal nos mostras para fazeres
             estas cousa?
V. 19 – Jesus lhes respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o
             reconstruirei.
V. 20 – Replicaram os Judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este
             santuário, e tu, em três dias o levantarás?
V. 21 - Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo.
V. 22 - Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, lembraram-se os
             seus discípulos de que ele dissera isso; e creram na Escritura e na
             palavra de Jesus.

Em 2° Crônicas 6:18-40 podemos observar a importância do Templo para a vida religiosa da nação de Israel, dos estrangeiros e dos peregrinos, especialmente no que se refere à oração e à adoração. Ali também eram feitos os sacrifícios. Ao chegar lá, Jesus observou que aquela casa havia-se tornado um centro de comércio ilegal, injusto e humilhante para os fiéis que vinham adorar a Deus durante os festejos da Páscoa. Era uma verdadeira afronta a Deus. O comércio de animais e o câmbio de moedas aconteciam no pátio dos gentios e provocava uma movimentação muito grande, acompanhada do barulho do pregão dos vendedores.
Os cambistas extorquiam as pessoas que precisavam de trocar moedas comuns por moedas legais do Templo para pagar seus sacrifícios. Os vendedores cobravam preços exorbitantes pelos animais, que só podiam ser adquiridos ali. Era intenso o alvoroço naquele ambiente. Além do barulho dos pregoeiros, o trânsito de pessoas e de animais puxados de um lado pra outro, não permitiam que aquele espaço fosse usado para a finalidade prevista que era a oração, a meditação e a busca do perdão de Deus por pessoas contritas (cf Lucas 18:9-14). Tudo isso impedia o uso daquela área para a comunhão com Deus, para a confissão de pecados,  para orações e ações de graça. Daí, a atitude de Jesus descrita nos versos 15 e 16.
Os versos 17 a 22 mostram a reação negativa dos judeus e positiva dos discípulos à atuação de Jesus ao purificar o Templo. O seu comportamento só poderia ser compreendido pelos judeus, se Ele fosse o Messias. Por isso Lhe pediram um sinal que comprovasse a Sua autoridade. A resposta de Jesus, que eles provavelmente não entenderam, foi que, sendo Ele morto, em três dias ressuscitaria, e então seria reconstruído o verdadeiro templo de Deus em que Ele seria adorado (em espírito e em verdade), como acontece na Sua igreja em todos os cantos do mundo, até hoje. Os próprios discípulos só vieram a compreender isto após a ressurreição, quando creram no que Ele dissera e no que dizem as Escrituras no Salmo 16:10 que diz: “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”.
Com a purificação do Templo, Jesus dá um grito de alerta, desafiando o próprio coração do Judaísmo a uma completa mudança e ao abandono de toda aquela religiosidade acumulada durante muitos séculos.

V. 23 – Estando ele em Jerusalém durante a festa da Páscoa, muitos, vendo os
             sinais que ele fazia, creram no seu nome;
V. 24 – mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos
V. 25 – E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do
             homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana.

Por causa dos milagres que Jesus fez durante a festa da Páscoa em Jerusalém, muitos judeus vieram a crer nele. Deveria Ele admiti-los como discípulos do mesmo modo que acolheu aqueles que o seguiram desde os dias do Seu batismo, após a tentação no deserto? ( João 1:35-51 ). Mas Jesus que conhece a natureza humana não se deixou confiar a eles. A fé que Ele exige dos seus discípulos tem que ser mais profunda do que a fé emocional produzida pela simples observação de milagres.
É oportuno esclarecer que quando os Evangelhos falam dos judeus que se opunham a Jesus, eles se referem, geralmente, às autoridades judaicas, que eram os sacerdotes, os principais judeus (príncipes do povo ou chefes de famílias) e também aos escribas e fariseus. Portanto, não se trata do povo em geral que, quase sempre, estava a favor d’Ele. 

JESUS E NICODEMOS

        JESUS E NICODEMOS     
JOÃO 3:1-15

V. 1 – Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos
           principais dos judeus.
V. 2 – Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és
           mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais
           que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
V. 3 – A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se                    
            alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
V. 4 – Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho?
            Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?
V. 5 – Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da
            água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
V. 6 – O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é
            espírito.
V. 7 – Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
V. 8 – O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem,
            nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.
V. 9 – Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu  Jesus:
V.10 – Tu és mestre em Israel e não compreendes essas cousas?
V.11 – Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e
             testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso
             testemunho.
V.12 – Se, tratando de cousas terrenas não me credes, como crereis, se vos
            falar das celestiais?
V.13 – Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o
           Filho do homem [ que está no céu ].
V.14 – E do modo por quê Moisés levantou a serpente no deserto, assim                   
            importa que o Filho do homem seja levantado,
V.15 – para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.

A visita de Nicodemos a Jesus é descrita com muito destaque no Evangelho de João. Numa descrição prolongada, ele é apontado como figura proeminente da nação de Israel. Por ser um dos principais dos judeus, ele fazia parte da suprema corte judicial do país, o Sinédrio, que corresponde aos atuais Senados. Ele também tinha autoridade para dar orientação moral e espiritual ao povo. Além disso, ele pertencia ao grupo político-religioso mais tradicional, mais influente e mais irraigado na sociedade judaica daquele tempo, os fariseus. Diante destas circunstâncias surge a seguinte pergunta: A sua visita a Jesus teria sido de caráter pessoal, ou seria ele um representante do sistema religioso judeu, que estaria preocupado com a pessoa do Mestre por causa do sucesso que Ele alcançou com seus milagres operados na festa da Páscoa, além dos acontecimentos na purificação do Templo?
Seja qual for o motivo daquela visita, o importante nesta história é a lição de Jesus a respeito do Novo Nascimento. Quando Nicodemos observa que ninguém pode fazer o que Jesus faz se Deus não estiver com ele, Jesus como que contesta, dizendo: “você está vendo só os milagres, mas isto não é o mais importante. O mais importante é nascer de novo para ver o reino de Deus”.
Nos versos 4 e 5 Nicodemos argumenta que é impossível para um homem, já sendo velho, entrar no ventre materno e nascer de novo. Evidentemente ele estava imaginando o poder ou a capacidade humana para fazer isto. Mas o que Jesus estava afirmando é que o poder de realizar tal operação vem de Deus, pois a expressão “nascer de novo” significa também “nascer do alto”, isto é, um nascimento que vem de Deus, como podemos conferir em João 1:12-13.
A expressão “nascer da água e do Espírito” representa o “lavar regenerador e renovador do Espírito Santo que Deus derramou sobre nós ricamente por meio de Jesus Cristo nosso Salvador” (Tito 3:5b-6). Esta lavagem é feita pela Palavra, conforme esclarece Efésios 5:27, com respeito à igreja.
Nos versos 6,7 e 8 Jesus explica que Deus realiza o Novo Nascimento por meio do Espírito. É como o vento que sopra. Embora não saibamos como ele se move de um lado para outro, nós podemos perceber os seus efeitos. Assim podemos perceber a transformação ocorrida naqueles que nascem da água e do Espírito. É bom saber que vento e espírito são a mesma palavra no idioma grego, em que João escreveu o seu Evangelho ( pneuma = espírito ou vento ).
No verso 9 Nicodemos pergunta como isto acontece e Jesus responde, no verso 10, que estas cousas são do conhecimento já revelado a Israel. Ele se refere a Ezequiel 36:25-27; 37:1-6 (cf Tito 3:4-6, onde lavar regenerador significa o lavar que produz o Novo Nascimento).
No verso 11 Jesus dá testemunho do que Ele e seus discípulos sabiam por experiência própria, vendo o que acontecia com pessoas que nasceram de novo e replicou que Nicodemos e seus partidários não aceitavam o seu testemunho.
No verso 12 Jesus fala da dificuldade que eles teriam de crer se Ele lhes falasse das cousas celestiais, uma vez que eles não criam nestas cousas ainda que explicadas com linguagem terrena.
O verso 13 atesta que somente Jesus, o Filho do homem tinha autoridade para falar das cousas celestiais, porque Ele desceu de lá e, portanto, sabia o que estava dizendo. Por outro lado, ninguém, dentre os homens, tinha conhecimento das cousas celestiais para falar delas, porque ninguém subiu ao céu.
Os versos 14 e 15 resumem o assunto dizendo que o Novo Nascimento acontece pela fé no Filho do homem crucificado e traz como resultado a vida eterna.
É preciso observar que o Novo Nascimento é uma operação realizada exclusivamente por Deus através do Espírito Santo e pela fé em Jesus Cristo crucificado. Nenhuma igreja pode oferecer vida eterna ao pecador através de qualquer rito ou sacramento que represente a autoridade da igreja independentemente da fé e da submissão do pecador à Palavra de Cristo.

V.16 – Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho
            Unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
            eterna.
V.17 – Porquanto Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o
            mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

Nestes dois versos João esclarece todo o parágrafo anterior explicando que a missão de Jesus foi motivada pelo amor de Deus, visando a salvação do pecador que deve responder a esta oportunidade, pela fé.

V.18 – Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto
             não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
V.19 – O julgamento é este: Que a luz veio ao mundo e os homens amaram                
             mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
V.20 – Pois todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz e não se chega para a luz, afim 
             de não serem argüidas as suas obras.
V.21 – Quem pratica a verdade aproxima-se da luz afim de que as suas obras
             sejam manifestas, porque feitas em Deus.

Diante de Jesus há duas opções: Crer ou não crer. Quem não crê é condenado porque não se aproximou da luz e preferiu continuar praticando as obras das trevas, para não enfrentar a verdade de Cristo. Mas o que crê quer que suas obras sejam manifestas pela verdadeira luz de Deus. Este não é condenado.
Continuando o relato do ministério de Jesus, o apóstolo João escreve no verso 22 do capítulo 3: “Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia; ali permaneceu com eles e batizava”.
 Daqui em diante segue-se o Ministério da Judéia. Este período é também chamado de “Ano da Obscuridade”, por falta de maiores informações a esse respeito.

V.23 – Ora, João estava também batizando em Enom, perto de Salim, porque
             havia ali muitas águas, e para lá concorria o povo e era batizado.
V.24 – Pois João ainda não tinha sido encarcerado.

Estes dois versículos mostram que os dois ministérios, o de João Batista e o de Jesus, estavam em ação ao mesmo tempo, na Judéia.

V.25 – Ora, entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda
             com respeito à purificação.
V.26 – E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo
             além do Jordão, do qual tens dado testemunho está batizando e todos
              lhe saem ao encontro.

Estes versos falam de uma contenda que surgiu entre um discípulo de João e um judeu desconhecido, a respeito do batismo. Como naquela época havia muitas seitas que praticavam o ritual de purificação, é possível que aquele judeu tenha provocado os discípulos de João, insinuando que o batismo de Jesus fosse superior ao de João, porque Ele estava batizando mais do que o Batista ( cf 4:1 )
Os discípulos, preocupados, foram relatar ao seu mestre o ocorrido.

V.27 – Respondeu João: O homem não pode receber cousa alguma se do céu não lhe for 
             dada.
V.28 – Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: Eu não sou o Cristo, mas fui 
             enviado como seu precursor.
V.29 – O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o
            ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu 
            em mim.
 Destes versículos concluímos que a reação do profeta foi a mais nobre possível. Reforçando o testemunho que dera anteriormente a respeito de Cristo e que está registrado nos quatro Evangelhos, ele demonstra a sua humildade dizendo: “O homem não pode receber cousa alguma, se do céu não lhe for dada”. Com isto ele afirma que não tinha nada a opor contra o sucesso de Jesus, reconhecendo que isto era uma dádiva de Deus. Em seguida ele reafirma o que já havia dito aos discípulos que ele não era o Cristo, mas foi enviado como seu precursor. Assim, ele reconhece o seu lugar e demonstra que nunca teve a intenção de tomar o posto do Filho de Deus. Para explicar o seu papel diante do Messias, ele se utiliza de uma parábola a respeito do casamento, descrevendo a sua posição como o amigo do noivo e a posição de Jesus, como o noivo.
O casamento em Israel era uma festa prolongada, marcada por uma grande manifestação de alegria, porque correspondia aos dias mais felizes da vida de um casal. O noivo saía cantando pelas ruas à noite, num percurso, o mais longo possível, para possibilitar a adesão dos convidados ao cortejo nupcial. Todos aguardavam o seu aparecimento e, quando, de repente, ele aparecia, eles ascendiam suas tochas e o acompanhavam até a sua residência, onde acontecia a festa das bodas. Mas havia um personagem muito importante nesse evento. Era o amigo do noivo, especialmente escolhido para preparar toda a festa com todos os detalhes necessários para que tudo corresse bem. Era ele também que cuidava do aposento nupcial e o abria quando ouvia a voz do noivo chegando. O seu último cuidado era entregar a noiva ao esposo e conduzi-los para dentro da câmara. Cumprida sua tarefa, o amigo do noivo se retirava, enquanto a festa continuava.
Com esta parábola, João Batista mostrou que já havia cumprido o seu papel e concluiu dizendo: “Convém que ele cresça e que eu diminua”.
Devemos notar a importância que o apóstolo João dá ao profeta João Batista no seu Evangelho, no capítulo 1, versos 6 a 9, apresentando-o como o precursor do Messias. Mas ele tem também o cuidado de mostrar, já desde o início, a superioridade de Jesus.
O parágrafo do capítulo 3, versos 31 a 36 é um comentário do apóstolo João a respeito da superioridade de Jesus sobre João Batista para pregar o Evangelho. Nós vamos comentar apenas o verso 34 que diz: “Pois o Enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida”.
Enquanto João Batista, tal como os profetas do Velho
Testamento, só tinham a medida do Espírito para falar aquilo que lhes era concedido como revelação naquele momento, com Jesus não era assim porque o Espírito lhe foi dado sem medida, de modo que tudo o que Ele falava era Palavra de Deus. O verso 35 confirma isto dizendo: “O Pai ama o Filho e todas as cousas tem confiado às suas mãos” (cf Mateus 11:27).

O NOVO NASCIMENTO









O ESPÍRITO SANTO E A OBRA DE DEUS