PALAVRAS DE DESPEDIDA
JOÃO 16:25-33
V.25 - Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras; vem a hora em que não vos falarei por meio de comparações, mas vos falarei claramente a respeito do Pai.
V.26 - Naquele dia, pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei ao Pai por vós.
V.27 - Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus.
V.28 - Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai.
As cousas que Jesus afirma ter dito por meio de figuras no V.25 referem-se aos capítulos 13 até 16. A palavra “figura” é tradução da palavra grega “paroimía”, relacionada com as parábolas de Jesus. Em muitas versões, é traduzida por “alegoria” e tem o sentido de cousas custosas ou demoradas para entender, porque não estão ao alcance dos ouvintes não acostumados a ouvir, refletir e meditar sobre o que ouvem (cf. Lucas 8:9-15).
O que Jesus esta explicando é que, até agora, Ele tem falado aos discípulos por meio de figuras não muito claras para eles, mas vem a hora em que Ele lhes falará claramente a respeito do Pai. Então eles terão intimidade suficiente com o Pai, e poderão pedir em nome do Filho, sem necessidade da Sua intermediação. Por quê isso? Porque o próprio Pai os ama, em razão de eles terem amado Jesus e de terem crido que Ele veio da parte de Deus (cf. 14: 23). Então Jesus reafirma clara e explicitamente um ensino que, muitas vezes, deixou implícito em Suas palavras: “Vim do Pai e entrei no mundo; todavia deixo o mundo e volto para o Pai” (cf. 16: 5; cp. 3: 13; 6: 62).
V.29 - Disseram os seus discípulos: Agora é que falas claramente e não empregas nenhuma figura.
V.30 - Agora, vemos que sabes todas as coisas e não precisas de que alguém te pergunte; por isso, cremos que, de fato, vieste de Deus.
V.31 - Respondeu-lhes Jesus: Credes agora?
V.32 - Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo.
V.33 - Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.
De repente, os discípulos confessaram que entendiam claramente o que Jesus falava, sem o uso de linguagem figurada, e concluíram também, que Ele previa aquilo que eles estavam querendo saber, antes que eles Lhe perguntassem. Eles estavam lembrando a questão do “um pouco e não mais me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e vou para o Pai” (Vs. 16-17), quando Jesus percebeu a duvida deles (V.19) e lhes explicou (Vs. 2-22). Jesus sabia tudo o que se passava nas suas mentes. Por isso, eles creram que, de fato, Ele vinha de Deus.
A pergunta de Jesus: “Credes agora?” é mais do que uma interrogação. É uma sugestão para que eles examinassem profundamente seus corações para conhecer os alicerces da sua fé. Embora eles imaginassem que tinham uma fé inabalável, capaz de suportar qualquer provação, eles deverão enfrentar situações que os porão à prova, situações nas quais será necessário colocar toda a confiança em Deus (cf. V.32). Por exemplo, já nas próximas horas (a hora já chegou) eles serão dispersos (cf. Mateus 26: 56; Marcos 14: 50) e irão para suas casas (voltarão às antigas atividades, cf. João 21:2-3) e O deixariam só. Apenas João esteve presente quando Ele foi crucificado (19: 26-27). Ele ficou só e não contou com o apoio dos discípulos na hora mais difícil da Sua vida. Antes, Ele estava rodeado de inimigos que zombavam d’Ele e o insultavam (Mateus 27: 28-31, 39-44; Marcos 15:17-20, 29-32; Lucas 23:25-38). Contudo, Ele não estava só. O Pai estava com Ele, no cumprimento do propósito da salvação.
Qual a razão de tantos ensinos e de tanto estímulo oferecidos por Jesus desde o capitulo 14 até agora? A explicação é que os discípulos irão passar por muitas aflições no mundo, como Ele mesmo passou. Mas, assim como Ele venceu, os discípulos também vencerão. Por isso, Ele lhes dá uma palavra de vitória, dizendo: “Tende bom animo, eu venci o mundo”. Com tudo isso, eles têm a garantia de ter paz na pessoa de Jesus, isto é, na Sua presença constante com eles (Mateus 28: 18-20) e no conforto que vem do Espirito Santo habitando neles.