OS GUARDAS VOLTAM SEM JESUS
JOÃO 7:45-52
V.45 – Voltaram, pois, os guardas à presença dos principais sacerdotes e fariseus,
e estes lhes perguntaram: Por que o não trouxestes?
V.46 – Responderam eles: Jamais alguém falou como este homem.
V.47 – Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Será que também vós fostes enganados?
V.48 – Porventura creu nele alguém dentre as autoridades, ou algum dos fariseus?
V.49 – Quanto a esta plebe que nada sabe da Lei, é maldita.
Os fatos analisados no parágrafo anterior aconteceram no último dia da festa, e os guardas tinham sido enviados para prender Jesus, provavelmente no meio da festa, quando Ele subiu ao Templo e ensinava. Por que os guardas não O prenderam logo que chegaram lá? É possível que as autoridades tenham recomendado cautela, esperando um momento oportuno para prendê-lO, sem provocar motim no meio do povo favorável a Ele. Isto deu tempo para os guardas ouvirem os ensinos de Jesus e concluírem que Ele não era um pregador comum, mas alguém muito especial.
A argumentação de Jesus e a Sua intrepidez ao expor o Seus ensinos causaram tão profunda impressão naqueles servidores do Templo, que eles não puderam esconder seus efeitos daqueles que os enviaram para prender Jesus. A resposta lacônica deles e a replica dos fariseus da a entender que eles estavam bastante seguros do que estavam falando. Mas os fariseus sugeriam que eles foram enganados, porque ninguém dentre as autoridades e dentre os fariseus creu n’Ele. A força do argumento dos fariseus aqui, é que eles eram os líderes espirituais do povo, e que os guardas devim levar isso em consideração. Embora os guardas não tenham comentado o impacto de Jesus sobre o povo, os fariseus referiram-se a ele, com desprezo total, chamando-o de “plebe maldita que nada sabe da Lei”. Na literatura rabínica, encontram-se várias expressões de desprezo referentes àqueles que ignoram a Lei, os chamados “povos da terra”, que não guardavam as tradições dos rabinos. O Rabino Hilel dizia: “Um homem bruto não tem medo do pecado e um homem da terra não pode ser santo” (Aboth 2:6). Assim, esses líderes judeus consideravam o povo simples, como incompetente para julgar quem é Jesus.
V.50 – Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes:
V.51 – Acaso a nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele
fez?
V.52 – Responderam eles: Dar-se-á o caso de que também tu és da Galiléia?
Examina, e verás que da Galiléia não se levanta profeta.
Nicodemos, um membro do Sinédrio, que fora ter com Jesus, e reconhecera que Ele era Mestre vindo da parte de Deus por causa dos sinais que Ele fazia (3:2), tinha influência suficiente para falar entre as autoridades e chamar à atenção quanto a aspectos da Lei, em casos de julgamento. Ele objetou contra a maioria do Sinédrio, que condenava Jesus, sem antes ouvi-lO para saber o que Ele fez. Nicodemos mostrou a contradição em que caíam os fariseus por amaldiçoarem o povo simples, alegando arrogantemente que eles nada sabiam da Lei, mas atribuírem condenação a Jesus, em franca desobediência à Lei, que exigia ouvir o réu, antes que Ele fosse condenado (Êxodo 23:1; Deuteronômio 1:16-17). Nicodemos, porém, não levou em frente a defesa de Jesus, e silenciou diante da acusação de que ele poderia ter alguma ligação com a Galiléia e diante do desafio de verificar que de lá não se levanta profeta. Esta afirmação não confere com a Escritura, porque Jonas era da Galiléia (cf II Reis 14:25). Oséias, provavelmente, também era galileu, embora a Escritura não informe a sua origem. Porém, o seu ministério desenvolveu-se na Galiléia.
Se esta passagem dissesse que dá Galiléia não se levanta “o profeta”, aparentemente eles teriam razão, porque a expressão “o profeta”, como aparece em manuscritos muito antigos e muito confiáveis (Bodmer 2:P66), refere-se ao “grande profeta”, anunciado em Deuteronômio 18:15-18. Mas, assim mesmo, eles estavam errados, porque desconheciam que Jesus era de Belém da Judéia, cidade de Davi.