JESUS, A FONTE DA ÁGUA VIVA
JOÃO 7:37-44
V.37 – No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se
alguém tem sede, venha a mim e beba.
V.38 – Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de
água viva.
V.39 – Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele
cressem; pois o Espírito até esse momento não fora dado, porque Jesus
não havia sido ainda glorificado.
A festa dos Tabernáculos foi instituída por Deus, precipuamente para lembrar o povo de Israel que, após a saída da nação do Egito, eles vagaram pelo deserto, habitando em tendas. Mas o período do ano em que ocorria a festa coincidia com o final da colheita, já no outono, razão por que as duas festas eram celebradas ao mesmo tempo, a partir do dia 15 do sétimo mês e durava uma semana. O povo construía cabanas com ramos de árvores, para nelas habitarem por sete dias consecutivos (Levítico 23:33-43).
Era uma alegria muito grande, porque a colheita já tinha sido recolhida para os celeiros, e o povo rememorava a maneira como os seus antepassados viveram no deserto. E, para enriquecer ainda mais o clima de festividade, comemorava-se também a festa da Dedicação do Templo de Salomão que foi concluído e inaugurado nessa mesma época do ano (II Crônicas 7:8-10; cf 5:3). Assim, a festa dos Tabernáculos tinha como ponto de convergência o Templo, cujos átrios ficavam completamente ocupados por cabanas, bem como toda a cidade de Jerusalém e seus arredores. Segundo o nosso calendário, isto ocorria em fim de setembro e começo de outubro.
Durante todos os dias da festa, tinha lugar uma cerimônia muito solene, chamada “Derramamento da Àgua” que consistia do seguinte: Um sacerdote descia do Templo para o tanque de Siloé com um jarro de ouro, de capacidade cerca de um litro, e o enchia com água do tanque, enquanto o povo cantava as palavras de Isaías 12:3 que diz: “Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação”. Em seguida, o sacerdote subia para o Templo, acompanhado da procissão de fieis que continuavam cantando, carregando na mão direita um feixe de ramos de murta e galhos de salgueiro, atados a uma folha de palmeira, e na mão esquerda, uma sidra ou um limão. Chegando ao altar das ofertas queimadas, os levitas cantavam o Halel (Salmos 113-118) e o povo circundava o altar, recitando o Salmo 118. Quando chegavam ao V.29 os fiéis gritavam de júbilo e sacudiam o feixe de ramos, enquanto o sacerdote derramava a água do jarro em um vaso do altar.
Esta cerimônia representava a gratidão do povo pela dádiva divina da água e também era uma súplica a Deus por chuva, e ainda, um memorial da providência de Deus que fez brotar água das duas rochas do deserto (Êxodo 17:5-6; Números 20:8,11). No último dia da festa, esta cerimônia era repetida por sete vezes.
Mas, o derramamento da água era um símbolo do derramamento do Espírito Santo, e chamava à atenção para a era Messiânica, quando as bênçãos de Deus seriam derramadas sobre toda a Terra. Do mesmo modo que Deus fez brotar água das duas rochas no deserto por meio de Moisés, assim também Ele abriria uma fonte de água viva, por meio do Messias, fonte que sairá da casa do Senhor (Joel 3:18; Zacarias 13:1; 14:8; Ezequiel 47:1).
Foi ante o cenário daquela impressiva solenidade, que Jesus se levantou no meio do povo, e proclamou em alta voz, que Ele é a verdadeira fonte de água da vida, conforme os Vs.37 e 38. Mas, nesses versos, Ele não identificou nenhuma passagem específica da Escritura, correspondente à Sua afirmação. Ele se refere ao ensino geral a respeito do Espírito Santo no Velho Testamento, representado pela figura da água. Um exemplo semelhante a este encontramos em Tiago 4:5. Mas o apóstolo João, escritor deste Evangelho, esclarece que Jesus falava a respeito do Espírito Santo, que haveriam de receber os que n’Ele cressem, após a Sua glorificação, isto é, depois que Ele fosse crucificado, morto, ressuscitado e subisse ao céu, onde está entronizado à direita de Deus (cf Atos 2:32; Hebreus 1:3-4). São várias as profecias do Velho Testamento que falam das providências de Deus de produzir o derramamento do Espírito Santo sobre o Seu povo. Isto foi realizado por meio de Jesus (cf Tito 3:4-7). As principais promessas a esse respeito, noVelho Testamento, encontram-se nas passagens referidas anteriormente.
V.40 – Então os que dentre o povo tinham ouvido estas palavras, diziam: Este é
verdadeiramente o profeta;
V.41 – outros diziam: Ele é o Cristo; outros, porém perguntavam: Porventura o
Cristo virá da Galiléia?
V.42 – Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi e da aldeia
de Belém, donde era Davi?
V.43 – Assim ouve uma dissensão entre o povo por causa dele;
V.44 – Alguns dentre eles queriam prendê-lo mas ninguém lhe pôs as mãos.
Este parágrafo registra a divergência de opiniões do povo sobre Jesus, após o Seu pronunciamento a respeito da água da vida, da qual Ele é a fonte. Um primeiro grupo de pessoas ligou esta afirmação com o fato de Moisés ter tirado água das rochas no deserto para o povo beber, com a promessa de Deus a Moisés do grande profeta de Deuteronômio 18:15-18. Daí, concluíram que Ele seria esse profeta. Outros creram que Ele, realmente, era o Cristo. Mas outros, ainda, começaram a racionalizar ironicamente, a respeito da Sua Origem, supondo que Ele fosse galileu. Isto seria uma surpresa em face das informações que eles tinham a respeito do Messias. Porém, a verdadeira identidade de Jesus era desconhecida deles pois, além de ter nascido em Belém, Ele era descendente de Davi.
A reação contra Jesus chegou a tal ponto que, alguns do povo queriam prendê-lO, mas ninguém lançou mão d’Ele, nem mesmo os guardas que tinham ido lá para isso.