OS FARISEUS PEDEM UM SINAL
MATEUS 16:1-4 (Marcos 8:11-13)
V. 1 - Aproximando-se os fariseus e saduceus, tentando-o, pediram-lhe que lhes
lhes mostrasse um sinal vindo do céu.
V. 2 – Ele, porém, lhes respondeu: Chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo,
porque o céu está avermelhado;
V. 3 – e, pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um
vermelho sombrio. Sabeis na verdade, discernir o aspecto do céu, e não
podeis discernir os sinais dos tempos?
V. 4 – Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal lhe será dado,
se não o de Jonas. E, deixando-os retirou-se.
Havia, nos tempos de Cristo, duas seitas do Judaísmo, que dominavam os cenário político e religioso de Israel. Uma era a dos fariseus, que observavam rigorosamente a lei oral e a interpretação que os escribas davam à Lei do Velho Testamento, o que se chamava a “tradição dos anciãos”. Eles também criam na existência dos anjos, na ressureição do corpo, na existência da alma e do espírito, estando dispostos a viver sob o domínio de qualquer governo que lhes desse liberdade de observar os seus preceitos religiosos.
Diametralmente opostos aos fariseus, eram os saduceus, que tinham forte atuação política em Israel naquele tempo. Anás e Caifás, sogro e genro, respectivamente, mantiveram o sacerdócio durante três décadas (6 a 36 D.C.) e participaram do julgamento de Jesus (João 18:12-14) e também da perseguição dos apóstolos (Atos 4:5-6ss). Os saduceus rejeitavam a tradição dos anciãos e só aceitavam as Escrituras como norma de vida, evidentemente, com suas interpretações (Mateus 22:23-33). Eles não criam na ressurreição, nem em espírito e nem em anjos ou demônios. Ao contrário dos fariseus, eles constituíam um partido político aliado ao governo sacerdotal. Mas, também, eram favoráveis ao domínio romano, para garantir suas riquezas e propriedades, pois eram ricos e representavam a aristocracia sacerdotal. Com estas informações, fica difícil entender como fariseus e saduceus se unissem para opor-se a Jesus. É como no caso dos fariseus e herodianos (Marcos 3:6).
O pedido daqueles adversários de Jesus para lhes mostrar um sinal vindo do céu, que comprovasse ser Ele o Messias, na verdade era uma tentativa de pô-lo à prova, com o fim de denunciá-lo. O sinal que eles imaginavam era algo como fazer descer fogo do céu, tal qual fez Elias em I Reis 18:36-38. Não, que eles quisessem ficar deslumbrados para crer. Eles queriam uma prova típica dos escritos apocalípticos, para concluir os seus raciocínios.
Jesus ficou indignado com a ousadia daquele assédio e arrancou do íntimo do espírito um gemido (Marcos 8:12a), e chamou aqueles seus inimigos contemporâneos de geração má e adúltera. A maldade refere-se ao que eles tinham no coração (Marcos 3:1-6; 7:21-22), e o adultério refere-se ao afastamento da verdade de Deus, para seguirem preceitos humanos e outras deturpações da palavra de Deus.
Aqueles desafiadores de Jesus sabiam interpretar as mudanças dos fenômenos climáticos, pela observação da aparência do céu, mas não tinham o discernimento necessário para distinguir os sinais dos tempos. Falando dos sinais dos tempos, Jesus apela para o discernimento espiritual que eles deviam ter a respeito daquela época tão significativa que eles não reconheciam. Eles deviam interpretá-la com a mesma exatidão que interpretavam os fenômenos climáticos da Terra. Jesus referia-se a mudanças na ordem das cousas, mudanças de origem celestial, já previstas e anunciadas nas Escrituras. Por exemplo a vinda do Messias, o Anjo da Aliança, precedida pelo mensageiro que é João Batista (Malaquias 3:1; Mateus 3:1-4); o cetro (o governo de Israel) seria retirado de Judá, porque agora chegou Siló (o Messias) para governar todos os povos (Gênesis 49:10); a profecia das setenta semanas de Daniel 9:25-26 estava para cumprir-se com a morte do Ungido (o Messias); o final da Velha aliança estava chegando (Jeremias 31:31-32; Hebreus 8:8-9), para dar lugar a uma Nova aliança e novos dias (Mateus 26:26-29; I Coríntios 11:23-26; Isaías 2:2-5). Jesus iniciou a Sua pregação dizendo: “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no Evangelho” (Marcos 1:15). A vinda de Jesus concretiza o cumprimento do tempo, conforme explica o apóstolo Paulo em Gálatas 4:4. São estes, alguns dos sinais dos tempos que os fariseus e os saduceus não conseguiam enxergar por causa da sua hipocrisia e obstinação (Mateus 3:7-10; 23:13, 15; 22:33-45).
Quanto ao “sinal de Jonas”, vejam o comentário de Mateus 12:38-42 sob este mesmo título, em que Jesus se refere a Sua morte e ressurreição, não especificadas nesta passagem. Mas podemos entender que, assim como Jonas pessoalmente com sua pregação foi um sinal para os ninivitas que creram e se arrependeram, Jesus, também, com sua pregação era um sinal para estes inquiridores. A diferença é que eles não creram e não se arrependeram. A conclusão deste episódio é que Jesus os abandonou e foi embora.