O FERMENTO DOS FARISEUS E DE HERODES
MARCOS 8:14-21 (Mateus 16:5-12)
V.14 – Ora, aconteceu que eles se esqueceram de levar pães e, no barco, não
tinham consigo se não um só.
V.15 – preveniu-os Jesus, dizendo: Vede, guardai-vos do fermento dos fariseus
e do fermento de Herodes.
V.16 – E eles discorriam entre si: É que não temos pão.
Um fato importante a observar quando comparamos a passagens de Mateus e de Marcos é que o primeiro fala dos fariseus e saduceus (16:1, 11), enquanto o segundo fala dos fariseus e Herodes, ou seus seguidores, (Marcos 8:15; 3:6). Os fariseus eram infiéis em suas doutrinas e práticas. Os saduceus eram materialistas e negavam algumas doutrinas fundamentais da fé escriturística. Os Herudianos defendiam que o judaísmo não impedia reconhecer um governante estrangeiro no poder, como Herodes, que era apoiado pelos romanos. Estes três grupos de pessoas opunham-se a Jesus e seus ensinos. O que fica claro nestas passagens é a intenção dos dois evangelistas registrarem a advertência de Jesus contra a influencia dessas classes de políticos e religiosos sobre o pensamento dos discípulos. assim, Mateus e Marcos estão falando da mesma questão.
Após este encontro desagradável com os fariseus e os saduceus, os discípulos conduziram Jesus num barco (Marcos 8:13), para o outro lado do Mar da Galiléia. Lembramos que eles se encontravam na região de Magadã ou Dalmanuta, do lado ocidental do lago. Agora passam de novo para o lado oriental, bem ao norte (Marcos 8:22). Jesus continuava procurando um lugar mais reservado, onde pudesse ter privacidade com os discípulos, para poder ensinar-lhes e mostrar-lhes muitas cousas, pois restava pouco tempo até o final do Seu ministério.
A advertência feita pelo Mestre a respeito do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes foi mal entendida pelos discípulos que pensaram estar sendo repreendidos porque não se haviam provido de pães.
V.17 – Jesus, percebendo-o, lhes perguntou: Por que discorreis sobre o não
terdes pão? Ainda não considerastes, nem compreendestes? Tendes o
coração endurecido?
V.18 – tendo olhos, não vedes? e, tendo ouvido, não ouvis? Não vos lembrais
V.19 – de quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios
de pedaços recolhestes? Responderam eles: Doze.
V.20 – E de quando parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios
de pedaços recolhestes? Responderam: Sete.
V.21 – Ao que lhes disse: Não compreendeis ainda?
A repreensão de Jesus não foi por causa da preocupação que os discípulos tiveram por não haver trazido pão para a viagem. Percebendo o que se passava, Jesus perguntou a razão daquele comentário entre eles e já respondeu por meio de dois fatos, lembrando os milagres da multiplicação de pães para cinco mil homens e para quatro mil homens, e quantos cestos cheios sobraram em cada um. Em outras palavras, a preocupação deles provinha da falta de fé, porque Jesus podia providenciar o pão a qualquer momento. Este foi o motivo da repreensão. Em Mateus 16:11-12 Jesus desfez a nebulosa que ofuscava a mente deles, perguntando: “Como não compreendeis que não vos falei a respeito de pães? E sim: Acautelai-vos do fermento dos fariseus e de saduceus” “...Então entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do fermento de pães, mas da doutrina dos fariseus e saduceus”.
A falta de fé era resultado de seus corações endurecidos. Eles haviam presenciado toda aquela maravilha da multiplicação dos pães, mas não a retiveram na memória, como disse Jesus: “Tendo olhos não vedes? E tendo ouvido não ouvis?” A pergunta final de Jesus “Não compreendeis ainda?” é uma exortação para que, dali por diante, eles aplicassem o discernimento espiritual para interpretar corretamente não somente os fatos mas a própria pessoa de Jesus.