O SINÉDRIO CONSPIRA CONTRA JESUS
MATEUS 26:1-5 (Marcos 14:1-2; Lucas 22:1-2)
V.1 - Tendo Jesus acabado todos estes ensinamentos, disse a seus discípulos:
V.2 - Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o Filho do Homem
será entregue para ser crucificado.
V.3 - Então, os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio
do sumo sacerdote, chamado Caifás;
V.4 - e deliberaram prender Jesus, à traição, e matá-lo.
V.5 - Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.
No início deste capítulo aparece a quinta e última frase característica de Mateus, para indicar o fim de um bloco de ensinos que fazem parte do seu Evangelho: “Tendo Jesus acabado todos estes ensinamentos...” (cf 7:28; 11:1; 13:53; 19:1), agora, porém, ele acrescenta a palavra “todos”, para informar que os Seus ensinos foram completados. Também, aqui se encontra a quarta e última predição do Seu sofrimento, neste Evangelho.
Mateus continua este parágrafo, narrando dois fatos que parecem ter acontecido ao mesmo tempo, mas que supõe uma realização cronológica distinta: a predição de Cristo sobre Sua morte e a confabulação do Sinédrio para prendê-lO. Mateus faz uma justaposição de fatos, cousa frequente em seu Evangelho, atendendo ao propósito didático do seu livro.
O anuncio da Sua morte iminente aos discípulos foi feita dois dias antes do fato acontecer, isto é, na quarta-feira da semana da paixão. A deliberação do Sinédrio de O prenderem para matá-lO foi feita algum tempo antes, logo em seguida à ressurreição de Lázaro (João 11:53,57).
O advérbio “então” que, no texto grego é “toti”, não deve ser considerado indicativo temporal de uma cláusula consecutiva, mas de algo que já tinha sido decidido, e agora está sendo relembrado (Analise o advérbio “toti” no Thayer’s Greek-English Lexicon Of the New Testament). Os antigos sentimentos de ódio e inimizade farisaicos contra Cristo, registrados nos Evangelhos, emergem efetivamente fortalecidos nesta Páscoa.
A reunião descrita no V.3 foi oficiosa, porque não contava com todos os representantes do Sinédrio que, naqueles dias, contava com principais sacerdotes, anciãos do povo e, ainda, com representantes fariseus e saduceus. A reunião não foi realizada na sede oficial chamada “Gazith” junto ao “Xistus”, cuja localização é incerta, se dentro ou fora do recinto do Templo, mas foi realizada no pátio da casa do sumo-sacerdote Caifás.
Os adversários de Jesus tinham uma preocupação quanto à prisão e a morte de Jesus durante a festa. Isto, porque poderia haver uma rebelião por parte dos galileus que ali se encontravam, visto ser Jesus conhecido como profeta da Galiléia (21:11). Qualquer motim punha em risco a posição do sumo-sacerdote e de muitos outros saduceus componentes do Sinédrio, que podiam perder seus cargos, ou seu prestígio junto ao governo romano. Para eles, era preferível esperar o fim da festa, quando a cidade ficasse calma, depois de se esvaziar de grande parte dos quase três milhões de pessoas que a visitavam durante a Páscoa.
Mas apareceu uma oportunidade inusitada, que eles não podiam perder, quando Judas, um dos componentes do grupo apostólico de Jesus, propôs-se a entregá-lO, mediante pagamento de propina (26:14-16). Assim, cumpria-se a predição de Jesus, que Ele seria entregue para ser crucificado daí a dois dias e, também, o propósito de Deus, que Ele fosse crucificado na Páscoa.