O PERIGO DAS RIQUEZAS
MARCOS 10:23-31 (Mateus 19:23-30; Lucas 18:24-30)
V.23 - Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão
dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
V.24 - Os discípulos estranharam estas palavras; mas Jesus insistiu em dizer-
lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no
reino de Deus!
V.25 - É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar
um rico no reino de Deus.
Após o encontro daquele jovem rico com Jesus, não é de estranhar a existência deste parágrafo que trata das dificuldades causadas pela riqueza para os ricos que almejam alcançar a verdadeira justiça do reino de Deus. Entretanto o ensino não se aplica a todos os ricos, mas àqueles que são dominados pela riqueza, daqueles que a têm em seus corações como um ídolo, e dela não conseguem apartar-se, porque confiam nela, como se ela fosse o seu Deus, objeto da sua adoração (cf Ezequiel 14:1-5; 33:31).
Jesus começa falando da enorme dificuldade de um rico entrar no reino de Deus, embora isso não seja impossível. Os discípulos ficaram de certo modo impactados com essa franca afirmação do Mestre, provavelmente pela dificuldade de compreendê-la e aceitá-la. Compreendendo esta situação, Jesus repetiu a afirmação dizendo: “... quão difícil... é entrar no reino de Deus”. Para ilustrar essa verdade Ele usou, no V.25, a figura de linguagem chamado hipérbole e disse: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus”. O camelo era o maior animal usualmente mencionado na Palestina naqueles dias. O fundo de uma agulha daquela época poderia ser um pouco maior do que o das agulhas de hoje. Assim, a dificuldade apresentada nesta metáfora exagerada põe em evidencia a dificuldade sentida pelo jovem rico de deixar a riqueza, o que ficou comprovado pela tristeza com que ele se retirou da presença de Jesus.
V.26 - Eles ficaram sobremodo maravilhados, dizendo entre si: Então, quem
pode ser salvo?
V.27 - Jesus, porém, fitando neles o olhar, disse: Para os homens é impossível;
contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível.
Os discípulos ficaram completamente confusos com estas explicações de Jesus. O comentário entre eles reflete o espanto e a conclusão a que chegaram, dizendo: “Então quem pode ser salvo?” A reposta de Jesus (V.27) é que Deus não se atém às limitações humanas. Portanto, o que é impossível aos homens é possível para Deus. A salvação é uma operação possibilitada por Sua graça
V.28 - Então, Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos e te
seguimos.
V.29 - Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado
casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor
de mim e por amor do evangelho,
V.30 - que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs,
mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida
eterna.
V.31 - Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros.
Pedro, contrastando-se com o jovem que se recusou a seguir o Mestre, interrompeu Jesus mostrando sua preocupação quanto ao futuro, dizendo: “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos” (que será de nós? Cf Mateus 19:27). É possível que ele estivesse tão impactado aqui, como esteve no morro da transfiguração (cf 9:6). A sua observação deu oportunidade para Jesus complementar o que eles precisavam saber. O Mestre enfatiza o fato que aqueles que deixaram bens e família por causa do reino de Deus, receberão, no presente, muitas vezes mais, e no mundo porvir, a vida eterna (Lucas 18:29-30). Mas não se trata de vantagens que Deus tenha que oferecer, pois Ele é soberano e não tem que ficar obrigado aos homens. Pensar dessa maneira é próprio de alguém que ainda não entendeu o que é o discipulado de Cristo. O discípulo precisa ter em vista os benefícios que o discipulado acarreta para o mundo, quando ele mesmo renuncia as cousas deste mundo. Tudo isto não significa que Deus tenha relutância em atender os Seus servos. Quando há espírito de sacrifício, Deus está pronto para suprir todas as suas necessidades (Filipenses 4:19).
Mateus 19:23-29 fala das recompensas que virão na regeneração, para aqueles que seguiram a Jesus, deixando bens e família por causa do Seu nome. A regeneração refere-se à nova ordem de cousas que se seguirá ao juízo final. As passagens de Mateus 16:27; 25:31-34 e Lucas 22:28-30 esclarecem isto.
O V.31 é uma advertência de Jesus, visando prevenir os discípulos quanto a surpresas que haverá no juízo final, dependendo de como cada um se dedicou ao discipulado, pois serão julgados a sua intenção, a sua devoção, o seu amor às almas, e tantos outros fatores que só Deus conhece (cf Mateus 7:21-23).
Este verso é um provérbio usado muitas vezes por Jesus no seu ministério e se aplica em várias circunstâncias como mostram as passagens seguintes: Mateus 8:11-12; 19:30; 21:31; Marcos 9:35; 10:44; Lucas 13:29-30.