segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

JESUS CENSURA OS FARISEUS

                                                      JESUS CENSURA OS FARISEUS
                                                          LUCAS 11:37-44

V.37 - Ao falar Jesus estas palavras, um fariseu o convidou para ir comer com
           ele; então, entrando, tomou lugar à mesa.
V.38 - O fariseu, porém, admirou-se ao ver que Jesus não se lavara primeiro,
           antes de comer.
V.39 - O Senhor, porém, lhe disse: Vós, fariseus, limpais o exterior do copo e do
           prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e perversidade.
V.40 - Insensatos! Quem fez o exterior não é o mesmo que fez o interior?
V.41 - Antes, dai esmola do que tiverdes, e tudo vos será limpo.

Reuniões em família e jantares são eventos muitos apreciados por Lucas, para registrar ensinos de Jesus nessas oportunidades (5:29-39; 7:36-50; 10:38-42; 14:1-6; 19:5-10).
Críticas semelhantes a estas, deste e do próximo parágrafo, contra escribas e fariseus encontram-se em Mateus 23:1-36, de maneira mais ampla, embora num contexto diferente. Isto leva a crer que os evangelistas reuniram material para colocar em seus livros, atendendo ao objetivo próprio do plano de cada um.
Apesar do ambiente de um banquete não ser o lugar ideal para críticas tão severas de Jesus a seus adversários, Lucas não podia deixar de relatar a atitude do Senhor usar a oportunidade para pôr às claras a hipocrisia dos fariseus, percebendo a censura interior daquele que o havia convidado, por não ter Ele lavado as mãos antes de comer, como exigia o preceito da tradição dos anciãos. Na realidade o fariseu ficou escandalizado por isso.
A lavagem ritual para este caso era muito complicada, envolvendo água guardada em talhas (cf João 2:6), livre de contaminação, para não contaminar o personagem em questão; envolvia ainda a posição das mãos, a maneira de esfregar os punhos nas palmas das mãos e a quantidade de água usada (meio litro aproximadamente) etc. e era considerado pecado desobedecer qualquer detalhe previsto na lei da tradição dos anciãos para esta cerimônia, que não tinha nada a ver com a Lei de Moisés.
No V.39 Jesus aplica uma metáfora para contrastar a aparência exterior dos fariseus com o verdadeiro estado interior deles. Eles eram muito cuidadosos em obedecer os aspectos rituais e em parecer religiosos (cf Mateus 23:5-7), mas interiormente eram cheios de rapina (cf Mateus 23:14). Jesus condena essa hipocrisia.
No V.40 Jesus chama a atenção para o fato de o Criador ter criado o homem, estabelecendo coerência entre a personalidade e o caráter de modo que o ser humano se apresente sempre como imagem e semelhança de Deus.
O V.41 é a exortação de Jesus para o comportamento correto dos filhos de Deus. As obras que eles fazem devem mostrar o que eles têm dentro de si. Efésios 2:10 fala das boas obras que Deus de antemão preparou para serem praticadas pelas novas criaturas criadas em Cristo Jesus. Tiago 2:21-23 fala da obra da fé praticada por Abraão e da justificação que lhe foi imputada por Deus. Por isso Jesus usa o exemplo da esmola, como figura das boas obras da fé, porque os judeus consideravam-na como a obra mais importante para a salvação do ponto de vista do legalismo.

 V.42 - Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de
            todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis,
            porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas.
V.43 - Ai de vós, fariseus! Porque gostais da primeira cadeira nas sinagogas e das
           saudações nas praças.
V.44 - Ai de vós que sois como as sepulturas invisíveis, sobre as quais os homens
           passam sem o saber!

No V.42 Jesus denuncia a incoerência dos fariseus ao considerarem rigorosamente as cousas mínimas, como o dízimo de hortaliças, e desprezavam os preceitos mais importantes, que são a justiça e o amor. Justiça requer a distinção correta entre o certo e o errado, envolvida no tratamento dos seres humanos, especialmente dos pobres. Amor de Deus e justiça estão bem explicados em Miquéias 6:8 que diz: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pretende de ti, se não que pratiques a justiça e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus?” Jesus não os dispensou de fazerem as cousas mínimas, mas acusou-os de negligenciarem as cousas mais importantes (cf Mateus 23:23).
Um caso flagrante é o sustento dos pais na velhice, que eles recuavam a pagar, criando o substitutivo de fazer uma contribuição irrisória para o Templo, chamada Corbã (Marcos 7:9-13). Eles são ainda censurados porque amavam mais as saudações nas praças e os lugares de destaque nas sinagogas, em lugar de amar a Deus.
O V.44 é uma parábola: Os judeus costumavam pintar com cal branca as sepulturas, para ficarem bem visíveis, de modo que ninguém ficasse contaminado ao tocá-las. Mas as pessoas passavam por cima de sepulturas enterradas sem saber. Assim eram os fariseus que aparentemente eram puros, mas eles contaminavam as pessoas com suas doutrinas, ou seja, com o seu fermento          (cf Mateus 16:5-7, 12; Marcos 8:15).