JESUS CURA UM CEGO EM BETSAIDA
MARCOS 8:22-26
V.22 – Então chegaram a Betsaida; e lhe trouxeram um cego, rogando-lhe que
o tocasse.
V.23 – Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e,
aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos, pergunto-lhe:
vês alguma coisa?
V.24 – Este, recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como
árvores os vejo, andando.
V.25 – Então novamente lhe pôs as mãos nos olhos, e ele, passando a ver
claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito.
V.26 – E mandou-o Jesus embora para casa, recomendando-lhe: Não entres na
aldeia.
Este milagre é estreitamente relacionado com o contexto anterior, em que Jesus interroga os discípulos dizendo: “tendo olhos não vedes? e tendo ouvidos não ouvis?” (V.18). Afinal, eles ainda não tinham o entendimento desenvolvido (V.21). somente Marcos relata este acontecimento, que é reminiscência de Pedro, quando o apóstolo pregava em Roma e Marcos anotava suas pregações, para compor o seu Evangelho. O milagre aconteceu em Betsaida que era a cidade natal de Pedro e André, seu irmão (cf João 1:44). Portanto, Pedro falava de um fato do qual ele fora testemunha ocular.
Jesus curou muitos cegos durante o Seu ministério, cada um, com suas particularidades. Mas, este tem características especiais. É uma parábola encenada, para ensinar como Jesus opera na mente dos discípulos, especialmente destes que eram nascidos numa geração afligida pela cegueira de fariseus desviados da verdade, e de Herodes, um governador de pensamento mundano. Os discípulos necessitavam de ter os olhos espirituais abertos. Este episódio mostra também o conhecimento do Mestre sobre as dificuldades de um deficiente físico e o seu amor para com ele.
O cego foi trazido por outras pessoas que demostravam fé, como em outros casos (cf 2:3; 7:32; Mateus 15:30). Jesus o tomou pessoalmente pela mão, num gesto sensível de solidariedade humana e de compaixão. Levou-o para fora da aldeia, para ter privacidade, evitando o barulho, o assédio de curiosos e, também, que Ele mesmo fosse interpretado como um sensacionalista em busca de aplausos. Jesus aplicou-lhe saliva aos olhos (o texto diz literalmente que Jesus cuspiu nos seus olhos), evidentemente, para chamar-lhe à atenção quanto ao local que ia ser tratado. Então, impondo-lhe as mãos, perguntou se ele via alguma cousa. Tanto o ato de cuspir em seus olhos, como a imposição das mãos, eram o meio de transmitir ao cego a intenção do Senhor, pois para um cego, o toque da saliva ou das mãos fala muito mais alto do que o som da voz. Era importante que ele compreendesse a atuação de Jesus, antes que o Seu propósito se tornasse realidade. Quando acontece um fato extraordinário, não explicado, e que não está relacionado com o propósito de Deus e o Seu amor, o fato tende a ser interpretado como no campo da magia ( cf Êxodo 7:10-13, 20-22; 8:5-7). Porém a Bíblia não trata de magia. As coisas que vêm de Deus são sempre muito bem explicadas.
Na primeira vez que Jesus tocou os olhos do cego, ele começou a ver nebulosamente e percebia vultos humanos, como se fossem árvores. Na segunda vez, ele pode ver tudo, nitidamente. O que significa isto? Significa que o Mestre faz a obra nos discípulos aos poucos, até que eles possam conhecer os seres humanos e reconhecer o valor que eles tem para Deus. Até aqui eles estavam cegos. Em 8:1-4 Jesus mostrou compaixão pelas multidões, mas eles, não! O mesmo aconteceu em Mateus 15:22-23. Em Mateus 16:15-17, 21:-23 notamos que eles já começavam a ver, mas ainda não percebiam tudo de modo perfeito.
Ao despedir o homem que fora cego, Jesus mandou-o para casa, recomendando-lhe que não entrasse na cidade, certamente para que ele levasse alegria e felicidade primeiramente aos seus familiares ao invés de envolver-se no burburinho da população.