JESUS REVELA-SE AO CEGO
JOÃO 9:35-41
V.35 – Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontrando-o lhe perguntou:
Crês tu no Filho do homem?
V.36 – Ele respondeu e disse: Quem é, Senhor, para que eu nele creia?
V.37 – E Jesus lhe disse: Já o tens visto e é o que fala contigo.
V.38 – Então afirmou ele: Creio, Senhor; e o adorou.
Mateus registra em seu Evangelho a cura de quatro cegos que pediram a Jesus que se compadecesse deles, e Ele os curou. No caso deste cego de Jerusalém, foi Jesus quem tomou a iniciativa de curá-lo, sem que ele soubesse o que Jesus estava para fazer. Agora, com o dom da visão física que recebera, ele estava sozinho, embora, no meio do povo, vendo gente que ele não conhecia, andando por lugares nunca vistos anteriormente, contando com pais amedrontados por causa dos líderes religiosos que também o injuriavam, cercado de vizinhos e de outros que o conheciam de vista, mas não o reconheciam perfeitamente. Provavelmente ele sofria preconceito de pessoas incrédulas e dos próprios líderes judeus que o injuriavam (V.28; cf 12:9-11).
Foi nesse clima que Jesus, tendo ouvido que ele tinha sido expulso da sinagoga, tomou a iniciativa de procurá-lo e o encontrou. Apesar de ter recebido a visão física, ele não tinha visão espiritual, porque não conhecia “a verdadeira luz que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” (1:9). Por isso Jesus se manifestou a ele e lhe perguntou: “Crês tu no Filho do homem?” Ele não o conhecia, mas expressou o desejo de conhecê-lO coma pergunta: “Quem é, Senhor, para que eu nele creia?” Então Jesus se identificou dizendo, em paráfrase: “É o que você acabou de ver, e que está falando com você”. A reação daquele homem foi de confessar a sua fé, ao mesmo tempo que se prostrou diante d’Ele, em atitude de adoração.
V.39 – Prosseguiu Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que
não veem vejam, e os que veem se tornem cegos.
V.40 – Alguns dentro os fariseus que estavam perto dele, perguntaram-lhe:
Acaso também nós somos cegos?
V.41 – Respondeu-lhes Jesus: Se fosseis cegos, não teríeis pecado algum; mas,
porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado.
O V.39 deve ser entendido do seguinte modo: Jesus não veio a este mundo com o propósito de condenar os homens (cf I Timóteo 1:15). Mas as Suas palavras são verdadeiras e mostram o erro, como a luz que, quando se manifesta, permite estabelecer diferenças entre cousas que não podem ser diferenciadas no escuro. Assim, a presença de Cristo no mundo representa julgamento (juízo), não porque Ele queira, mas porque Ele prega a verdade de Deus. Diante d’Ele, então, o mundo fica dividido entre duas facções: Uma é daqueles que dizem ter visão espiritual, mas que, na realidade, são espiritualmente cegos; a outra é daqueles que estão conscientes da cegueira causada pelo pecado, mas querem receber a visão espiritual que só é possível pela fé em Jesus. A Sua presença no mundo, nesse sentido, representa juízo (Malaquias 3:1b-2; 4:1-2). A Sua missão na Terra é dar visão espiritual ao mundo (8:12).
Este é o significado do milagre do capítulo 9. A resposta que Jesus dá no V.41 à pergunta feita pelos fariseus no V.40 pode ser explicada do seguinte modo: Paráfrase – “Vocês têm conhecimento espiritual suficiente e têm tido evidência suficiente através do que eu ensino e do que eu faço, para terem mais conhecimento e para fazer melhor do que aquilo que vocês fazem, mas vocês se desviaram da fonte do arrependimento e do perdão”.
Em resumo, porque eles se orgulhavam de ter visão espiritual, mas era uma visão falsa, e porque recusavam obter a visão verdadeira, o pecado deles continuava.