sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

JESUS REVELA QUEM O TRAIRÁ

                                                   JESUS REVELA QUEM O TRAIRÁ
                JOÃO 13:21-30     (Mateus 26:20-25, Marcos 14:17-21; Lucas22:21-23)

V.21 - Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade,
          em verdade vos digo que um dentre vós me trairá.
V.22 - Então, os discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se
          referia.
V.23 - Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos seus discípulos, aquele a quem
          ele amava;
V.24 - a esse fez Simão Pedro sinal, dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se refere.
V.25 - Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-
          lhe: Senhor, quem é?
V.26 - Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado.
          Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho
           de Simão Iscariotes.

Como João não inclui em seu Evangelho o relato da instituição da ceia, não é possível determinar, por meio dele, com precisão, o momento em que Judas foi denunciado por Jesus, como o traidor. Mateus e Marcos informam que foi enquanto comiam (Mateus 26:21; Marcos 14:18). Lucas fala da denúncia em conexão com o partir do pão e o beber do cálice. Mas nenhum deles deixa claro de quem se tratava e, mesmo quando Judas perguntou a Jesus se era ele, e Jesus o confirmou (Mateus 26:35) eles não perceberam. O que fica claro, pelos Sinóticos é que Jesus ia ser entregue à morte.
Durante aqueles momentos de grande tensão, Jesus angustiou-se em espírito, ao afirmar que um dentre os apóstolos iria traí-lO. Isso significa que Ele experimentou e demonstrou fortes sentimentos emocionais, próprios da alma dos seres humanos, mas que Ele sabia controlar, como aconteceu no Getsêmani (Mateus 26:38-39) e na cruz (Mateus 27:46; Marcos 15:34). Os sentimentos de Cristo, agora, não eram apenas porque a Sua hora se aproximava. Eram também pela sorte daquele que Ele havia chamado em amor e que, agora, se tornava filho da perdição (João 17:12; Mateus 26:24; Marcos 14:21; Lucas 22:22).
O súbito anúncio da traição deixou os apóstolos transtornados, e eles começaram a indagar entre si, quem seria, a entreolhar-se sem saber quem era, e a perguntar: “Porventura sou eu, Senhor?” (Mateus 26:22). João informa que, nessa hora, Pedro fez sinal ao discípulo amado que era ele mesmo, e que estava próximo de Jesus, reclinado a Sua direita, para perguntar quem era o traidor.
A mesa à qual estavam reclinados, conforme o costume da época na Palestina, era um móvel baixo, em forma de U, com a parte do meio vazada, para permitir que um servente entrasse para colocar os pratos de alimento sobre o tampo nas laterais e na cabeceira da mesa. Os comensais reclinavam-se sobre divãs à sua volta, apoiados sobre o cotovelo esquerdo, tendo o braço direito livre para apanhar os alimentos de sobre a mesa. Jesus ocupava a cabeceira da mesa, apoiado sobre o braço esquerdo; João estava na lateral direita da mesa, próximo de Jesus, de modo que a sua cabeça ficava próximo ao peito de Jesus. Judas estava na lateral esquerda, próximo de Jesus, no lugar reservado para o hóspede de honra, escolhido pelo anfitrião que, no caso, era Jesus. Pedro estava na mesma lateral que Judas, em oposição a João. Deste modo, ficou fácil para Pedro dar sinal para João interrogar Jesus, o que o jovem apóstolo fez, tão espontaneamente, reclinando-se sobre o peito do Mestre que, certamente o acolheu com muito carinho, apesar do clima de tristeza e de apreensão reinante no ambiente. Jesus respondeu à pergunta de João, molhando um bocado e dando-o a Judas.

V.27 - E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse
          Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa.
V.28 - Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu a que fim lhe dissera
            isto.
V.29 - Pois, como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe
          dissera: Compra o que precisamos para a festa ou lhe ordenara que desse
          alguma coisa aos pobres.
V.30 - Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite.

O Mestre agiu muito discretamente desde o início do anúncio da traição, até identificar com este gesto o traidor. Assim mesmo, ninguém percebeu o significado daquela operação, a não ser João e, possivelmente Pedro porque, quando Judas saiu, eles pensaram que ele tivesse sido enviado a fazer compra para a festa, ou para dar algum auxílio para a Páscoa aos pobres. Ele tinha que sair livremente para realizar a sua pretensão, e para cumprir o propósito de Deus. Se ele tivesse sido identificado ali como traidor, possivelmente ele não sairia de lá com vida.
Quando analisamos o caso de Judas, desde o início, concluímos que Jesus o chamou para salvação, e não, para perdição. Jesus sabia desde o início que ele iria traí-lO (6:64). O Mestre nunca o censurou, nem procurou afastá-lo do grupo dos apóstolos, antes ele o conservou ao Seu lado, até o fim, numa demonstração de muito amor (cf Oséias 11:1-4). Durante todo o tempo do Seu ministério, Jesus empenhou-se na sua salvação, comprovando que Deus está disposto a salvar o mais vil pecador (I Timóteo 1:15). Jesus lamentou muito a rejeição que Judas lhe demonstrou, até que ele resolveu abrir o coração e entregar-se a Satanás. Foi no momento em que o Anfitrião lhe ofereceu o bocado molhado, costumeiramente oferecido a um hóspede de honra, ou a um amigo íntimo. A tristeza de Jesus é expressa nas palavras: “Melhor lhe fora não haver nascido” (Mateus 26:24; Marcos 14:21). Mas não faz parte da natureza, nem da justiça de Deus, forçar o pecador. Antes, Ele tenta convencê-lo pelo Espírito Santo (16:8-11). Assim, diante da decisão de Judas entregar-se a Satanás, Jesus lhe disse: “O que pretendes fazer, faze-o depressa”. Então ele saiu para a negridão das trevas. Era noite (cf Judas 13).