segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

JESUS REJEITADO EM SAMARIA, A CAMINHO DE JERUSALÉM

                   JESUS REJEITADO EM SAMARIA, A CAMINHO DE JERUSALÉM
                                                           LUCAS 9:51-56

A extensa seção do Evangelho de Lucas que compreende o trecho desde 9:51 até 19:27 surge em primeiro plano, para documentar a última grande jornada de Jesus, depois do último estágio do ministério da Galiléia, quando Ele se dirigia para a Sua paixão em Jerusalém.
Vários nomes têm sido propostos para esta fase do Seu ministério. É difícil caracterizá-la como ministério da Peréia, porque parte das Suas viagens nesta época ocorreu no lado ocidental do Jordão, e não, no lado oriental, onde fica aquele território. Alguns consideram esta seção, como uma contribuição de Lucas à estrutura da narrativa de Marcos. Devido à variedade de opiniões a este respeito, Reicke expressou-se dizendo que este trecho é “o enigma central deste Evangelho”. Mas ele sugere que Lucas preenche o que ele considerava necessário nas suas informações com respeito a instruções indispensáveis aos apóstolos, que são os guias e mestres dos cristãos, isto é, ministros e missionários. Ele considera ainda importantes, para a instrução dos apóstolos, as discussões com os adversários e opositores de Jesus.

V.51 – E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser
            Assunto ao céu, manifestou no semblante a intrépida resolução de ir
            Para Jerusalém,
V.52 – e enviou mensageiros que o antecedessem. Indo eles, entraram numa
            Aldeia de samaritanos para lhe preparar pousada.
V.53 – Mas não o receberam porque o aspecto dele era de quem decisivamente
            Ia para Jerusalém.

Esta marcha de Jesus para Jerusalém aconteceu nos últimos seis meses da Sua vida na Terra.
Desde o dia em que Pedro o confessou como o Messias, Ele passou a revelar-lhes os sofrimentos que implicam na Sua missão como tal. Há nove passagens nos Evangelhos Sinóticos que falam a esse respeito, para prevenir os discípulos. Agora, Ele via aproximar-se o dia da Sua ascensão ao céu. Mas isto não ocorreria sem que, antes, Ele passasse por aqueles sofrimentos, que morresse e ressuscitasse. Movido por essa visão dos acontecimentos que poriam fim à Sua vida aqui e o levariam de volta ao lugar do qual Ele havia descido (João 3:13), Ele tomou a intrépida resolução de ir para Jerusalém, onde tudo isso havia de acontecer.
Algo de impressionante aconteceu na Sua aparência porque, de passagem por uma aldeia de samaritanos, estes Lhe negaram hospedagem, devido ao Seu semblante, que denunciava a decisiva intenção de ir para Jerusalém. Embora a maioria dos judeus evitasse passar pelo território dos samaritanos, porque eles não se davam, Jesus estava lhes oferecendo uma oportunidade de salvação, mas eles a recusaram (cf João 4:4,42). Então eles foram para outra aldeia, provavelmente de judeus.

V.54 – Vendo isto, os discípulos Tiago e João perguntaram: Senhor, queres que
            Mandemos descer fogo do céu para os consumir?
V.55 – Jesus, porém, voltando-se os repreendeu [e disse: Vós não sabeis de que
            Espírito sois].
V.56 - [Pois o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas
            Para salvá-las.] E seguiram para outra aldeia.

Esta história mostra a visão distorcida que os discípulos tinham de Jesus e do Seu ministério. Não são identificados os discípulos que o Mestre destacou para O antecederem, à procura de alojamento. Mas os irmãos Tiago e João, cujo temperamento sugeriu-lhes o apelido de “filhos do trovão” (cf Marcos 13:17), pensavam em defender a honra do Mestre, como no caso do exorcista desconhecido (9:48-50). A proposta deles, agora, provavelmente estava inspirada no caso de Elias narrado em II Reis 1:9-16. Eles criam no poder de Jesus, mas pensavam usá-lo de modo errado. Jesus os repreendeu e lhes deu mais uma lição de tolerância, partindo para outra aldeia.
Quanto às partes dos V.55 e 56 que estão entre colchetes, são consideradas uma interpolação ao texto original, e não comparecem nos papiros, nem nos grandes manuscritos unciais. Todavia elas constituem uma interpretação muito coerente com o modo de proceder de Jesus.