sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

JESUS NO GETSÊMANI

                                                    JESUS NO GETSÊMANI
                    MARCOS 14:32-42     (Mateus 26:36-46; Lucas 22:39-46)

V.32 - E foram a um lugar chamado Getsêmani; Ali chegados, disse Jesus
          a seus discípulos: Assentai-vos aqui enquanto eu vou orar.
V.33 - E, levando consigo a Pedro, Tiago e João,
          começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia.
V.34 - E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte;
          ficai aqui e vigiai.
V.35 - E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra;
          e orava para que, se possível fosse, lhe fosse poupada aquela hora.
V.36 - E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice;
          contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres.
V.37 - Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro:
          Simão, tu dormes? não pudeste vigiar nem uma hora?
V.38 - Vigiai e orai, para que não entreis em tentação;
          o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
V.39 - Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras.
V.40 - Voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos
          estavam pesados; e não sabiam o que responder.
V.41 - E veio pela terceira vez e disse-lhes: Ainda dormis e repousais! Basta!
          chegou a hora; o Filho do homem está sendo entregue  nas mãos dos    
          pecadores.
V.42 - Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima.

Jesus chegou ao Getsêmani para uma batalha de oração. Deixando oito dos discípulos na entrada do jardim, foi com os outros três, Pedro, Tiago e João, mais além e destes também se distanciou mais um pouco, para orar particularmente. Aos mais íntimos ele não escondeu o seu estado de alma caracterizado por tristeza, pavor e angústia, e nem a imperiosa necessidade de orar. Enquanto ele se encontrava sob forte tensão por causa do seu destino iminente, os discípulos, inconscientes do que se passava ao seu redor, sentiam-se à vontade, em grande medida, por estarem ao lado do Mestre. Nesta passagem pode-se notar de maneira muito impressiva o caráter humano da situação em que transcorreram os fatos, como Jesus a reconheceu assim, e como ele mesmo se viu envolvido nela. Nada era mais correto do que buscar as forças do Pai para vencer a batalha que se iniciava nesta hora. Os três discípulos que representavam todos os outros especialmente Pedro, tão considerado, não podiam vigiar enquanto o inimigo rondava e operava, porque estavam vencidos pela carne e dormiam!
A intensidade da agonia de Jesus é mais visível aqui do que a intensidade de qualquer outro sentimento seu em qualquer outra parte dos Evangelhos, como se pode avaliar pelas expressões: “começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia” e “A minha alma está profundamente triste até à morte”, informações que nos induzem a pensar nos fatos, mais por via emocional do que por via intelectual. O pedido de Jesus ao Pai para que lhe poupasse àquela hora, ou que passasse dele aquele cálice deve levar-nos à meditação sobre o tipo de sofrimento que ele enfrentava, antes de pensar numa possível fraqueza sua. A morte ou os sofrimentos físicos não o assustavam, mas ao lado destes estava, acima de tudo, o sofrimento moral e espiritual. Ele estava ciente da sua vergonhosa condenação por causa dos nossos pecados.
A conseqüência imediata disto foi a separação necessária que sentiu de Deus, quando os assumiu na cruz da maldição. Se estes sofrimentos não foram reais na obra de Jesus, como qualificar a redenção? Como teria sido aperfeiçoado o Autor da nossa salvação?  É certo que ele passou por tais sofrimentos, como testemunham as Escrituras: “Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as cousas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse por meio de sofrimentos o Autor da salvação deles” (Hebreus 2:10). Mas o pavor, a angústia e a tristeza não podiam prevalecer, perturbando a sua mente. Então ele se dirige ao Pai com forte clamor, submetendo-se à sua vontade, e foi ouvido. Assim Deus pode cumprir em Jesus todo o seu propósito, como está escrito: “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem,...” (Hebreus 5:7-9).
É com ousadia e serenidade que ele enfrenta os próximos sofrimentos até à cruz. A disposição com que ele chega pela terceira vez aos discípulos que dormem é também impressionante, pois ele diz: “Basta!  Chegou a hora; o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima”.