JESUS DEFENDE A SUA MISSÃO E AUTORIDADE
JOÃO 8:21-30
V.21 – De outra feita lhes falou, dizendo: Vou retirar-me, e vós me procurareis,
mas perecereis no vosso pecado; para onde eu vou vós não podeis ir.
V.22 – Então diziam os judeus: Terá ele acaso a intenção de suicidar-se? Porque
diz: Para onde eu vou vós não podeis ir.
V.23 – E prosseguiu: Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste
mundo,eu deste mundo não sou.
V.24 – Por isso eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque se não
credes que eu sou morrereis nos vossos pecados.
Em outra oportunidade, Jesus continuou a falar aos judeus a Seu respeito, como o tinha feito, havia pouco tempo (V.12). Eles ignoravam tanto o Seu destino, quanto a Sua origem, e tinham a intenção de assasiná-lO, para ficarem livres d’Ele definitivamente (7:25). Quando Ele se refere à Sua retirada e ao fato deles morrerem em seus pecados, isto significa que, em breve Ele iria morrer, ressuscitar e voltar para Deus, depois de ter feito a expiação dos pecados. Então eles não poderiam mais encontrá-lO, e morreriam em seus pecados, se não cressem quem Ele é (“Se não crerdes quem eu sou” – V.24). Por isso, nas condições de pecado em que eles se encontravam, não havia possibilidade deles alcançarem a posição de Jesus, isto é, de estarem com Deus, como Ele estava.
Os judeus do V.22 são os mesmos fariseus do V.13. apesar de se julgarem perfeitos religiosos, eles não tinham capacidade de entender as elevadas realidades do reino espiritual, porque estavam presos a este mundo cá de baixo, ao contrário de Jesus que era lá de cima, fora deste mundo (cf I Coríntios 15:48-49). Foi esta incapacidade de penetrar na mente de Cristo que os colocou em confusão mental, e eles imaginaram que Jesus pretendesse suicidar-se e que eles não poderiam seguí-lO. E, nisto, até parece que há um tom de ironia, pois os judeus entendiam que o suicídio era um pecado que conduzia o suicida imediatamente para as profundezas do inferno, e, para lá, eles não iriam acompanhá-lO.
Esta questão resume-se em duas premissas: Crer ou não crer quem é Jesus. Quem não crer morrerá nos seus pecados pois, não crer em Jesus é o pecado por excelência (João 16:9). Já, quem crer recebe a maior de todas as bênçãos, a vida eterna (João 3:16). Quando João usa a expressão “Eu Sou” no seu Evangelho, referindo-se a Jesus, ele está sempre enfatizando a Sua origem divina (cf Êxodo 3:4).
V.25 – Então lhe perguntaram: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Que é que
desde o princípio vos tenho dito?
V.26 – Muitas cousas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar; porém
aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as cousas que dele
tenho ouvido, essas digo ao mundo.
V.27 – Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai.
A resposta de Jesus à pregunta dos judeus no V.25: “Quem és tu?” tem dado oportunidade a diferentes interpretações entre os estudiosos. O que é que Jesus quis dizer com a pergunta: “Que é que desde o princípio vos tenho dito?” Alguns comentaristas entendem que Ele se refere aos ensinos que está dando agora e desde o início do Seu ministério, que revelam total e definitivamente a natureza de Deus, como Ele tem sido desde a eternidade, e como Ele tem mostrado ser, pela palavra inspirada dos Seus profetas. Em resumo, isto é o que Jesus confirma desde o início do Seu ministério (Marcos 2:9-11; Lucas 4:18-19, 21; João 5:19-20).
Jesus informa que tinha muitas cousas para dizer em Seus ensinos, a respeito daqueles judeus, e para julgá-los. Aqui não se trata de juízo condenatório, mas de uma avaliação do estado deles, porque o Filho não veio para condenar o mundo, mas para salvá-lo (João 3:17). Esta avaliação é um julgamento feito pela Palavra que Ele ouve d’Aquele que O enviou e que é verdadeiro. É esta Palavra que Ele fala para o mundo (João 12:47-49).
O evangelista informa, no V.27, que aqueles judeus não percebiam que Ele falava do Pai.
V.28 – Disse-lhes pois Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então
sabereis que eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o
Pai me ensinou.
V.29 – E aquele me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço
sempre o que lhe agrada.
V.30 – Ditas estas cousas, muitos creram nele.
Para confirmar os Seus ensinos, Jesus profetizou que essas verdades virão à tona, com toda clareza, quando eles O levantarem numa cruz, e descobrirem que este fato não porá fim à Sua autoridade. Então saberão quem Ele é, que não age por conta própria, mas fala conforme foi ensinado pelo Pai que o enviou e não O deixa só. O Pai sempre está com Ele, porque Ele faz o que Lhe agrada.
Diante de uma declaração como esta, que Ele não é um homem comum, mas o providencial Filho do homem cujo conhecimento não é produto de sabedoria humana, mas da verdade divina, muitos vieram a crer n’Ele.