JESUS CURA UM SURDO E GAGO
MARCOS 7:31-37
V.31 – De novo se retirou das terras de Tiro, e foi por Sidom até ao mar da
Galileia, através do território de Decápolis.
Um primeiro ponto a observar neste verso é o trajeto que Jesus escolheu para ir de Tiro até o Mar da Galiléia. Ele não foi diretamente para esta última região que ficava a sudeste de Tiro, mas tomou o rumo do norte, em direção a Sidom e, somente depois, voltou-se para o sul, em direção ao Mar da Galiléia, através do território de Decápolis. Esta grande região fica a leste do rio Jordão e do Mar da Galiléia. Foi um percurso bastante longo, e um estudioso do Novo Testamento sugere que pode ter demorado até oito meses percorrê-lo. Isto justifica o fato d’Ele manter-se afastado das multidões, para ter tranquilidade e maior comunhão com os discípulos. era necessário prepará-los para os acontecimentos finais do seu ministério que já estava para encerrar-se (8:31). Tudo isto era importante para que os discípulos chegassem à convicção de que Ele é o Messias (8:29).
Decápolis era aquela região em que Jesus curou o endemoninhado geraseno. Era um território habitado por um povo esquisito pelos seus costumes e superstições. Era, mesmo, um território gentio, embora houvesse muitas colônias de judeus radicados lá. Desde o inicio do Seu ministério Jesus era acompanhado por numerosas multidões vindas de várias partes da Palestina, inclusive de Decápolis (Mateus 4:25).
V.32 – Então lhe trouxeram um surdo e gago, e lhe suplicaram que impusesse a
mão sobre ele.
V.33 – Jesus, tirando-o da multidão, à parte, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe
tocou a língua com saliva;
V.34 – depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá, que quer
dizer: Abre-te.
V.35 – Abriram-se lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou o empecilho da língua e
falava desembaraçadamente.
O surdo e gago que trouxeram para ser curado quando Jesus chegou em Decápolis não sabia falar, porque sendo surdo, não conseguia aprender. O que ele podia fazer era emitir alguns sons imprecisos, imitando pessoas que ele via falando.
No caso desta cura deve-se observar a fé das pessoas que trouxeram aquele homem a Jesus (cp 2:3), e também os gestos do Mestre, colocando os dedos em seus ouvidos e tocando-lhe a língua com saliva para indicar os órgãos a serem curados. Depois, elevando os olhos aos céus e suspirando, para demonstrar que Ele estava orando. Tudo isto visava despertar a fé daquele homem. Pelo que parece, Jesus esperava uma resposta dele, juntamente com a fé daqueles que o trouxeram.
Ele deu a ordem “Efatá”, em aramaico, certamente uma palavra que ele poderia compreender. Agora perguntamos: Ele ouviu? Uma de duas cousas pode ter acontecido: ou a ordem de Jesus e a cura ocorreram ao mesmo tempo e ele ouviu, ou ele leu nos lábios de Jesus a primeira consoante fricativa “f” e a segunda, linguodental, “t”, ambas fáceis de ser identificadas. Seja como for, seus ouvidos foram abertos, sua língua foi desimpedida e ele passou a falar fluentemente. O fato de Jesus ter falado em aramaico pode indicar que ele fosse um judeu e não um gentio.
V.36 – Mas lhes ordenou que a ninguém o dissessem; contudo, quanto mais
recomendava, tanto mais eles o divulgavam.
V.37 – Maravilhavam-se sobremaneira, dizendo: Tudo ele tem feito
esplendidamente bem: não somente faz ouvir os surdos, como falar os
mudos.
Muitas vezes Jesus advertiu as pessoas curadas para não divulgarem o milagre. Havia duas razões para isso: Em primeiro lugar, a notícia provocava maior afluxo de gente, o que dificultava o Seu trabalho que consistia, em grande parte, do ensino e da pregação. Em segundo lugar, porque Ele não queria ser conhecido como um milagreiro, mas como o enviado de Deus (cf 1:44-45; 5:43).
A exclamação do povo que ficou maravilhado pela atuação de Jesus naquele milagre faz pensar que Ele foi considerado como Deus que, depois de ter acabado a obra da criação, viu que tudo era muito bom (Gênesis 1:31).