JESUS CURA UM CEGO DE NASCENÇA
JOÃO 9:1-12
O caso da cura deste cego de nascença, em que o Senhor confere o dom da visão àquele homem, é registrado neste Evangelho, para ilustrar a cegueira espiritual dos judeus que os tornava incapazes de reconhecer Jesus como o enviado de Deus e luz do mundo. Este milagre sinaliza o poder de Jesus abrir os olhos dos cegos espirituais, de modo que eles possam receber a visão oriunda de uma fé genuinamente fundamentada n’Ele, e que possam seguí-lO, andando não mais em trevas, mas na posse da luz da vida (8:12).
V. 1 – Caminhando Jesus viu um homem cego de nascença.
V. 2 – E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais,
para que nascesse cego?
V. 3 – Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se
manifestassem nele as obras de Deus.
O caso da cura deste cego de nascença, em que o Senhor confere o dom da visão física àquele homem, é registrado neste Evangelho, para mostrar a cegueira espiritual dos judeus, que os tornava incapazes de reconhecer Jesus como o enviado de Deus e a Luz do mundo. Este milagre sinaliza o poder de Jesus abrir os olhos dos cegos espirituais, de modo que eles possam receber a visão oriunda de uma fé genuinamente fundamentada n’Ele, e que possam seguí-lO, andando, não mais em trevas, mas na posse da luz da vida (8:12).
Jesus estava saindo do Templo, evadindo-se daqueles judeus que queriam apedrejá-lO, após as fortes controvérsias que ocorreram na festa dos Tabernáculos (cf 8:59). No caminho, viu um homem descrito como cego de nascença e os discípulos O interrogaram a respeito do motivo da sua cegueira. Teriam sido os pecados dele próprio, ou de seus pais? Esta pergunta decorria de ideias supersticiosas tradicionais dos judeus, para tentar explicar o sofrimento. Muitos criam na doutrina da transmigração da alma, segundo a qual, a alma de um pecador podia ser pressionada a passar para outro corpo, por causa do excesso de pecado, e assim, ser punida na nova habitação. Outros acreditavam que um a criança podia pecar, mesmo antes de nascer, trazendo o sofrimento como consequência. Mas ainda havia aqueles que imaginavam o pecado solidário, isto é, quando a mãe pecava, o filho pecava solidariamente no ventre materno e, isto, causava os sofrimentos do indivíduo.
Jesus não compartilhava dessas crendices, e afirmou categoricamente que a cegueira daquele homem e, consequentemente, o seu sofrimento não era causado por pecado, nem dele e nem de seus pais (cf Lucas 13:2-5). O que Jesus viu naquele momento foi a manifestação das obras de Deus que Ele operaria naquele homem. Procurar a causa de sofrimento daquele paciente que se encontrava naquele estado, se era pecado ou não, não resolvia o problema. Mas a presença de Jesus ali, era propícia para a realização da obra misericordiosa de Deus. Foi isto que Ele anunciou.
V. 4 – É necessário que façamos as obras daquele me enviou, enquanto é dia; a
noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
V. 5 – Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
V. 6 – Dito isso, cuspiu na terra e, tendo feito lodo com a saliva, aplicou-o aos
olhos do cego,
V. 7 – dizendo-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que quer dizer enviado). Ele
foi, lavou-se e voltou vendo.
Entre os capítulos 5 e 10 do Evangelho de João, que registram as acaloradas e complexas controvérsias de Jesus com os judeus, situa-se o capítulo 9, relatando um incidente singelo, girando em torno de um simples milagre descrito em poucas palavras nos Vs.6 e 7, que é explicado resumidamente pelo seu significado espiritual no V.39.
Referindo-se a este capítulo, certo comentarista escreve: “O nível artístico desta narração inexcedível em todo o Evangelho foi alcançado pela alternação dos temas de luz e trevas, assim como por descrever a discussão de um julgamento já em ação”, como diz a passagem indicada acima.
Os Vs.6 e 7 são uma ilustração do que Jesus disse nos Vs.4 e 5. Cuspindo no chão, Ele ilustra que foi enviado a este mundo. Fazendo lodo e aplicando-o aos olhos do cego, Ele ilustra que está fazendo a obra de Deus. Ordenando ao cego que fosse lavar-se no tanque de Siloé, Ele ilustra que, crendo e obedecendo à Sua Palavra, o resultado esperado é obtido. A observação do evangelista, “Dito isto”, no início do V.6, indica o resultado.
O uso da primeira pessoa do plural nas palavras de Jesus, no V.4, “façamos”, inclui os Seus seguidores, que participam com Ele da obrigação de levar em frente a obra de Deus. A expressão “enquanto é dia” refere-se ao tempo em que Ele estava presente neste mundo, e ao tempo em que seus discípulos vivessem para continuar a obra de Deus. Depois disso, vem a “noite” pondo fim ao dia, quando ninguém mais pode trabalhar. A brevidade da vida é ilustrada em várias passagens da Bíblia (Jó 14:1-2; Salmo 89:47-48; 90:3-6; Provérbios 27:1; Tiago 4:14).
Quando Jesus afirma: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”, Ele estava afirmando que podia abrir tanto os olhos físicos dos cegos, como também os olhos espirituais dos espiritualmente cegos, como aconteceu com esse mendigo que creu na Sua Palavra, obedeceu, indo lavar-se no tanque de Siloé, voltou vendo e depois chegou a perfeita fé em Jesus (9:35-38). Nos Evangelhos Sinóticos, somente Marcos relata que Jesus usou saliva para a cura de cegos (Marcos 7:33; 8:23). No mundo antigo, atribuíam-se propriedades terapêuticas à saliva, para cura de enfermidades dos olhos, mas, nunca para a cegueira.
Ordenando ao cego que fosse lavar-se no tanque de Siloé, Jesus estava-lhe dando a oportunidade de demonstrar a sua fé naquilo que Ele estava fazendo. Compare isto com o caso dos dez leprosos em Lucas 17:12-14.
O tanque de Siloé era famosos em Jerusalém, por ser muito antigo, ligado à história do rei Ezequias, e por ser o tanque de onde se tirava água, durante a comemoração da festa dos Tabernáculos (veja título “JESUS A FONTE DA ÁGUA VIVA” – João 7:37-44). O nome Siloé significa “enviado”, porque a água era enviada para lá, através de um túnel. O evangelista liga este termo ao fato de Jesus ser o enviado de Deus, e ao fato d’Ele ter enviado o cego àquele tanque. A fé daquele homem é demonstrada pela prontidão em atender à ordem de Jesus, e de seguir a Sua orientação. O resultado foi que ele recebeu a visão física que, antes, ele não tinha, e a visão espiritual pela fé no Filho do homem “9:35-38).
V. 8 – Então os vizinhos e os que dantes o conheciam de vista, como mendigo,
perguntavam: Não é este o que estava assentado pedindo esmolas?
V. 9 – Uns diziam: É ele. Outros: Não, mas se parece com ele. Ele mesmo, porém
dizia: Sou eu.
V.10- Perguntaram-lhe, pois: Como te foram abertos os olhos?
V.11- Respondeu ele: O homem chamado Jesus fez lodo, untou-me os olhos e
disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, lavei-me e estou
vendo.
V.12- Disseram-lhe pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei.
A cura daquele cego provocou uma transformação tal no seu aspecto, que deixou perplexos tanto aqueles vizinhos que o conheciam bem, como aqueles que apenas o conheciam de vista, assentado, pedindo esmola, como era seu costume (cf Marcos 10:51-52). Embora a pergunta levantada no V.48 induza a uma resposta positiva, era difícil para eles aceitarem o que havia acontecido. Por isso, alguns diziam que era ele mesmo, e outros diziam que apenas parecia ser ele. Todavia ele dizia taxativamente: “Sou eu”.
Aqui está descrito figuradamente o que acontece com um pecador, quando é tocado por Jesus. A transformação que ele sofre, surpreende aqueles que antes o conheciam. Isto confere com as palavras do Mestre a Nicodemos, a respeito do novo nascimento (João 3:7-8). Mas, o que se deve notar neste caso é a divergência de opinião de dois grupos a respeito do homem curado. Divergências a respeito de Jesus, também são mostradas anteriormente neste evangelho (6:66-68; 7:11-12, 30-31, 40-44, 50-52).
Uma intrigante curiosidade permanecia naqueles que conheciam o cego antes de ser curado. Daí a pergunta: “Como te foram abertos os olhos?” Ele apontou Jesus pelo nome e explicou com poucas palavras, mas com muita clareza, tudo o que aconteceu. Quando insistiram com mais uma pergunta a respeito do paradeiro de Jesus, ele foi lacônico e disse simplesmente: “Não sei”.