segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

JESUS HONRA O PAI E NÃO BUSCA A PRÓPRIA GLÓRIA ELE TEM A PALAVRA DA VIDA ETERNA ELE PROCLAMA A SUA ETERNIDADE

                      JESUS HONRA O PAI E NÃO BUSCA A PRÓPRIA GLÓRIA
                                     ELE TEM A PALAVRA DA VIDA ETERNA
                                       ELE PROCLAMA A SUA ETERNIDADE
                                                        JOÃO 8:48-59

V.48 – Responderam, pois, os judeus e lhe disseram: Porventura não temos razão
           em dizer que és samaritano e tens demônio?
V.49 – Replicou Jesus: Eu não tenho demônio, pelo contrário honro a meu Pai, e
           vós me desonrais.
V.50 – Eu não procuro a minha própria glória; há quem a busque e julgue.

O desafio de Jesus aos judeus, dizendo que eles não poderiam convencê-lO do pecado, e a declaração de que eles não eram de Deus foram recebidos como uma enorme ofensa que os levou a revidar com a afirmação de que Ele era samaritano e tinha demônio. Os judeus odiavam os samaritanos por serem uma raça mística e herética, devido à miseginação dos seus antepassados com povos pagãos. Por ser um povo supersticioso, entre o qual a feitiçaria era prática comum e abundante (Atos 8:9-24), facilmente eles acharam ocasião para acusar Jesus de ser samaritano e de ter demônio. Com isso, eles estavam argumentando que o pai dele é que era o diabo, mas não o deles.
Jesus não quis prolongar a discussão e replicou simplesmente negando aquela acusação, dizendo que Ele não tinha demônio, mas estava honrando o Pai, isto é, falando o que ouvia do Pai (8:26) e fazendo o que Ele lhe ensinava (8:28-29; cf 5:19-20). Mas os judeus não O honravam, porque não lhe davam ouvido e não praticavam o que Ele ensinava.
No V.50 Jesus esclarece tacitamente que o fato d’Ele estar honrando a Deus não significa que Ele estivesse procurando glória para Si, isto é, Ele não buscava aplauso ou elogio pelo que estava fazendo, porque o próprio Pai é quem procurava glorificá-lO e, com isto, passava o julgamento para aqueles que propositadamente O interpretavam mal (cf 17:1, 4-5).

V.51 – Em verdade, em verdade vos digo: Se alguém guardar a minha palavra, não
           verá a morte, eternamente.
V.52 – Disseram-lhe os judeus: Agora estamos certos de que tens demônio.    
           Abraão morreu e também os profetas, e tu dizes: Se alguém guardar a
           minha palavra não provará a morte, eternamente.
V.53 – És maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? Também os profetas
           morreram. Quem, pois, te fazes ser?
 V.54 – Respondeu Jesus: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória nada é;
           quem me glorifica é meu Pai, o qual vós dizeis que é vosso Deus.
V.55 – Entretanto vós não o tendes conhecido; eu, porém, o conheço. Se eu
           disser que não o conheço, serei como vós, mentiroso; mas eu o conheço e
           guardo a sua palavra.
  
O V.51 contém uma solene proclamação de Jesus, precedida da expressão típica de João, “Em verdade, em verdade” (Amém, amém, no Grego) e a expressão “guardar a minha palavra”, que aparece pela primeira vez neste Evangelho, e significa “ouvir e obedecer a minha palavra”. “Ver a morte” é uma expressão hebraica que significa “morrer” (cf Salmo 89:48; Lucas 2:26). Mas esta morte não se refere à morte física, e, sim, a separação final e completa de Deus e da Sua presença, como resultado da incredulidade e da rejeição da pessoa e da mensagem de Cristo. Portanto, quem ouve e guarda a Sua Palavra não sofrerá essa penalidade tão severa (cf II Tessalonicenses 1:7-10).
Os judeus não estavam à altura de compreender o significado espiritual mais profundo das palavras de Jesus. Eles permaneciam na firme obstinação de condená-lO como possesso de demônio (V.48) e acusavam-nO de falar como um insensato, ao dizer que Ele tinha as palavras da vida eterna. Eles argumentavam que Abraão e os profetas morreram, e que Jesus queria mostrar-se maior do que esses grandes vultos da história de Israel. A mulher samaritana usou um argumento semelhante ao deles para discutir com Jesus (4:12).
Quando Jesus afirmou que tinha a palavra da vida eterna, os judeus entenderam que Ele estava se vangloriando. Mas Ele respondeu que se Ele buscasse gloriar-se a Si mesmo, tal atitude não teria nenhum valor. Então Ele testifica que quem o glorifica “é meu Pai, que vós dizeis que é vosso Deus”.
O V.55 pode ser parafraseado do seguinte modo, para melhor compreensão: “Mas vocês não chegaram a conhecê-lO; eu, porém, O conheço e tenho comunicação direta e imediata com Ele. Se Eu disser que não O conheço, serei mentiroso como vocês; mas eu O conheço e guardo a Sua Palavra”. Há uma diferença de significado do verbo “conhecer” (Oida, no Grego) que Jesus usou para referir-se a Si mesmo, e o verbo “conhecer” (Ginöskö, no Grego), que Jesus usou para referir-se a eles. O primeiro é conhecimento experimental, e o segundo é conhecimento informativo.

V.56 – Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se.
V.57 – Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste
           a Abraão?
V.58 – Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Antes que
           Abraão existisse, eu sou.
V.59 – Então pegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e
           saiu do templo.

Para responder à pergunta dos judeus do V.53: “Quem, pois te fazes ser?”, Jesus retoma o assunto de Abraão, para esclarecer mais profundamente a Sua identidade. Ele começa dizendo da intensa alegria, do regozijo de Abraão, por ter visto o Seu dia. Foi ainda, durante a Sua vida na Terra que o patriarca, pai da fé, viu o cumprimento das promessas feitas a ele sobre a vinda do seu descendente, para abençoar todos os povos (Hebreus 11:13; cf Gênesis 12:3; 18:17-18; 22:18). A pergunta dos judeus no V.57 era incoerente, porque Jesus não afirmou que viu Abraão, mas que Abraão viu o Seu dia, isto é, o cumprimento do Seu dia. Foi então que Jesus proclamou sua eternidade, dizendo que Ele era, já antes que Abraão existisse. Usando a expressão “eu sou”, Ele identificou-se com Jeová (Êxodo 3:14). Isto irritou os seus adversários que reagiram, pegando pedras para atirarem n’Ele. Mas Jesus retirou-se do meio deles, sem que eles pudessem vê-lO, e saiu do Templo. O texto não indica que isto aconteceu milagrosamente, se bem que Ele tivesse poder para isso. Todavia a Sua hora ainda não havia chegado(12:36, cf Lucas 4:30).