JESUS CONVERTE ZAQUEU, O PUBLICANO
LUCAS 19:1-10
V.1 - Entrando em Jericó, atravessava Jesus a cidade.
V.2 - Eis que um homem, chamado Zaqueu, maioral dos publicanos e rico,
V.3 - procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por
ser ele de pequena estatura.
V.4 - Então, correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque por
ali havia de passar.
V.5 - Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu,
desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa.
V.6 - Ele desceu a toda a pressa e o recebeu com alegria.
O caso de Zaquel é um flagrante contraste com o caso do jovem rico que Lucas registra no capítulo anterior, em que Jesus exorta quanto ao perigo das riquezas (18:18-30). Este episódio realça enfaticamente a manifestação da graça de Deus para a salvação de um homem rico, de acordo com o que Jesus afirmou em 18:27, dizendo: “Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus”.
Jesus estava na Sua marcha final para Jerusalém, e não constava da Sua agenda uma permanência em Jericó, apesar da grande importância daquela cidade. Por ela, passava uma importante rota comercial de Jerusalém para o Leste, e era centro de venda de produtos locais como bálsamo, cuja árvores cresciam em abundância ali, de modo que perfumavam o ar por vários quilômetros ao redor. Chamada “cidade das palmeiras” era também conhecida por suas rosas. Josefo dizia que era uma “região divina, a mais rica da Palestina”. Era, então, um importante centro de negócios. Num lugar como esse, não causa surpresa que Zaqueu fosse um homem rico, visto que era chefe dos coletores de impostos, conhecidos pela rapacidade, no exercício das suas funções.
Quanto ao homem Zaqueu, cujo nome é abreviatura de “Zacarias” e quer dizer “puro”, nada se sabe, além do que Lucas escreveu a seu respeito nesta passagem. Mas deve ter sido pessoa de pequeno relacionamento social, conhecido e desprezado pelo povo, porque cobrava impostos a favor dos invasores romanos. O seu tipo físico não o favorecia no meio da multidão. Além da sua pequena estatura que não lhe permitia ver Jesus, ninguém parecia disposto a facilitar-lhe a passagem para se aproximar do Mestre.
Então, apesar de ser um homem abastado, ele não se deixou levar por preconceitos, e saiu correndo à frente da multidão, até chegar a um ponto, onde Jesus ia passar. Lá, havia um sicômoro, árvore fácil de escalar. Tão grande era o seu desejo de ver o Mestre, que ele não pensou duas vezes, e subiu na árvore. Certamente ele ouvira dizer que Jesus recebia publicanos e pecadores. Se não era possível ser recebido por Ele, pelo menos Zaqueu O veria passar. Mas, que surpresa, Jesus não passou adiante, antes chamou-o pelo nome e ordenou que ele descesse depressa, porque convinha que Ele ficasse em sua casa.
Por quê Jesus disse: “... desce depressa...?” Certamente Ele sabia o que se passava no coração daquele homem. Ele tinha muitas cousas a falar a Jesus, e gostaria de fazê-lo com urgência. Por quê Jesus disse: “... me convém ficar hoje em tua casa?” A resposta está no que aconteceu depois que ele desceu a toda pressa (Vs.8-10).
V.7 - Todos os que viram isto murmuravam, dizendo que ele se hospedara com
homem pecador.
V.8 - Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar
aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado
alguém, restituo quatro vezes mais.
V.9 - Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também
este é filho de Abraão.
V.10 - Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.
Enquanto Zaqueu recebeu Jesus com alegria, todos os que viram o Mestre ir para a casa daquele cobrador de impostos, afirma o evangelista, murmuravam dizendo que Ele se hospedara com um homem pecador. Foi uma reprovação geral por parte do povo.
A conversa de Jesus com Zaqueu não ficou registrada. Mas pelas Suas atitudes, Ele mostrou o amor de Deus pelo pecador, a Sua graça, bondade e misericórdia, a necessidade de arrependimento e do perdão de Deus. A atitude de Zaqueu levantar-se da mesa de refeições e dizer ao Senhor o que ele resolveu fazer, mostra que houve grande transformação na vida daquele publicano pecador. Depois da visita de Jesus, ele resolveu dar aos pobres metade dos seus bens, e restituir quatro vezes mais, se ele defraudou alguém.
Esta decisão mostra que ele estava pronto para a transformação que se operou na sua vida. E Jesus sabia disso. Por isso Ele falou: “... me convém ficar hoje em tua casa”. A resolução de dar aos pobres metade dos seus bens era generosa. Mas, restituir quatro vezes mais em caso de fraude era mais do que generosa. A Lei exigia quatro vezes mais, em caso de roubo (Êxodo 22:1; II Samuel 12:6), mas em caso de fraude, extorsão ou propósito de enganar, o pagamento seria o valor extorquido, acrescentado de um quinto (Levítico 6:5).
Diante daquela declaração pública de Zaqueu, atestando a transformação que nele se operara, Jesus afirmou: “Hoje houve salvação nesta casa”, e esclareceu que aquele publicano, como filho de Abraão, também faz parte do povo de Deus.
As palavras finais de Jesus confirmam a Sua missão de buscar e salvar o perdido, e explicam por que Ele entrou na casa de Zaquel, contrariando a opinião daqueles que murmuravam por causa disso.