sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

JESUS APARECE A DOIS DE SEUS DISCÍPULOS

                                      JESUS APARECE A DOIS DE SEUS DISCÍPULOS
                                           MARCOS 16:12-13   (Lucas 24:13-35)

V.12 - Depois disto, manifestou-se em outra forma a dois deles
           que estavam de caminho para o campo.
V.13 - E, indo, eles o anunciaram aos demais, mas também a estes dois
           eles não deram crédito.

Mais uma aparição de Jesus é relatada nos versos 12 e 13, e refere-se aos discípulos que iam a caminho de Emaús. Mas a passagem quer enfatizar a incredulidade dos outros que não aceitaram o testemunho deles, assim como não haviam crido nas palavras de Maria Madalena. O escritor informa que Jesus manifestou-se a eles em outra forma. O que isto significa pode ser esclarecido por Lucas que no seu Evangelho dá muitos detalhes de como tudo aconteceu e da maneira como Jesus resolveu as dúvidas dos dois discípulos através de explicações textuais das Escrituras. (Recomenda-se a leitura cuidadosa de Lucas 24:13-35). Eles caminhavam desconsolados e desalentados, preocupados com os últimos acontecimentos em Jerusalém. Sentiam frustrados os seus ideais, porque os fatos ocorridos não condiziam com as suas expectativas. Eles esperavam que a redenção de Israel fosse realizada naquele momento através de Jesus, o Nazareno, mas afinal ele havia morrido crucificado, já fazia três dias. Como se fosse um desconhecido, Jesus aproximou-se e perguntou-lhes sobre o que conversavam no caminho. Eles contaram tudo e acrescentaram, como algo que carecia de comprovação, que as mulheres obtiveram a notícia de que ele vivia, e alguns dos discípulos foram ao sepulcro e verificaram ser verdade o que elas diziam, mas eles mesmos não o tinham visto.
A colocação destes dois discípulos e das mulheres com relação aos fatos ocorridos mostra duas atitudes bem diferentes. A primeira é a das mulheres que foram procurar Jesus na hora do nascer do sol, para cuidar do seu corpo, embora pensassem com simplicidade, que o encontrariam sem vida. A segunda é a dos dois discípulos que, na hora do pôr do sol, distanciavam-se frustrados, sem ver a solução que esperavam do problema que os preocupava. Com suas próprias palavras, eles denunciam incredulidade no testemunho das mulheres. Tudo indica que eles estavam entre os que tendo sido companheiros de Jesus, e que se achavam tristes e choravam, não deram crédito a Maria Madalena. Ao que parece, eles caminhavam mesmo na contramão.
Jesus usou duas maneiras diferentes para manifestar-se nestes dois casos. Das mulheres ele veio ao encontro, satisfazendo o desejo dos seus corações e corrigindo o pensamento delas a seu respeito, porque imaginavam encontrá-lo sem vida no túmulo. Aos dois discípulos ele manifestou-se como que incidentalmente sem causar impacto, para curar-lhes a ferida da alma, corrigindo as suas dúvidas e preparando-os para serem testemunhas da ressurreição. O que ele deseja é fortalecer a fé dos seus discípulos, não importa quais sejam as dificuldades que impeçam os seus olhos de reconhecê-lo. Ele mostra que está sempre presente para corrigir os erros e retificar os caminhos. A Madalena ele se fez reconhecer pela voz, e tudo ficou esclarecido. Aos dois discípulos ele explicou as Escrituras e revelou-se na comunhão de uma refeição íntima, no ato de partir o pão. Então eles perceberam a sua presença, pois no caminho os seus corações ardiam quando ele lhes expunha as Escrituras. Agora, crendo, voltaram para Jerusalém, cerca de onze quilômetros de distância, apesar da hora avançada, a fim de notificar a ocorrência aos onze e aos que com eles estavam. Mas, ironicamente, o seu testemunho também não foi aceito, do mesmo modo que eles não aceitaram o testemunho das mulheres.
Existe algo de impressionante nas manifestações de Jesus após a ressurreição. Nem sempre ele é reconhecido pelos discípulos imediatamente, e às vezes, para eles parece um acontecimento irreal. Certamente isto está relacionado com a realidade espiritual que Jesus representa e o preparo necessário para encará-lo tal como ele é. Isto se assemelha à dificuldade que sentiam os discípulo de compreender as suas palavras nos dias em que andavam com ele. De qualquer maneira ele mesmo toma a iniciativa de manifestar-se no momento certo e de abrir os olhos aos discípulos, para que eles o vejam. A Pedro, que o negara, ele apareceu no mesmo dia da ressurreição, trazendo o conforto de que ele precisava. Por isso ele escreve: “Bendito o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (I Pedro 1:3).
Enfim, quando analisamos as aparições do Cristo ressuscitado, acabamos concluindo que ele as proporcionou em ocasiões muito oportunas para resolver problemas cruciais dos discípulos que ele tanto amou. E quando para alguns falham as esperanças, quando sobem as dúvidas à alma, e o coração se enche de angústia, então ele manifesta a sua presença para dar um voto de crédito, como que dizendo: “Eu te dou valor. Morri por ti, mas eis que estou vivo. Crê somente”. Jesus tem este poder de dar significado à vida, quando a situação é confusa e desalentadora. Ele não se impõe, não obriga, mas se oferece como opção, e espera o convite para entrar na intimidade dos que o recebem. Então ele manifesta a sua identidade, reacende a chama da esperança, devolve a alegria e dá poder para testemunhar. Assim é o Cristo ressuscitado.