CRISTO, FILHO DE DAVI
MARCOS 12:35-37 (Mateus 22:41-46; Lucas 20:41-44)
V.35 - Jesus, ensinando no Templo, perguntou:
Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi?
V.36 - O próprio Davi falou pelo Espírito Santo:
Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
V.37 - O mesmo Davi chama-lhe Senhor; Como, pois, ele é seu filho?
E a grande multidão o ouvia com prazer.
Jesus permanecia na área do Templo e continuava os seus ensinos. Esta é a última de uma série de perguntas levantadas ali naquele local. A primeira, a respeito do batismo de João, foi feita por ele mesmo. Agora também é ele quem encerra os debates, levantando a questão do Messias e sua descendência de Davi. Segundo informação de Mateus a pergunta foi dirigida aos fariseus (Mateus 22:41) e Lucas acrescenta que eram escribas, certamente de fariseus (Lucas 20:39,41). Mas a multidão estava presente e ouvia com prazer (Marcos 12:37).
Para a compreensão desta passagem é necessário esclarecer que os judeus não pronunciam o nome “Jeová”, por preceito tradicional. Toda vez que queriam referir-se a ele, ou quando liam um texto em que constava este nome, substituíam-no por “Senhor”, no Hebraico, “Adonai”. Para argumentar sobre a questão do Messias ser filho de Davi, Jesus começa perguntando: “Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi?”
Tanto para os escribas, como para os fariseus e para qualquer judeu, dizer que o Messias era filho de Davi significava que ele viria como um rei, libertador de Israel e conquistador de todas as nações em sentido terreno, para concretizar os ideais nacionalistas do povo e satisfazer todas as suas ambições políticas e anseios de liberdade.
Jesus não aceitou esta interpretação tradicional a respeito do Messias, porque ela não correspondia à sua pessoa, nem à sua missão. Davi foi um rei com esse perfil que deu a Israel um elevado status na sua época. Mas, apesar de que Cristo é filho de Davi, ele é também, seu Senhor, não tendo que se enquadrar na figura daquele rei. Foi para corrigir aquela interpretação tradicional que Jesus usou um trecho do Salmo 110 considerado messiânico por todos, e atribuído a Davi pela inspiração do Espírito Santo.
Esta passagem, da maneira como está escrita no original hebraico do Velho Testamento, que é a maneira como os judeus entendiam naquela época e entendem até hoje, deve ser compreendida assim: “Disse Jeová ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”.
“Meu Senhor” refere-se ao Messias. Portanto, Davi mesmo reconhecia que o Messias é seu Senhor. E Jeová também não o fez assentar-se no trono à sua direita para reinar num reino deste mundo, mas no Reino do Espírito, onde ele é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (Salmo 110:4; Hebreus 7:11-28).
O Apóstolo Paulo, em 1Coríntios 15: 24-26, confirma que Cristo realmente reina no Reino Espiritual, escrevendo: “E então virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como todo principado e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte” (1Coríntios 15:24-26).
É assim que aqueles religiosos precisavam compreender Jesus como Messias.