segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

COMO TRATAR UM IRMÃO CULPADO

                                                 COMO TRATAR UM IRMÃO CULPADO
                                                         MATEUS 18:15-20

V.15 – Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüí-lo entre ti e ele só. Se ele te
            ouvir, ganhaste teu irmão.
V.16 – Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para
           que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se
            estabeleça.
V.17 – E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a
            igreja, considera-o como gentio e publicano.

Este parágrafo que trata do perdão e da recuperação de um irmão culpado está relacionado com os temas de “ser grande” no reino de Deus tratado anteriormente, e com o tema do perdão, tratado em seguida, incluindo a parábola do credor incompassivo. Assim, o assunto se esgota no V.35, cobrindo todo o capítulo 18. O resumo é este: “para ser grande no reino de Deus é necessário saber perdoar”. Este parágrafo deve ser interpretado em conexão com a passagem anterior, dos Vs.10-14. O cerne da questão diz respeito à parte do amor de Deus que cabe aos discípulos de Cristo, e deve ser demonstrado na comunhão dos santos.
O parágrafo em estudo estipula o modelo de disciplina a ser usado na igreja para com um membro faltoso, considerando o motivo, a atitude espiritual e o padrão de procedimento a ser utilizado. A preocupação é de salvar-guardar aquele que comete um erro, e, não de expor o seu caso publicamente, ou de marginalizar o infrator.
Importante é notar que a responsabilidade da iniciativa da reconciliação recai sobre o irmão ofendido. Isto não significa que o ofensor esteja isento de responsabilidade (cf 5:23-26). O fato é que ele fica muito prejudicado enecessita de apoio para ser restaurado. Assim, o irmão ofendido fica com melhores condições para iniciar a reconciliação (Gálatas 6:1). O caso só deve ser levado ao conhecimento da igreja, melhor dizendo, do ministério, depois de se utilizarem as tentativas privadas de reconciliação.
No caso do infrator não atender a proposta de reconciliação feita pelo irmão que tenta ganhá-lo, aquele irmão deve voltar a falar-lhe na presença de uma ou duas testemunhas (cf Deuteronômio 19:15) que verificam ao mesmo tempo se o acusado está recusando reconciliar-se e se o acusador está acusando com razão. A última instância é de competência da igreja, que deverá decidir o afastamento do infrator, dependendo da sua atitude de arrepender-se ou não.
Alguém que peque contra um irmão, ou contra a igreja e permanece impenitente, embora deva ser excluído do rol de membros, não pode ser proibido de assistir aos cultos, apesar de ser uma pessoa perigosa para a comunidade. Mesmo assim, o seu retorno deve ser esperado. Porém, a sua posição agora é comparável à de um gentio ou publicano, pessoas que Jesus sempre salvar (9:10-13).

V.18 – Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra, terá sido ligado
           no céu, e tudo o que desligardes na terra, terá sido desligado no céu.

Este verso liga a decisão da igreja com o que acontece no plano celestial. É o mesmo que Jesus disse a Pedro em 16:19. Trata-se de uma conjugação perifrástica no Grego, envolvendo o verbo “ser” no futuro do indicativo e os verbos “ligar” ou “desligar”, no particípio perfeito passivo. Isto significa que quando os apóstolos ou a igreja tomam uma decisão baseada nas palavras de Jesus, essa decisão já foi tomada de antemão no céu (cf João 20:23).

V.19 – Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra,
            concordarem a respeito de qualquer cousa que porventura pedirem,
            ser-lhe-á concedida por meu Pai que está nos céus.
V.20 – Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no
            meio deles.

A promessa de Jesus de que será concedido qualquer pedido feito por dois ou três que concordem quanto ao assunto em questão pressupõe que estes dois ou três estejam em Cristo e que as palavras de Cristo estejam neles. Fica claro que Deus atende os pedidos concernentes aos interesses do Seu reino, ficando excluídos pedidos de interesses pessoais ou coletivos, que não condizem com o Seu propósito (João 15:7). A presença de Deus é garantida no meio do Seu povo (Isaías 57:15; Joel 2:27), daqueles que o temem (Malaquias 3:16), e guardam a Sua Palavra (João 14:23). A decisão da igreja, agindo através de seus guias, de acordo com a Palavra de Cristo e, considerando o que é legítimo para a comunidade, deve ser respeitada como definitiva.
OBS.: REmbora não fazendo parte do texto original de Mateus, e de não constar dos manuscritos do Códice Sinaítico, do Códice Vaticano e de outros poucos manuscritos, a expressão “contra ti”, que aparece entre colchetes no V.15 interpreta melhor o contexto que trata das faltas cometidas de um irmão contra outro, e, não, de todo tipo de pecado.