A PORTA ESTREITA
LUCAS 13:22-30
V.22 - Passava Jesus por cidades e aldeias, ensinando e caminhando para
Jerusalém.
V.24 - E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que são salvos?
V.25 - Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos
digo que muitos procurarão entrar e não poderão.
V.26 - Quando o dono da casa se tiver levantado e fechado a porta, e vós, do
lado de fora, começardes a bater, dizendo: Senhor, abre-nos a porta, ele
vos responderá: Não sei donde sois.
Enquanto Jesus caminhava devagar para Jerusalém, já nos últimos meses do Seu ministério, Ele ia por cidades e aldeias, ensinando. A pergunta de alguém durante aquele percurso, se eram poucos os que são salvos, reflete uma questão, objeto de vivo debate entre as seitas do judaísmo naqueles dias, se os salvos seriam todos os judeus, ou poucos entre eles, quando acontecesse a grande crise da chegada do reino de Deus. A pergunta daquele personagem não identificado sugere que muitos pensavam que, ao chegar em Jerusalém, Jesus estabeleceria o reino (19:36-38).
A pergunta do inqueridor não foi respondida diretamente, mas Jesus enfatiza a necessidade de uma decisão pessoal séria e sincera, de entrar pela porta estreita. Isto é o que importa e, não, um cálculo aritmético da quantidade dos salvos. O verbo “esforçar-se” descreve a luta de um atleta para vencer a competição (cf I Coríntios 9:25; Colossenses 1:29). A porta é estreita no sentido de que, para entrar nela é necessário arrependimento, visando a renúncia de qualquer interesse pessoal, da arrogância e da vontade própria. Aqueles que não empregam todo esforço para entrar por essa porta, enquanto é tempo, procurarão entrar quando a oportunidade tiver passado, mas não poderão. Se é difícil entrar enquanto ela está aberta, quando ela estiver fechada será impossível, pois ninguém tem habilidade de abri-la. Quem abre e fecha esta porta é o próprio dono da casa.
Há um contraste evidente entre a situação daqueles que estão empregando todo esforço para entrar agora (no presente) e a situação daqueles que procurarão entrar mais tarde (no futuro). É que, quem aproveita a oportunidade tem entrada garantida (cf Mateus 11:12), os que se esforçam são os que entram nele, enquanto os retardatários não serão admitidos, porque a oportunidade dada para a salvação tem limite (parábola das virgens cf Mateus 24:39-44; 25:11-13). O esforço deles, batendo à porta do lado de fora, para que o dono da casa abra a porta, não terá nenhum resultado. Ao contrário do que eles esperam, ouvirão uma voz dizendo: “Não sei de onde sois”.
V.26 - Então, direis: Comíamos e bebíamos na tua presença, e ensinavas em
nossas ruas.
V.27 - Mas ele vos dirá: Não sei donde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os
que praticais iniquidades.
V.28 - Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes, no reino de Deus,
Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas, mas vós, lançados fora.
V.29 - Muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul e tomarão
lugares à mesa no reino de Deus.
V.30 - Contudo, há últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão
últimos.
É muito real o quadro que Jesus apresenta daqueles que estão batendo à porta do lado de fora. Eles argumentam que tinham intimidade com Jesus, porque comiam e bebiam com Ele e participavam dos momentos em que Ele ensinava em suas cidades. Este é o tipo de relacionamento que muitos querem manter com Jesus, mas sem comprometer-se com Ele. O que o Mestre está dizendo é que isto é um relacionamento superficial e não leva a resultado algum. O discípulo precisa conhecer o Mestre, submeter-se a ele, tomar a decisão definitiva de seguí-lO por ter plena convicção de quem Ele é, para tomar a sua cruz, como Ele tomou, confiando nas Suas promessas. Esta postura é oposta à atitude indiferente daqueles a quem o dono da casa volta a dizer: “Não sei de onde sois” e ainda: “... apartai-vos de mim, vós todos que praticais iniquidades”. A iniquidade é exatamente a causa da indiferença.
Junto à ideia do Messias e Seu reino, os judeus sempre guardaram a imagem do banquete Messiânico que se realizará quando Ele vier para instalar o Seu reino. Eles imaginavam especialmente os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, bem como os profetas no reino Messiânico. Nos Vs. 28 e 29 Jesus fala da decepção e do desespero que sentirão aqueles que não entraram pela porta estreita, quando virem lá todos esses personagens, e muitos outros vindo dos quatro cantos da Terra, tomando lugar à mesa no reino de Deus e eles, lançados fora. O que descreve o desespero daqueles que não aproveitaram a oportunidade de entrar pela porta estreita é a expressão de Jesus: “Ali haverá choro e ranger de dentes”.
Jesus encerra estes ensinos, prevenindo os discípulos de uma surpresa que acontecerá ainda no reino de Deus. É que, muitos que pensam ser primeiros serão últimos, e muitos que pensam ser últimos serão primeiros. Isto é Ele mesmo quem decidirá.