A PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA E DO FERMENTO
MATEUS 13:31-33 (Marcos 4:30-32; Lucas 13:18-21)
V.31 – Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a
um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu campo;
V.32 – o qual é, na verdade, a menor de todas as sementes, e, crescida, é
maior do que as hortaliças, e se faz árvore, de modo que as aves do céu
vêm aninhar-se nos seus ramos.
V.33 – Disse-lhes outra parábola: O reino dos céus é semelhante ao fermento
que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até
ficar tudo levedado.
Segundo a expectativa dos judeus do primeiro século, o reino de Deus surgiria com o poder estremecedor de um terremoto que abateria os ímpios, enquanto que os justos seriam vindicados. Mas nestas duas parábolas Jesus fala de um início de pequenas proporções e de um desenvolvimento progressivo muito grande. Isto se percebe na proporção do pequeno tamanho da semente de mostarda e do tamanho da árvore que cresce a partir dela. O mesmo acontece com a pequena quantidade de fermento que uma mulher colocou em três medidas de farinha e que acaba levedando toda a massa.
Há espécies de mostarda na Palestina que crescem no campo e podem atingir mais de três metros d altura e, como diz o Evangelho de Marcos, deitam “grandes ramos, a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra”. Ao redor destas árvores viam-se muitos pássaros que vinham alimentar-se das suas sementes e repousar à sua sombra. Estas figuras mostram as proporções que o reino de Deus alcançaria no decorrer do tempo, como se vê hoje, e cuja pregação começou modestamente com João Batista, Jesus e Seus apóstolos. Nisto, Jesus contrariou as esperanças dos judeus partidários do Messianismo. Ele não foi nenhum revolucionário e não procurou apoio nem mesmo da milícia celestial para garantir a Sua soberania (Mateus 26:53). Pelo contrário, Ele mesmo se mostrou como o Servo Sofredor (Mateus 26:53; 16:21).
É interessante notar a coerência que Jesus usa ao falar de tamanhas e quantidades em Suas parábolas. Na parábola do credor incompassivo (Mateus 18:23ss) Ele fala de dez mil talentos que um servo devia ao rei, e foi perdoado. Esta quantia equipara-se àquilo que um político corrupto desvia dos cofres públicos (V.24). Este servo tinha como devedor outro conservo que lhe devia cem denários, cem vezes o salário de um dia. Em moeda de hoje isto equivale a cerca de cindo mil reais. Igualmente, a quantidade de farinha da parábola do fermento era a que uma mulher usava normalmente para fazer pão para uma semana, em uma família de seis pessoas.
A literatura rabínica no “Midrash” interpreta os pássaros do Salmo 104:12 como sendo os gentios entrando no reino de Deus. Embora alguns comentaristas do Novo Testamento acompanhem esta interpretação, isto não parece estar incluído no propósito da parábola do grão de mostarda. Mas a este respeito, Jesus fala muito claramente no episódio da cura do servo do centurião (Mateus 8:11).
Há intérpretes que afirmam que a parábola do fermento fala do crescimento da malícia ou da maldade na igreja. Mas este não parece ser o ponto do ensino. Se assim fosse, quando a igreja toda estivesse contaminada com o fermento do mal, não poderíamos afirmar com Jesus que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.