A PARÁBOLA DO AMIGO IMPORTUNO
LUCAS 11:5-8
V. 5 – Disse-lhes ainda Jesus: Qual dentre vós, tendo um amigo e este for
procurá-lo à meia noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,
V. 6 – pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me e eu nada tenho
que lhe oferecer.
V. 7 – E o outro lhe responda lá de dentro, dizendo: Não me importunes; a porta
já está fechado e os meus filhos comigo já estão deitados. Não posso
levantar-me para tos dar;
V. 8 – Digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos, por ser seu amigo, todavia
o fará por causa da importunação, e lhe dará tudo o de que tiver
necessidade.
Para entender esta parábola tão cheia de humor, que rola entre três amigos, criada pelo Mestre das parábolas, é bom conhecer um pouco do ambiente em que ela se desenrola. A cena passa-se numa casa do meio rural, talvez uma alusão à casa de Nazaré, onde Jesus passou a infância.
No Oriente era comum viajar à noite, por causa do intenso calor do dia. Aquele viajante chegou na casa do amigo à meia noite. Por tradição cultural e religiosa, o amigo tinha que hospedá-lo, oferecendo, com abundância, o suficiente para suprir aquilo de que ele precisava. Certamente, os pães que se assavam para as necessidades do dia, haviam-se acabado. Por isso, o hospedeiro recorreu a um vizinho amigo, para pedir-lhe três pães emprestados. Mas, chegando à sua casa, a porta estava fechada. Ele deve tê-lo chamado em voz alta, ou esmurrado a porta para acordá-lo, ao que ele respondeu, de lá de dentro, que não podia levantar-se porque ele com os filhos já estavam deitados, ao que parece, todos embolados nas cobertas, para se protegerem do frio.
Que transtorno seria levantar-se, andar no escuro, tropeçando ou pisando nas crianças deitadas no chão, sobre esteiras e, ainda removendo as cobertas. Além disso, era comum trazer para dentro da casa a ovelha da família, a vaca e as galinhas, que ficavam na parte rebaixada do piso de terra batida, em frente à porta de entrada. A parte mais elevada do piso era reservada para dormitório. Por isso o dono da casa dizia: “Não me amole... não posso me levantar”.
Na conclusão da parábola, Jesus diz que, se o dono da casa não lhe desse os pães, em consideração à amizade entre eles, ele o faria por causa da necessidade urgente do vizinho, que não teve receio de incomodá-lo aquela hora da noite. Mas, de qualquer modo, ele daria ao vizinho tudo o que lhe fosse necessário.
A título de curiosidade, informamos que a palavra grega “anaídeia”, traduzida por “importunação”, significa “descaramento”, ou, literalmente, “falta de vergonha”. E , para acentuar o caráter humorístico da parábola, o V.5 poderia ser parafraseado do seguinte modo: “Que tal, se um amigo de algum de vocês batesse à sua porta, a meia noite, para pedir três pães emprestado?”
Lições da parábola:
1 – Não devemos brincar com a oração. Nossos pedidos têm que ser feitos com
sinceridade e firmeza de propósito, tal como fez aquele amigo, o principal
ator da parábola, sabendo que Deus está disposto a atender-nos.
2 – Não devemos pensar que Deus será vencido pela nossa insistência, mas a
persistência deve mostrar motivo suficiente para sermos atendidos.
3 – Se nós conseguimos obter de um amigo terreno aquilo de que necessitamos,
ainda que ele relute em no-lo conceder, quanto mais receberemos de Deus
tudo o que Ele sabe que nos é necessário? (cf Mateus 6:8b).
OBS.: Esta é uma parábola cujo ensino é dado por meio de contraste. A relutância do vizinho em atender àquele amigo que recebeu um hóspede à meia-noite contrasta com a disposição de Deus em atender aos pedidos de seus filhos.