C O M E N T Á R I O
CAPÍTULO 1
V. 1 - Princípio do evangelho de Jesus Cristo,
Filho de Deus.
V. 2 - Conforme está escrito na profecia de
Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu
caminho;
V. 3 - voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas;
V. 4 - apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento
para. remissão de pecados.
V. 5 - Saíam a ter com ele toda a província da Judéia e todos os
habitantes de Jerusalém; e, confessando os seus pecados, eram batizados por ele
no rio Jordão.
V. 6 - As vestes de João eram feitas de pelos de camelo; ele trazia um
cinto de couro , e se alimentava de mel silvestre.
V. 7 - E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de,
curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias.
V. 8 - Eu vos tenho batizado com água; ele porém vos
batizará com o Espírito Santo.
O primeiro versículo afirma que aqui começa a pregação do evangelho de
Jesus Cristo, Filho de Deus, isto é, a mensagem que ele traz da parte do Pai,
para informar que as promessas de Deus feitas a Israel estão-se cumprindo e a
oportunidade de salvação está aberta para todos. Jesus mesmo é o que vem em
cumprimento dessas promessas, e os versos 14 e 15 deste primeiro capítulo
mostram como ele pregava, dizendo: “O tempo está cumprido e o reino de Deus
está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”.
Ao começar o seu livro, Marcos faz afirmação de um fato bem estabelecido
e conhecido de todos os cristãos, ponto fundamental da fé, escrevendo: “... Jesus
Cristo, Filho de Deus”. Ele não está tentando demonstrar que Jesus Cristo é
o Filho de Deus, como Paulo teve que fazer muitas vezes entre os judeus. Marcos
parte do princípio que Jesus é o Filho de Deus, porque escreve este Evangelho,
em primeira instância, para pessoas que já tinham esta convicção, como nós a temos
hoje. Todavia, a sua arte de retratar leva o leitor a ver em Jesus um
personagem sobrenatural, arrebatador e todo-poderoso, o próprio Filho de Deus.
Uma pergunta surge naturalmente: Qual a razão do nome “Jesus Cristo”?
“Jesus” é o seu nome de
nascimento, dado por instrução do anjo Gabriel a Maria, no dia da visitação: “Eis
que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de
Jesus” (Lucas 1:31). “Jesus” significa: “Jeová é salvação”, e
as raízes da palavra são do Hebraico. Ele recebeu este nome porque veio
com a missão de salvar o seu povo dos pecados deles (Mateus 1:21). “Cristo” é
palavra que procede do grego, a língua internacional mais popular do Império
Romano, que foi usada para a escritura do Novo Testamento. O seu significado é
“Ungido”. Ele já recebera este nome como “Messias” no Hebraico,
nos escritos proféticos do Velho Testamento. Mas somente quando recebeu a unção
do Espírito Santo no batismo, é que ele foi manifestado como tal.
O verso 2 começa dizendo: “Conforme
está escrito na profecia de Isaías”. Esta frase está relacionada com o verso
anterior. Com isto Marcos está querendo dizer que o princípio ou o início do
evangelho de Jesus Cristo está ocorrendo em cumprimento das profecias de Isaías
sobre a vinda do Messias. Assim, devemos entender que o evangelho de Jesus é
continuação de providências que Deus vinha tomando desde tempos passados,
conforme proclamava Isaías. A sua origem não está nas circunstâncias daqueles
dias em que ele apareceu pregando.
Antes, Cristo dá continuidade à linhagem profética do Velho Testamento e cumprimento
às promessas de Deus anunciadas pelos profetas. Portanto ele não tinha nenhuma
ligação com a linhagem rabínica tradicional do judaísmo da sua época.
A profecia contida no verso 2 é de Malaquias e diz: “Eis aí envio
diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho”. E a
do verso 3 é de Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do
Senhor, endireitai as suas veredas”. Ambas referem-se a João Batista e
falam do seu trabalho de preparação do ambiente para a entrada de Jesus em
cena. Marcos reúne as duas em uma só. Isto é compreensível porque elas têm a
mesma mensagem e o mesmo cumpridor que é João Batista, precursor de Jesus na
pregação do Reino de Deus. Elas levam aqui o nome do profeta Isaías, o grande
anunciador da era do evangelho e do Messias. As suas predições sobre a vinda do
Servo do Senhor ocuparam parte considerável do seu ministério e estão
registradas no livro do profeta, especialmente a partir do capítulo 40. As
citações usadas por Marcos encontram-se em Isaías 40:3 e Malaquias 3:1a.
Descrito no verso 6 por suas vestes e seus hábitos como um profeta do
deserto, João Batista é introduzido no verso 4 como o anjo, ou o mensageiro que
veio preparando o caminho para o ministério de Jesus. O seu trabalho consistia
em despertar a atenção do povo para certas questões espirituais, e assim, mais
tarde, a pregação do Cristo pudesse ser ouvida e entendida. Isto ele fez
inicialmente, falando do reino de Deus e da necessidade de arrependimento e
perdão de pecados, como condições indispensáveis para poder entrar nele. Depois
falou da urgência de crer no Messias.
Esta era uma grande surpresa para os judeus que se consideravam donos do
reino por causa do orgulho nacional e da raça descendente de Abraão. Sem uma
mudança de mentalidade, dificilmente eles iriam aceitar a pregação de Jesus que
começa com o mesmo enfoque de João: fé, arrependimento e batismo. Todavia João
Batista foi reconhecido como profeta de Deus e a sua pregação alcançou grandes
resultados desde o início, como afirma o verso 5: “Saíam a ter com ele toda
a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém; e, confessando os
seus pecados, eram por ele batizados no rio Jordão”.
Nos versos 7 e 8, ao expor as qualificações do Messias que vem depois
dele, João está apontando para outra condição, sem a qual as três primeiras não
podiam vigorar. É a fé no Messias, que batiza com o Espírito Santo. Assim,
verificamos que o resumo total da mensagem do precursor do evangelho consiste
em: Fé no Messias, arrependimento e batismo, para perdão
de pecados. Convém observar como esta pregação se identifica com a pregação
do evangelho por Jesus, a ponto de Lucas registrar no seu livro, escrito mais
de trinta anos depois da morte de João Batista, as seguintes palavras a seu
respeito: “Assim, pois, com muitas outras exortações, anunciava o evangelho
ao povo” (Lucas 3:18).
Em Pentecoste, os que creram no Senhor Jesus Cristo através da pregação
de Pedro, preocupados com o fato de terem sido coniventes com a sua
crucificação, perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos o que deviam fazer. E
Pedro respondeu: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de
Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito
Santo” (Atos 2:38). Por causa da sua proximidade com o evangelho de Cristo
e o dos apóstolos, a mensagem de João Batista tem sido chamada de “Proto Evangelho”, isto é, evangelho
primário.
Diante da expectativa do povo que, no seu íntimo, começava a pensar na
possibilidade de João ser o Messias, ele resolve a questão, mostrando a enorme
diferença entre ambos, quando afirma no verso 8: “Eu vos tenho batizado com
água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo” . Este poder de
batizar com o Espírito Santo coloca o Messias numa posição tão elevada que,
falando por meio de figura, João reconhece humildemente que não poderia ser nem
mesmo o escravo que retirasse as sandálias dos seus pés. É uma questão de
qualificações para ser o Messias. João reconhece que não as possuía. De fato,
em Mateus 3:12, ele faz severa declaração a respeito do julgamento que
representava a sua vinda e a sua presença no meio do povo, ao afirmar: “A
sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu
trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível”. No Evangelho
de João 1:29 ele atesta a aptidão de Jesus para fazer o sacrifício expiatório,
quando diz: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. E no
verso 30 ele afirma a eternidade do Messias ao dizer: “Após mim vem um varão
que tem a primazia, porque já existia antes de mim”.
Tudo isto mostra o verdadeiro respeito e admiração que João Batista tinha por Jesus.
Pouco antes de ser elevado ao céu, Jesus ordenou aos discípulos que não
se ausentassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai, que dele tinham
ouvido. E continuou dizendo: “Porque João, na verdade, batizou com água, mas
vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos
1:5). Dez dias depois, quando o Espírito Santo chegou com poder, em Pentecoste,
Pedro teve que explicar à multidão os fenômenos sobrenaturais tão
surpreendentes que estavam acontecendo, e disse: “A este Jesus Deus
ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de
Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que
vedes e ouvis” (Atos 2:32-33).
Isto vem mostrar que Jesus recebeu de Deus o Espírito Santo como prêmio
pela obra redentora que realizou, obra que levou Deus a entronizá-lo no céu, à
sua direita, e a dar-lhe toda autoridade e poder, inclusive de batizar com o
Espírito, como predissera João.
Embora não tenha vivido o suficiente para presenciar estes fatos, João
Batista tinha discernimento e visão espiritual suficientes para entender que
esta obra estava reservada ao Messias, com quem ele não desejava concorrer.
Ao introduzir na humanidade o reino de Deus com o poder do Espírito
Santo, Cristo estabelece uma diferença tão grande entre a realidade presente e
o passado, que ele mesmo explica: “Em verdade vos digo: Entre os nascidos de
mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos
céus é maior do que ele” (Mateus 11:11).
V. 9 -
Naqueles dias veio Jesus de Nazaré da Galiléia e por João foi batizado
no rio . Jordão.
V. 10 - Logo
ao sair da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito descendo como pomba
. sobre ele.
V. 11 -
Então foi ouvida uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me
comprazo.
O verso 9 introduz na narrativa o grande personagem esperado. Ele chegou
para ser batizado por João no rio
Jordão. Seu nome era Jesus de Nazaré e ainda não havia sido manifestado como
Messias. Mas ao sair da água após o batismo recebeu a unção do Espírito Santo
que desceu sobre ele como pomba. Desde agora ele foi manifestado a Israel e, a
partir daí, ele é o Messias, o Cristo, ou o Ungido.
Imediatamente a voz de Deus confirma o seu status e a sua vocação
dizendo: “Tu és o meu Filho amado”, expressão messiânica extraída do
Salmo 2:7, e “em ti me comprazo”, expressão extraída do cântico do Servo
do Senhor em Isaías 42:1
A unção de Jesus com o Espírito Santo significa a sua santificação e
consagração para o ministério que ele veio exercer. No Velho Testamento eram
ungidos os sacerdotes, profetas e reis (cf. Êxodo 28:41; 1Reis 19:16; 1Samuel
16:13). Este ato representava a eleição (escolha) e a bênção de Deus sobre
essas pessoas. O derramamento do óleo sobre a cabeça do indivíduo era uma
demonstração visual do derramamento do Espírito Santo feito por Deus sobre esses
indivíduos.
O homem Jesus de Nazaré, pois, que chegou da Galiléia para ser batizado
por João no rio Jordão, foi manifestado como o Ungido de Deus, o Filho
amado de Deus e o Servo humilde do Senhor. Agora ele está capacitado
para exercer o seu ministério no poder do Espírito, cumprindo a profecia que
diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para
evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e
restauração da vista aos cegos; para por em liberdade os oprimidos e apregoar o
ano aceitável do Senhor” (Lucas 4:18-19; Isaías 61:1-2).
Quanto ao mensageiro que veio preparar o caminho do Senhor, a sua missão
já estava cumprida. Ele mesmo disse: “... a fim de que ele fosse manifestado
a Israel, vim, por isso, batizando com água” ( João 1:31) e, depois:
“Convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3:30).
A respeito do batismo de Jesus, surge comumente esta pergunta: Por que
ser batizado, se ele não tinha pecados e nem motivo de arrependimento? A
resposta é:
1 - Para dar ao pecador exemplo de
arrependimento, pois ele veio chamar pecadores ao arrependimento e a
responsabilidade estava sobre seus ombros.
2 - Para
dar ao pecador exemplo de confissão de pecados, pois ele carregou em seu corpo,
sobre o madeiro, os nossos pecados.
3 - Para
dar exemplo de cumprimento de toda a justiça de Deus aos descuidados e
desobedientes que acham que o batismo não merece importância em sua vida, na
igreja ou no ensino do evangelho (cf. Mateus 3:13-15).
Enfim ele mostrou por seu próprio exemplo, como devemos proceder para
entrar no reino dos céus.
, .
V . 12 - E logo
o Espírito o impeliu para o deserto
V .
13 -
onde permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava com as
feras,
mas os anjos o serviam.
Antes de iniciar o seu ministério
como Servo do Senhor dentro do propósito que o levaria à cruz, havia algo
importante a fazer. Com poucas palavras, mas de rico e profundo significado,
Marcos resume tudo simplesmente nestes dois versículos, como é próprio do seu
estilo. Jesus foi impelido pelo Espírito para o deserto. Impelir significa
“empurrar”, “obrigar”. Como teria sido isto? O Espírito abriu a sua visão
espiritual pela unção no batismo e ele viu as necessidades do ser humano com
relação ao reino de Deus. O mesmo Espírito lhe deu a coragem necessária para
lutar contra Satanás.
O homem Jesus de Nazaré havia sido habilitado para assumir a sua função
no reino que ele veio trazer. O rei entrou no reino, mas para reinar era
necessário lutar até sujeitar as feras, isto é, vencer o inimigo. Ao chegar, o
Rei encontrou um mundo perverso dentro do qual o reino dos céus estava sendo
implantado. Ele veio para implantá-lo. Era necessário desarraigar o homem desse
mundo perverso e transportá-lo para o seu próprio reino. Mas somente depois do
seu triunfo ele poderia transferir a vitória àqueles que, a seu exemplo,
recebem a unção para entrar no reino de Deus. É desse reino espiritual que ele
deverá ocupar-se. As cousas deste mundo não podem ser o objeto do seu
ministério. “Que aproveita ao homem, ganhar o mundo inteiro e perder a sua
alma?” (Marcos 8:36).
No seu batismo foi ouvida uma voz dos céus dizendo: “Tu és meu Filho
amado ...” Deus estava confirmando a
autoridade e o poder do Filho para operar no reino do Pai. Foi com esta visão
que ele iniciou o seu ministério pregando: “... o reino de Deus está próximo
...” (V. 15).
No deserto, Satanás tentou convencê-lo de conquistar os reinos deste
mundo. Em Mateus 4:8-11 isto é descrito da seguinte maneira:
V . 8 -
Levou-o o diabo a um monte muito alto,
mostrou-lhe todos os reinos
do mundo e a glória deles.
V . 9 - e
lhe disse: Tudo
isto te darei
se, prostrado, me adorares.
V.10 - Então Jesus lhe ordenou:
Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus
adorarás, e só a ele darás culto.
V. 11 -
Com isto o deixou o diabo, e eis que vieram anjos, e o serviram.
Jesus recusou esta proposta porque ela representa uma forma de adoração.
Quem devota a sua vida a ajuntar fortunas, a criar domínios e a forjar
poder nas cousas deste mundo, está incorrendo no sério pecado da cobiça e da
avareza, que é idolatria. E com isso está rendendo o seu próprio espírito em
adoração a Satanás. Cristo não devia submeter-se a estas cousas e nem ensinar
isto. Ele veio para triunfar sobre elas e dar-nos a vitória sobre estes males.
Portanto, ele foi tentado no espírito, mas venceu e não caiu.
Também ele foi tentado a usar o seu poder para satisfazer às necessidades
materiais do seu próprio corpo. É o que está registrado em Mateus 4:2-4, como
segue.
V . 2 - E, depois de jejuar quarenta dias e
quarenta noites, teve fome.
V. 3- Então o tentador, aproximando-se, lhe
disse: Se és Filho de Deus,manda ,manda que estas pedras se transformem em
pães.
V . 4 - Jesus, porém, respondeu: Está escrito:
Não só de pão viverá o homem,
mas de toda palavra que procede da boca
de Deus.
Jesus também recusou a esta tentação. O seu ministério não podia incluir
o objetivo de trabalhar em proveito da sensualidade. Um pequeno deslize aqui,
seria a consagração de uma doutrina espúria, como se fosse do reino dos céus.
No seu reino, as necessidades físicas e materiais devem dar prioridade às
necessidades espirituais, que se satisfazem pela palavra de Deus. Assim ele
quis fazer e ensinar. Portanto ele foi tentado pelas necessidades materiais do
corpo mas venceu e não caiu.
E ele devia começar a pregar, dizendo: “... arrependei-vos e crede no
evangelho ...”. É a justiça de Deus, que ele precisava anunciar. Ela faz parte
do reino que ele está inaugurando. Mas o inimigo logo imaginou um meio para
desviar a atenção do Servo do objetivo do seu ministério. A proposta foi que
ele partisse para o sensacionalismo. Com isto estaria garantido o sucesso da
sua carreira, uma vez que ele atrairia para si grandes multidões e conseguiria
aplausos, prestígio pessoal e promoção.
A armadilha do inimigo é denunciada em Mateus 4:5-7, que diz:
V . 5 - Então o diabo o
levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo.
V . 6 -
E lhe disse:Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito, que te
aguardem, e: Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma
pedra.
V . 7 - Respondeu-lhe Jesus: Também está
escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
Saltando do alto do pináculo do templo e caindo bem devagar, ele iria
arrebatar as multidões que sempre gostam de espetáculos. Ainda mais, todos
esperavam que o Messias viesse fazendo cousas desse tipo. Para ele era fácil
mostrar as suas virtudes e ganhar a simpatia de todo o povo. Porém, usar assim
o poder de Deus seria apenas um recurso para satisfazer a vaidade da sua
própria alma. E ele não tinha vaidades. Por isso não quis fazer e nem ensinar a
fazer sensacionalismo com o poder de Deus, o que seria uma provocação leviana a
seu Pai. Ele foi tentado pela vaidade da própria alma mas venceu e não caiu.
Enfim, Cristo foi para o deserto, impelido pelo Espírito, para lutar contra
Satanás e vencê-lo, a fim de que ele não viesse a perverter o seu ministério.
A vida de Jesus tem um paralelo muito estreito na vida de cada discípulo
seu e, especialmente, nos ministérios da igreja. Como ele demonstrou, a entrada
no reino se dá mediante a fé, arrependimento e batismo para remissão de
pecados. A partir daí é concedida ao discípulo capacitação do Espírito que lhe
dá vida e natureza divinas. Então ele recebe poder para renunciar às paixões do
mundo e livrar-se das suas corrupções e se torna apto para desenvolver o
caráter cristão e exercer o seu ministério com amadurecimento, crescendo no
conhecimento de Cristo, à medida que o Espírito Santo lho revela. Assim ele tem
confirmada a sua vocação e recebe plena garantia de entrada no reino eterno de
Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 1Pedro 1:3-11).
Em suma, é preciso deixar de lado todo o desejo de tirar proveito
material do evangelho; é preciso deixar o desejo de “expor-se”, fazendo sensacionalismo colocando
o próprio nome acima do nome de Jesus; é preciso deixar a cobiça de estabelecer
impérios eclesiásticos, especialmente quando fundamentados em arrecadação
financeira. Enfim, convém adorar a Deus, recusando a proposta de adorar Satanás
no espírito, alma e corpo.
É oportuno observar que os quarenta dias de tentação de Jesus no deserto
têm um estreito paralelo com os quarenta anos de provação que Israel passou
também no deserto, depois de ter saído do Egito.
V . 14 - Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia,
pregando o evangelho de
Deus,
V . 15 -
dizendo: o tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e
crede no evangelho.
Depois de quarenta dias de terríveis lutas contra Satanás, em jejum e
oração no deserto, Jesus volta vitorioso sobre a tentação, para dar início ao
seu ministério. Marcos não menciona um
período relativamente curto que ele passou na Galiléia e especialmente na
Judéia, o qual se encontra registrado no Evangelho de João, em 1:35 - 4:54. O
escritor começa a registrar sua pregação
e suas atividades a partir do momento em que o Mestre segue definitivamente
para o seu Grande Ministério da Galiléia .
A Galiléia é o território situado na parte norte da Palestina. A sua
superfície se estende por 80 km, mais ou menos, no sentido Norte-Sul e 40 km,
no sentido Leste-Oeste. Josefo, historiador judeu do primeiro século, informa
que lá existiam 204 vilas e cidades muito produtivas, cada uma com mais de 15
mil habitantes. Isto dá um total de, no mínimo, 3 milhões de almas. A população
resultava de uma mistura de raças e, por isso, era muito aberta a novas idéias
e a novos costumes, estando sempre pronta para ouvir os ensinos de novos
mestres que ali chegassem. Nestas condições era um povo especial para o
propósito do evangelho. Mas também era uma gente que se inflamava com
facilidade e tinha verdadeira paixão por guerras e revoluções. Por ser esta
região bem servida de rotas comerciais, era fácil de se reunirem ali grandes
multidões. Mas, por falta de conhecimento de Deus, era um povo que vivia em
trevas. Nestas condições, a “Galiléia dos gentios” era um ambiente propício
para a pregação de Jesus, e Deus tinha aquele território na mira do seu
propósito. Por esse motivo Isaías profetizou a chegada do Messias ali, como uma
grande luz que brilhou no meio do povo. Foi exatamente nesse local, em meio a
essas condições, que Jesus veio dar início ao seu grande ministério (Mateus
4:12-17).
Ele foi para lá depois da prisão de João Batista ordenada por Herodes,
quando então se encerrava o ministério do profeta cuja missão era pregar
batismo de arrependimento, a fim de que o Messias fosse manifestado a Israel.
Agora era Jesus quem entrava definitivamente em atividade para dominar o
cenário da pregação. A sua mensagem está resumida no verso 15: “O tempo está cumprido e o reino de Deus
está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. Ele esclarecia que o
tempo da chegada do Messias era aquele em que ele havia chegado e a sua
presença juntamente com a pregação do evangelho mostra que o reino de Deus
também estava presente. Isto concorda com a profecia de Isaías, segundo a qual
o Ungido chegaria pregando o evangelho (Isaías 61:1-2).
Por que arrependimento e fé no evangelho?
Porque sem estas atitudes é impossível entrar no reino de Deus. Em todo tempo
do seu ministério Jesus enfatizou estas duas condições. Este era também o
testemunho de João Batista que o Mestre confirmou quando se deixou batizar por
ele. Esta mensagem de Jesus é simples e objetiva. Simples , porque não contém
complicações e ninguém fica confundido com ela. Todos entendem naturalmente o
que é arrependimento e o que é fé, sem explicações filosóficas ou lingüísticas.
Objetiva, porque todos ficam sabendo perfeitamente o que é necessário para
entrar no reino de Deus.
V . 16 - Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu os irmãos Simão
e André, que
lançavam rede ao mar porque
eram pescadores.
V . 17
- Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
V . 18 -
Então eles deixaram imediatamente as redes, e o seguiram.
V . 19 -
Pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam
no barco, consertando as redes.
V . 20 - E
logo os chamou. Deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados,
seguiram após Jesus.
A escolha dos discípulos é o segundo passo de Jesus relatado por Marcos ,
dentro do ministério da Galiléia. O primeiro foi a escolha da pregação,
como método de trabalho. A finalidade com que ele chamou os discípulos é
indicada no verso 17: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Em
outras palavras, Jesus afirma que iria treiná-los para ganhar almas para o
reino de Deus, pela pregação do evangelho. De fato ele fez isto. Este Evangelho
que estamos estudando é produto da pregação de Pedro, um dos que ouviram estas
palavras e o seguiram prontamente.
O que mais nos impressiona nesta narrativa é a rapidez com que os discípulos tomaram a
decisão de deixar de lado os seus próprios negócios para seguir Jesus. Isto nos
leva a meditar na autoridade com que ele falava, e na confiança que imprimia nos
discípulos para acreditarem nas suas promessas.
Recapitulando o que foi narrado até agora neste Evangelho, podemos descobrir
os passos de Jesus no preparo do seu ministério. È como segue:
1- Batismo
2- Renúncia às Tentações
3- Escolha do Método de Trabalho (A Pregação)
4- Escolha dos discípulos
Agora já temos a visão de Jesus acompanhado de seus discípulos, saindo para
cumprir o seu ministério. Esta é uma visão prefigurada da igreja no exercício
do seu ministério, onde Cristo é a cabeça e os discípulos são o corpo.
V . 21 - Depois entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, foi ele ensinar
na
sinagoga.
V . 22 -
Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem
autoridade, e não como os
escribas.
V . 23 -
Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito
imundo, o qual bradou:
V . 24 -
Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei
quem és: o Santo de Deus!
V . 25 -
Mas Jesus o repreendeu dizendo: Cala-te, e sai desse homem.
V . 26 -
Então o espírito imundo, agitando-o violentamente, e bradando em alta voz,
saiu dele.
V . 27 -
Todos se admiraram a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser isto?
uma nova doutrina! com autoridade
ele ordena aos espíritos imundos,
e eles
lhe obedecem!
V .28 -
Então correu célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda a
circunvizinhança da Galiléia.
Este é o primeiro sábado e o primeiro dia do ministério de Jesus
apresentado na narrativa de Marcos. O Mestre já aparece ensinando na sinagoga
de Cafarnaum, onde acontece o seu
primeiro encontro com o público. O povo o
recebeu com admiração, reconhecendo a sua autoridade e maravilhando-se
da sua doutrina. O que Jesus ensinou ali não está registrado neste parágrafo
mas, certamente, foi a respeito do reino de Deus, do arrependimento, da fé no
evangelho, fatos da realidade presente, que estavam anunciados nas profecias,
como ele afirmou em Nazaré (cf. Lucas 4:16-19). A primeira reação contrária
veio do reino das trevas. Um espírito imundo, sabendo quem ele era e que o Filho
de Deus se manifestou para destruir as obras do diabo, levantou-se em oposição
ao seu trabalho.
Há dois fatos importantes a observar neste relato. O primeiro é a reação
favorável do povo aos ensinos de Jesus neste primeiro encontro público do
ministério da Galiléia. O segundo é a preocupação de Marcos apresentar o Mestre
como aquele que tem autoridade sobre os demônios. Ele usa o seu poder para
confirmar que os seus ensinos são verdadeiramente de Deus. A partir desse dia a
fama de Jesus começou a correr rapidamente por todos os lados nas regiões
vizinhas da Galiléia.
Cafarnaum era o local da residência de Pedro. Cidade importante, sede da
coletoria de impostos e ponto de concentração de tropas romanas, ficava situada
na margem norte do Mar da Galiléia, um grande lago de águas doces, formado pelo
rio Jordão. O Mar da Galiléia, Mar de Tiberíades ou lago de Genesaré, como é
chamado no Novo Testamento, tem cerca de 24 km de comprimento, por 14 km de
largura nas suas partes mais amplas. Nos tempos de Jesus havia ali mais de
trezentos barcos de pesca pertencentes a empresas ou a pescadores autônomos que
abasteciam as regiões mais próximas de peixe fresco, e ainda exportavam peixe
salgado para regiões distantes, inclusive Roma. Era, sem dúvida, um lago
providencial tanto para a economia da região, como para a alimentação popular.
Jesus cruzou o Mar da Galiléia muitas vezes de barco com os seus
discípulos. Ali trabalhavam na pesca os quatro primeiros que ele chamou. Eram
Pedro, André, Tiago e João. Os dois primeiros eram irmãos. Os outros dois eram
também irmãos, mas filhos de Zebedeu, que tinha ali uma empresa de pesca. Jesus
tinha-se mudado de Nazaré, onde viveu desde a infância, para Cafarnaum, a
cidade que se tornou ponto central do seu ministério na Galiléia. Dali ele
fazia excursões com os discípulos, pregando o evangelho por toda a região e
circunvizinhança.
V . 29 - E, saindo eles da
sinagoga, foram, com Tiago e João, diretamente para a casa de
Simão e André.
V . 30 - A sogra de Simão achava-se acamada,
com febre; e logo lhe falaram a respeito
dela.
V . 31 - Então, aproximando-se, tomou-a pela
mão; e a febre a deixou,
passando ela a servi-los.
V . 32 - À tarde, ao cair do sol, trouxeram a
Jesus todos os enfermos,
e endemoninhados.
V . 33 - Toda a cidade estava reunida à porta
V . 34 - E ele curou muitos doentes de toda
sorte de enfermidades; também
expeliu muitos demônios, não lhes permitindo que falassem, porque
sabiam quem ele era.
Desde o início Jesus exerceu o seu ministério de modo muito variado.
Hora numa
sinagoga, hora numa casa de família, hora na rua, no meio do povo. Mas em cada
caso, ele usava o recurso adequado para realizar a sua obra. Na sinagoga,
ensinava. Na casa de Pedro, com um toque de carinho, dirigido à sua sogra, ele
resolveu instantaneamente o problema da família, trazendo tranqüilidade e dando
nova vida ao lar. No meio da multidão, realizou curas em massa, de sorte que
ninguém saiu sem receber a bênção (cf. Mateus 8:16).Todavia não permitia que os
demônios revelassem quem ele era, para não se tornar objeto de sensacionalismo
e também, porque esta é uma revelação que deve vir diretamente do Pai para os
discípulos (cf. Mateus 18:17).
O milagre da manhã na sinagoga e o da tarde na casa de Pedro foram
responsáveis pela afluência de tanta gente ao cair do sol, que o escritor do
Evangelho não tinha outra maneira de registrar o fato, a não ser como está
escrito no verso 33: “Toda a cidade estava reunida à porta”. Ao cair do
sol, o sábado chegava ao fim e o povo estava livre para carregar os enfermos e
suas camas, sem entrar em choque com a interpretação tradicional da Lei de
Moisés, no que toca esse ponto.
Fazendo uma breve comparação das perspectivas de Mateus, Marcos e Lucas
com relação ao ministério de Jesus, observamos o seguinte: Mateus dá muita
ênfase à pregação, reservando um espaço considerável do seu Evangelho para
registrar os ensinos do Mestre. Marcos dá mais ênfase aos milagres e á
agilidade com que Jesus desempenha o seu serviço. Lucas põe em relevo as
virtudes do Filho de Deus, dizendo logo de início que ele regressou para a
Galiléia no poder do Espírito, e ensinava nas sinagogas, sendo glorificado por
todos. Porém, estes três escritores inspirados proclamam a uma voz que o reino
dos céus está invadindo a Terra, e que Jesus é quem o está trazendo com o poder
do Espírito, fazendo milagres, curas, expulsando demônios e pregando o
evangelho de Deus.
V . 35 - Tendo-se levantado de madrugada,
saiu, foi para um lugar deserto, e ali orava.
V . 36 - Procuravam-no diligentemente Simão e
os que com ele estavam.
V . 37 - Tendo-o encontrado, lhe disseram:
Todos te buscam.
V .38 -
Jesus, porém, lhes disse:Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas,
a fim de
que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim.
V . 39 - Então foi por toda a Galiléia,
pregando nas sinagogas deles e expelindo demônios.
Depois de um dia de intenso trabalho Jesus foi dormir para descansar. Mas
levantou-se de madrugada para orar sozinho em lugar deserto. Em conseqüência
dos acontecimentos do dia anterior em Cafarnaum, percebemos que o Mestre era
cada vez mais procurado pelo povo, encontrando já dificuldade para estar só.
Porém, a oração e a comunhão com Deus eram a grande fonte de poder para o seu
ministério. Os próprios discípulos descobriram isto. Esta é a razão por que
mais tarde eles pediram a Jesus que os ensinasse a orar. Mas esta é também a
razão por que este episódio está registrado aqui, logo no início do seu
ministério. Estando em comunhão com Deus, ele podia sempre estar em harmonia
com os homens e desempenhar as suas funções com toda a perfeição que lhe
correspondia. Foi assim que ele partiu para as povoações vizinhas do interior
da Galiléia, cumprindo o propósito para o qual fora enviado.
O verso 39 revela que ele foi por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas
e expelindo demônios. Não é fácil percorrer a pé toda aquela região, como
também não é fácil deslocar-se de lá para Jerusalém, cruzando a Palestina em
poucos dias. No entanto, Jesus fez isto várias vezes. Ele nunca foi negligente
no seu trabalho. Pelo contrário, estava sempre pronto para cumprir a missão que
recebeu do Pai, sem jamais reclamar de cousa alguma. A esse respeito é interessante
olhar para o seu retrato profético no Cântico do Servo em Isaías 50:4-5 que
confirma estes aspectos do seu caráter: “O Senhor Deus me deu língua de eruditos,
para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as
manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos. O Senhor Deus
me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde, não me retraí”.
V . 40 - Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de
joelhos: Se quiseres, podes
purificar-me.
V . 41 - Jesus, profundamente compadecido,
estendeu a mão, e disse-lhe:
Quero, fica limpo.
V . 42 - No mesmo instante lhe desapareceu a
lepra, e ficou limpo.
V . 43 - Fazendo-lhe então veemente
advertência, logo o despediu,
V . 44-
e lhe disse: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao
sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou,
para servir de testemunho ao povo.
V . 45 -Mas, tendo ele saído,entrou a propalar
muitas cousas e a divulgar a notícia, ao ponto de não mais poder Jesus entrar publicamente em qualquer
cidade, mas permanecia fora, em lugares ermos; e de toda parte vinham ter com
ele.
Há dois fatos que saltam imediatamente à vista neste último milagre. O
primeiro é a humildade do leproso que, reconhecendo a sua condição, roga a
cura, de joelhos, aos pés de Jesus. O segundo é a terna compaixão do Mestre que
chega a estender a mão e a tocá-lo para
que fosse curado. A lição espiritual encerrada neste acontecimento é que Jesus
tem extrema compaixão e misericórdia do pecador que está separado de Deus, como
um leproso está separado da sociedade. Pois a lepra é uma figura do pecado, que
faz separação entre Deus e o homem. O gesto de Jesus tocar aquele homem para
curá-lo, apesar de tornar-se ritualmente impuro segundo a Lei de Moisés, faz
lembrar o ato dele identificar-se com o ser humano ao encarnar-se, para
salvá-lo. Foi assim que Deus condenou o pecado na carne, e foi assim também
que, mediante a morte do seu Filho, ele nos reconciliou no corpo da sua carne,
para nos apresentar perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis. Onde
quer que esteja um pecador consciente da sua condição de impureza diante de
Deus, aí está também Jesus pronto para salvá-lo. Basta pedir e ele estenderá a
mão.
Mas há ainda outros fatos que devemos considerar nesta narrativa. Por
exemplo, Jesus tem autoridade sobre todas as enfermidades; ele curou todos os
enfermos; ele tem sentimento de solidariedade humana; tem compaixão, e
comove-se com o sofrimento do ser humano. De fato, o leproso disse: “Se
quiseres, podes purificar-me”. E Jesus acudiu: “Quero, fica limpo”.
E também Jesus acatava a Lei de Moisés, pois mandou que o ex-leproso fosse
cumprir o ritual de purificação estabelecido por ela.
Apesar da advertência que recebeu aquele homem não se conteve e divulgou
o acontecimento de maneira tão ampla que veio a prejudicar a entrada de Jesus
publicamente nas cidades. Por isso ele passou a dar preferência a lugares
afastados, para pregar às multidões que sempre vinham procurá-lo.