sábado, 25 de abril de 2015

JESUS E NICODEMOS

        JESUS E NICODEMOS     
JOÃO 3:1-15

V. 1 – Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos
           principais dos judeus.
V. 2 – Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és
           mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais
           que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
V. 3 – A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se                    
            alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
V. 4 – Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho?
            Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?
V. 5 – Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da
            água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
V. 6 – O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é
            espírito.
V. 7 – Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
V. 8 – O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem,
            nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.
V. 9 – Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu  Jesus:
V.10 – Tu és mestre em Israel e não compreendes essas cousas?
V.11 – Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e
             testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso
             testemunho.
V.12 – Se, tratando de cousas terrenas não me credes, como crereis, se vos
            falar das celestiais?
V.13 – Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o
           Filho do homem [ que está no céu ].
V.14 – E do modo por quê Moisés levantou a serpente no deserto, assim                   
            importa que o Filho do homem seja levantado,
V.15 – para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.

A visita de Nicodemos a Jesus é descrita com muito destaque no Evangelho de João. Numa descrição prolongada, ele é apontado como figura proeminente da nação de Israel. Por ser um dos principais dos judeus, ele fazia parte da suprema corte judicial do país, o Sinédrio, que corresponde aos atuais Senados. Ele também tinha autoridade para dar orientação moral e espiritual ao povo. Além disso, ele pertencia ao grupo político-religioso mais tradicional, mais influente e mais irraigado na sociedade judaica daquele tempo, os fariseus. Diante destas circunstâncias surge a seguinte pergunta: A sua visita a Jesus teria sido de caráter pessoal, ou seria ele um representante do sistema religioso judeu, que estaria preocupado com a pessoa do Mestre por causa do sucesso que Ele alcançou com seus milagres operados na festa da Páscoa, além dos acontecimentos na purificação do Templo?
Seja qual for o motivo daquela visita, o importante nesta história é a lição de Jesus a respeito do Novo Nascimento. Quando Nicodemos observa que ninguém pode fazer o que Jesus faz se Deus não estiver com ele, Jesus como que contesta, dizendo: “você está vendo só os milagres, mas isto não é o mais importante. O mais importante é nascer de novo para ver o reino de Deus”.
Nos versos 4 e 5 Nicodemos argumenta que é impossível para um homem, já sendo velho, entrar no ventre materno e nascer de novo. Evidentemente ele estava imaginando o poder ou a capacidade humana para fazer isto. Mas o que Jesus estava afirmando é que o poder de realizar tal operação vem de Deus, pois a expressão “nascer de novo” significa também “nascer do alto”, isto é, um nascimento que vem de Deus, como podemos conferir em João 1:12-13.
A expressão “nascer da água e do Espírito” representa o “lavar regenerador e renovador do Espírito Santo que Deus derramou sobre nós ricamente por meio de Jesus Cristo nosso Salvador” (Tito 3:5b-6). Esta lavagem é feita pela Palavra, conforme esclarece Efésios 5:27, com respeito à igreja.
Nos versos 6,7 e 8 Jesus explica que Deus realiza o Novo Nascimento por meio do Espírito. É como o vento que sopra. Embora não saibamos como ele se move de um lado para outro, nós podemos perceber os seus efeitos. Assim podemos perceber a transformação ocorrida naqueles que nascem da água e do Espírito. É bom saber que vento e espírito são a mesma palavra no idioma grego, em que João escreveu o seu Evangelho ( pneuma = espírito ou vento ).
No verso 9 Nicodemos pergunta como isto acontece e Jesus responde, no verso 10, que estas cousas são do conhecimento já revelado a Israel. Ele se refere a Ezequiel 36:25-27; 37:1-6 (cf Tito 3:4-6, onde lavar regenerador significa o lavar que produz o Novo Nascimento).
No verso 11 Jesus dá testemunho do que Ele e seus discípulos sabiam por experiência própria, vendo o que acontecia com pessoas que nasceram de novo e replicou que Nicodemos e seus partidários não aceitavam o seu testemunho.
No verso 12 Jesus fala da dificuldade que eles teriam de crer se Ele lhes falasse das cousas celestiais, uma vez que eles não criam nestas cousas ainda que explicadas com linguagem terrena.
O verso 13 atesta que somente Jesus, o Filho do homem tinha autoridade para falar das cousas celestiais, porque Ele desceu de lá e, portanto, sabia o que estava dizendo. Por outro lado, ninguém, dentre os homens, tinha conhecimento das cousas celestiais para falar delas, porque ninguém subiu ao céu.
Os versos 14 e 15 resumem o assunto dizendo que o Novo Nascimento acontece pela fé no Filho do homem crucificado e traz como resultado a vida eterna.
É preciso observar que o Novo Nascimento é uma operação realizada exclusivamente por Deus através do Espírito Santo e pela fé em Jesus Cristo crucificado. Nenhuma igreja pode oferecer vida eterna ao pecador através de qualquer rito ou sacramento que represente a autoridade da igreja independentemente da fé e da submissão do pecador à Palavra de Cristo.

V.16 – Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho
            Unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
            eterna.
V.17 – Porquanto Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o
            mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

Nestes dois versos João esclarece todo o parágrafo anterior explicando que a missão de Jesus foi motivada pelo amor de Deus, visando a salvação do pecador que deve responder a esta oportunidade, pela fé.

V.18 – Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto
             não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
V.19 – O julgamento é este: Que a luz veio ao mundo e os homens amaram                
             mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
V.20 – Pois todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz e não se chega para a luz, afim 
             de não serem argüidas as suas obras.
V.21 – Quem pratica a verdade aproxima-se da luz afim de que as suas obras
             sejam manifestas, porque feitas em Deus.

Diante de Jesus há duas opções: Crer ou não crer. Quem não crê é condenado porque não se aproximou da luz e preferiu continuar praticando as obras das trevas, para não enfrentar a verdade de Cristo. Mas o que crê quer que suas obras sejam manifestas pela verdadeira luz de Deus. Este não é condenado.
Continuando o relato do ministério de Jesus, o apóstolo João escreve no verso 22 do capítulo 3: “Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia; ali permaneceu com eles e batizava”.
 Daqui em diante segue-se o Ministério da Judéia. Este período é também chamado de “Ano da Obscuridade”, por falta de maiores informações a esse respeito.

V.23 – Ora, João estava também batizando em Enom, perto de Salim, porque
             havia ali muitas águas, e para lá concorria o povo e era batizado.
V.24 – Pois João ainda não tinha sido encarcerado.

Estes dois versículos mostram que os dois ministérios, o de João Batista e o de Jesus, estavam em ação ao mesmo tempo, na Judéia.

V.25 – Ora, entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda
             com respeito à purificação.
V.26 – E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo
             além do Jordão, do qual tens dado testemunho está batizando e todos
              lhe saem ao encontro.

Estes versos falam de uma contenda que surgiu entre um discípulo de João e um judeu desconhecido, a respeito do batismo. Como naquela época havia muitas seitas que praticavam o ritual de purificação, é possível que aquele judeu tenha provocado os discípulos de João, insinuando que o batismo de Jesus fosse superior ao de João, porque Ele estava batizando mais do que o Batista ( cf 4:1 )
Os discípulos, preocupados, foram relatar ao seu mestre o ocorrido.

V.27 – Respondeu João: O homem não pode receber cousa alguma se do céu não lhe for 
             dada.
V.28 – Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: Eu não sou o Cristo, mas fui 
             enviado como seu precursor.
V.29 – O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o
            ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu 
            em mim.
 Destes versículos concluímos que a reação do profeta foi a mais nobre possível. Reforçando o testemunho que dera anteriormente a respeito de Cristo e que está registrado nos quatro Evangelhos, ele demonstra a sua humildade dizendo: “O homem não pode receber cousa alguma, se do céu não lhe for dada”. Com isto ele afirma que não tinha nada a opor contra o sucesso de Jesus, reconhecendo que isto era uma dádiva de Deus. Em seguida ele reafirma o que já havia dito aos discípulos que ele não era o Cristo, mas foi enviado como seu precursor. Assim, ele reconhece o seu lugar e demonstra que nunca teve a intenção de tomar o posto do Filho de Deus. Para explicar o seu papel diante do Messias, ele se utiliza de uma parábola a respeito do casamento, descrevendo a sua posição como o amigo do noivo e a posição de Jesus, como o noivo.
O casamento em Israel era uma festa prolongada, marcada por uma grande manifestação de alegria, porque correspondia aos dias mais felizes da vida de um casal. O noivo saía cantando pelas ruas à noite, num percurso, o mais longo possível, para possibilitar a adesão dos convidados ao cortejo nupcial. Todos aguardavam o seu aparecimento e, quando, de repente, ele aparecia, eles ascendiam suas tochas e o acompanhavam até a sua residência, onde acontecia a festa das bodas. Mas havia um personagem muito importante nesse evento. Era o amigo do noivo, especialmente escolhido para preparar toda a festa com todos os detalhes necessários para que tudo corresse bem. Era ele também que cuidava do aposento nupcial e o abria quando ouvia a voz do noivo chegando. O seu último cuidado era entregar a noiva ao esposo e conduzi-los para dentro da câmara. Cumprida sua tarefa, o amigo do noivo se retirava, enquanto a festa continuava.
Com esta parábola, João Batista mostrou que já havia cumprido o seu papel e concluiu dizendo: “Convém que ele cresça e que eu diminua”.
Devemos notar a importância que o apóstolo João dá ao profeta João Batista no seu Evangelho, no capítulo 1, versos 6 a 9, apresentando-o como o precursor do Messias. Mas ele tem também o cuidado de mostrar, já desde o início, a superioridade de Jesus.
O parágrafo do capítulo 3, versos 31 a 36 é um comentário do apóstolo João a respeito da superioridade de Jesus sobre João Batista para pregar o Evangelho. Nós vamos comentar apenas o verso 34 que diz: “Pois o Enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida”.
Enquanto João Batista, tal como os profetas do Velho
Testamento, só tinham a medida do Espírito para falar aquilo que lhes era concedido como revelação naquele momento, com Jesus não era assim porque o Espírito lhe foi dado sem medida, de modo que tudo o que Ele falava era Palavra de Deus. O verso 35 confirma isto dizendo: “O Pai ama o Filho e todas as cousas tem confiado às suas mãos” (cf Mateus 11:27).