Os poderes do Reino Espiritual
Poucas vezes paramos para meditar na razão por que acontecem certos fatos neste mundo físico em que vivemos. A Bíblia ensina, de maneira muito clara, que nada acontece, sem que Deus queira, ou sem que Ele permita, embora não possamos compreender Seu critério de justiça, que envolve milhões de fatores em cada caso.
O livro de Daniel faz saber que Deus é soberano, d’Ele é a sabedoria e o poder; Ele move o tempo e muda as estações; remove reis e estabelece reis; dá sabedoria aos sábios e entendimento aos entendidos. Neste livro, também aprendemos que as cousas deste mundo material são decididas no Reino Espiritual. O anjo Gabriel informou a Daniel que ele esteve lutando vinte e um dias contra o chefe dos demônios que dominavam o reino da Pérsia, até que veio o arcanjo Miguel para ajudá-lo, e ele obteve vitória sobre os reis da Pérsia.
Quando João escreve que viu um cordeiro, como que “tinha sido morto”, em Apocalipse 5: 6, ele usa o verbo “matar”, do Grego, no particípio perfeito passivo, indicando que o efeito redentivo do sacrifício do cordeiro continua valendo, até o último pecador a ser redimido. Do mesmo modo, Paulo escreve aos gálatas, dizendo que ele lhes apresentou Cristo, como crucificado, dando a entender que o seu sacrifício na cruz tem valor, até que o último pecador seja salvo pela fé n’Ele.
Mas isto acontece no reino espiritual, e não no reino físico-material em que os fatos históricos são passageiros. Ora, no reino espiritual, o sacrifício de Cristo e a sua morte estão inseparavelmente ligados à cruz e ao derramamento do Seu sangue.
Se I Pedro 1: 2 diz que somos eleitos “... para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo”, e se Hebreus 12: 22, 24 afirma que “temos chegado a Jesus, o Mediador da Nova Aliança, e ao sangue da aspersão”, então surge a pergunta: Como é que o pecador recebe a aspersão do sangue do Cordeiro, de Jesus, o filho de Deus, que o purifica de todo pecado? (I João 1: 7). Isto acontece no reino espiritual, em que o sacrifício do Cordeiro e o Seu sangue estão disponíveis ate à Sua volta.
Agora, mais uma pergunta: Em que circunstâncias acontece a aspersão do sangue sobre o pecador? A resposta é: “na morte de Cristo”, que é inseparável do sangue derramado na cruz e do Seu sepultamento. Romanos 6: 3-4 diz: “todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte. Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo”; Romanos 6:5 diz “fomos unidos com ele na semelhança da sua morte”; Colossenses 2: 12 diz: “tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo”.
Enquanto acontece o ato histórico do batismo no reino físico, no reino espiritual acontece o batismo na morte de Cristo, a aspersão do Seu sangue, e a purificação do pecador. Ao mesmo tempo, acontece o cumprimento de duas promessas importantes, que são: o perdão de pecados e a concessão do Espírito Santo. Isto é o que explica o apóstolo Pedro no sermão de Pentecoste, dizendo: “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados e recebereis o dom do Espirito Santo”. Esta promessa vale para todo pecador arrependido que se batiza por fé no nome de Jesus Cristo, até que Ele volte (Atos 2: 38-39; cp. Mateus 16:19; 18:17; João 20:22-23).
Muitas pessoas batizam-se por expressão de legalismo, de sacramentalismo e, até mesmo, pensando que a água lava os seus pecados no batismo. Nenhuma dessas ideias tem fundamento bíblico. Mas, ninguém pode negar as realidades espirituais envolvidas nesse processo, que são a purificação do pecador, a remissão dos pecados e a concessão do Espirito Santo.
A ordenança do batismo foi dada por instrução do Cristo Ressuscitado aos apóstolos (Mateus 28: 18-20; Marcos 16: 15-16), e entrou em vigor na igreja de Cristo, desde o primeiro dia da sua existência (Atos 2: 38-39).
Conclusão: O batismo não é algo irrelevante e nem um ato opcional. É uma ordenança bem fundamentada na doutrina de Cristo. Ninguém pode alegar que pertence ao Seu corpo, que é a igreja, sem, antes, satisfazer a essa ordem do Redentor. “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (I Coríntios 12: 13).
