terça-feira, 13 de janeiro de 2015

OS DESAFIOS DO MINISTÉRIO E AS RECOMPENSAS

                                OS DESAFIOS DO MINISTÉRIO E AS RECOMPENSAS
                                                            MATEUS 10:34-42

V.34 – Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
V.35 – Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe
            e entre a nora e sua sogra.
V.36 – Assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa.

A afirmação de Jesus no V.34 não significa que o objetivo da Sua vinda era promover guerra, divisão ou disputa dentro de uma mesma casa. O que Ele diz é que estes são efeitos causados pela chegada da mensagem do Evangelho em uma família. Afinal, Ele é o Príncipe da paz (Isaías 9:6; 11:1-10; Lucas 2:14). Mas as pessoas que não O recebem opõem-se àquelas que o recebem e isto estabelece o conflito. Israel já conhecia essa verdade que Jesus está apenas relembrando (Miquéias 7:6). Esta profecia tem-se cumprido e continuará sendo cumprida, enquanto o Evangelho estiver sendo pregado. Por ser a espada um instrumento de guerra e de morte, Jesus diz, por meio desta metáfora, que sempre haverá hostilidade em todo lugar em que for aceita a boa nova da salvação pregada pelos discípulos.

V.37 – Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim;
            quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim
V.38 – e quem não toma a sua cruz e vem após mim, não é digno de mim.
V.39 – Quem acha a sua vida, perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por
            minha causa, achá-la-á.

Jesus não aceita amor parcial ou condicional. Ele tem que ser amado sem restrições, acima de qualquer ente querido, seja pai ou mãe, filho ou filha. Além disso, deve ser com amor divino, do verbo grego “agapein”, como em João 21:15,16, do texto grego. Não pode ser simplesmente amor entre amigos, do verbo grego “fileö”, como em João 21:17 do texto grego. Mas também é preciso entender que Jesus não está dizendo para por de lado a família por causa d’Ele. O que se deve fazer é pôr cada cousa em seu devido lugar, dando prioridade a Ele e à causa do Evangelho, especialmente com relação à própria vida em nível humano (cf Marcos 8:35).
O serviço do Evangelho exige sacrifício e renúncia. O sacrifício é como o daqueles condenados que deviam carregar a sua cruz até o local da execução. O que Jesus está dizendo é que quem quiser ser Seu discípulo deve estar preparado para ser condenado, pois Ele mesmo o foi (Mateus 16:21,24). Carregar uma cruz significava caminhar para a morte, sofrendo cansaço e vergonha. Para nós é uma figura que estimula à perseverança no ministério cristão, seja qual for a opinião ou a reação dos que nos rodeiam.
A vida a que se refere o verso 39 é a vida de ansiedade, de busca de conforto e de bens materiais relativos à existência temporal vivida nesta Terra. Este tipo de vida é expressa na língua grega pela palavra “psuchë”. Quem procura, encontra, e vive este tipo de vida, perdê-la-á. Mas quem a perde, isto é, quem deixa esse tipo de vida, acha a verdadeira vida, a vida de Cristo (Gálatas 2:20) ou a vida eterna.
A expressão “não é digno de mim” do V.37 traz a ideia de não estar à altura de ser Seu discípulo. É como na passagem de Lucas 9:62 que diz: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto para o reino de Deus”.

V.40 – Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele
            que me enviou.
V.41 – Quem recebe um profeta no caráter de profeta, receberá o galardão de
            profeta; quem recebe um justo no caráter de justo, receberá o galardão
            de justo.
V.42 – E quem der a beber ainda que seja um copo de água fria a um desses
            pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de
            modo algum perderá o seu galardão.

Havia um ditado corrente entre os rabinos que afirmava: quando alguém representa uma certa pessoa, esse alguém tem que ser considerado como a própria pessoa representada. Os discípulos, como enviados por Jesus, representam o próprio Jesus, do mesmo modo que Jesus representa Deus que O enviou. Assim, quem recebe um enviado de Cristo recebe não somente aquele enviado, mas recebe Cristo e o próprio Deus que O enviou. Receber um enviado de Cristo, neste contexto, significa acolhê-lo com hospitalidade, prover-lhe a alimentação necessária e ouvir as suas palavras. Receber um discípulo de Cristo, um profeta ou um justo significa aprovar o caráter deles. Quem procede desta maneira não perderá o seu galardão, pois será recompensado como se fosse o próprio discípulo, ou o profeta, ou o justo. Veja-se o exemplo de Elias e a viúva de Sarepta, que teve grande recompensa por ter recebido o profeta     (I Reis 17:8-24). Quando Jesus se refere a seus discípulos como “pequeninos” Ele está falando da humildade deles, do desprezo que o mundo lhes devota e da perseguição que eles sofrem. Mas Deus lhes dá muito valor e cuida deles muito bem (V.28-31). E quem os recebe, de modo algum perderá o seu galardão.
Note-se a expressão “em verdade vos digo” no V.42, significando o final de mais essa fase de instrução aos discípulos, fase que vai até o final dos tempos.