segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

JESUS REPROVA A AVAREZA

                                            JESUS REPROVA A AVAREZA
                                                       LUCAS 12:13-21

V.13 - Nesse ponto, um homem que estava no meio da multidão lhe falou:
           Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança.
V.14 - Mas Jesus lhe respondeu: Homem, quem me constituiu juiz ou partidor
           entre vós?
V.15 - Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer
           avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos
           bens que ele possui.

Lucas introduz este parágrafo narrando uma história que aconteceu naquele momento. Foi um homem que interrompeu o discurso de Jesus, pedindo-Lhe que ordenasse a seu irmão que repartisse com ele a herança. Isso deu oportunidade ao Mestre, que desse ensino a respeito da posse de bens materiais, no que diz respeito à avareza.
Este pedido estava baseado, com certeza, no prestígio que ele via em Jesus, mais do que em qualquer dos rabinos da época, que resolviam questões familiares não previstas na Lei (cf Números 27:8ss). A Lei estabelecia o direito dos filhos primogênitos receberem porção dobrada da herança, ainda que ele fosse filho de uma esposa menos amada do marido (Deuteronômio 21:15-17). Os outros filhos recebiam partes iguais. No caso, o que parece claro, é que o irmão deste homem estava retendo os bens da família (cf V.15). Mas nada indica que Ele estivesse sendo consultado para o julgamento do mérito da questão. O reclamante desejava uma sentença a seu favor. Mas a resposta de Jesus foi de alguém que se achava fora desses assuntos terrenos. Por isso, Ele disse: “homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?”. Na realidade a missão de Jesus não era regulamentar o direito de herança entre os homens, mas o direito dos homens à herança no reino de Deus.
Então Jesus recomendou: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza”. Estas expressões usadas pelo Mestre dão a esta ordem um caráter de extrema seriedade. “Guardai-vos” significa colocar-se numa posição segura para proteger-se do ataque do inimigo. “Tende cuidado” é uma exortação à vigilância para enfrentar a situação. Jesus justifica esta recomendação pronunciando este princípio: “A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui”. Esta verdade é comprovada pelos Vs.22 e 23 deste mesmo capítulo. Não é o acúmulo de bens que traz felicidade e segurança para a vida do homem.

V.16 - E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico
           produziu com abundância.
V.17 - E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde
           recolher os meus frutos?
V.18 - E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e
           aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens.
 V.19 - Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos
           anos; descansa, come, bebe e regala-te.
V.20 - Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens
           preparado, para quem será?
V.21 - Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus.

A parábola pronunciada por Jesus neste trecho é inspirada no comportamento daquele irmão avarento. O principal personagem desta história é um homem que já era rico. A produção abundante do seu campo multiplicou ainda mais a sua riqueza, e ele ficou transtornado, sem saber como guardar aquele produto que representava tão grande valor para ele. A avidez por bens materiais afastava-o de Deus e dos homens porque, devotando-se à riqueza, ele não podia servir a Deus (Mateus 6:24). Por outro lado, ele não tinha motivação para dispor pelo menos de parte dos seus bens, para ajudar os homens. Então, para resolver o seu problema, ele voltou-se para si mesmo e perguntou: “Que farei...?”. A pergunta de si para si teve uma resposta em si mesmo: “Destruirei os meus celeiros, reconstrui-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens”. Com isso ele pensava dar segurança à sua alma, por muitos anos, de modo a poder comer e beber fartamente, aproveitando a vida sem preocupações. O ponto mais alto dos seus devaneios é revelado pela expressão: “Então direi à minha alma...”. Alma, aqui, não significa espírito, mas um ser animado pelo sopro de Deus, como foi criado em Gênesis 2:7, passando a ser “alma vivente”.
A vida não pertence ao homem, mas a Deus, e está sob o Seu controle. O homem a recebe como dom, para cuidar dela com responsabilidade, porque um dia, terá que prestar contas a Deus, de como a conduziu (cf Apocalipse 20:11-13). Quantos anos poderia durar a vida daquele homem, ele não podia prever, mas devia pensar que seria até o fim do período que ele chama “muitos anos”, lembrando que muitos bens não garantem muitos anos de vida.
Para muitos este homem pode parecer inteligente, mas Deus o chama de imprudente, insensato ou louco. Ele passou a vida acumulando bens materiais, sem se dar conta de que um dia ficaria sem eles, e não sabia para quem seus bens ficariam.
A aplicação da parábola no V.21 resume o procedimento de todo homem que acumula tesouros para si nesta terra, e não se preocupa em ajuntar tesouros no céu (Mateus 6:19-21).