quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

JESUS ENSINA NA SINAGOGA DE CAFARNAUM

                               JESUS ENSINA NA SINAGOGA DE CAFARNAUM
                                            MARCOS 1:21-28  (Lucas 4:31-37)

V.21 – Depois entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, foi ele ensinar na
            sinagoga.
V.22 – Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem
            autoridade, e não como os escribas.
V.23 – Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de                     
            espírito imundo, o qual bradou:
V.24 – Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem             
            sei quem és: o Santo de Deus!
V.25 – Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai desse homem.
V.26 – Então o espírito imundo, agitando-o violentamente, e bradando em alta
            voz, saiu dele.
V.27 – Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser
            isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos
             imundos, e eles lhe obedecem!
V.28 – Então correu célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda a
            circunvizinhança da Galiléia.

O ministério público de Jesus na Galiléia começou em Cafarnaum,  numa sinagoga. Não havia lugar mais apropriado do que este para o Seu intento. Ele já havia escolhido esta cidade como ponto central das Suas atividades; já havia escolhido os seus primeiros discípulos; já havia escolhido o Seu método de trabalho, a pregação; agora escolheu a sinagoga como ponto de partida.
Com efeito, este era o lugar em que se reunia o povo de Deus. Esta instituição corresponde às nossas igrejas de hoje. A palavra “sinagoga” significa congregação, reunião, ajuntamento ou assembleia do povo de Deus. É exatamente o significado de “igreja”, que se estende inclusive ao local ou ao edifício em que o povo se reúne.
A sinagoga desempenhava um papel mais importante do que o próprio Templo de Jerusalém nas comunidades judaicas. Ela era destinada ao ensino dos fiéis das crianças e ao culto a Deus. Onde quer que houvesse dez representantes de famílias interessados no estudo da Lei e capacitados para isso, ali era instituída uma sinagoga. Por essa razão elas eram muito numerosas, inclusive no exterior, onde havia muitas colônias de judeus da dispersão. Em Jerusalém mesmo havia centenas de sinagogas. Elas vinham de encontro às necessidades daqueles que não podiam frequentar o Templo que servia apenas para os sacrifícios.
Nelas havia um presidente, o supervisor de todos os serviços desempenhados ali. Havia os encarregados de receber e distribuir aos pobres doações em dinheiro e em produtos alimentícios. Havia também os responsáveis pelos rolos sagrados (livros) que precisavam ser retirados do armário, entregues ao palestrante, e depois, guardados novamente. Eles se encarregavam também da limpeza do local e do anúncio da chagada do sábado, por meio do toque de trombeta.
O serviço religioso do sábado consistia em oração, leitura da Palavra e comentário do que foi lido. Qualquer pessoa reconhecida publicamente como mestre ou conhecedor das Escrituras podia fazer uso da palavra, desde que fosse autorizado pelo presidente (cf Atos 14:1; 17:1-3, 18:4,19).
Após a leitura da Palavra o palestrante fazia o comentário. O mais frequente era os escribas fazerem a leitura e, em seguida, o comentário. Os escribas, doutores ou intérpretes da Lei eram pessoas versadas na Lei de Moisés e nas tradições criadas pelo Judaísmo. Os seus comentários geralmente eram repetição de regras de conduta extraídas de princípios das Escrituras por Rabinos famosos. Mas no decorrer do tempo estas regras aumentaram tanto e se tornaram tão complicadas que o povo não suportava mais tanta regulamentação (cf Atos 15:10).
Foi num ambiente como esse que Jesus iniciou o seu ministério e assim permaneceu por algum tempo. Portanto não é de estranhar que os ouvintes ficassem maravilhados com o modo do Mestre ensinar, com o conteúdo de suas palavras, e o seu estilo de exposição (cf Mateus 7:28-29; Marcos 4:33-34). Em tudo isto Ele diferia dos escribas que não mostravam autoridade no falar, pois limitavam-se a repetir o opinião de outros, enquanto todos ali podiam entender que Jesus falava verdades que convenciam os presentes. É fácil discernir se uma palavra é de homem ou se é de Deus!
Nesse ambiente travou-se a primeira batalha entre o Filho de Deus e o inimigo que se levantou contra Ele. Ali estava um homem possesso de espírito imundo, homem cujo comportamento demonstrava que ele era totalmente submisso ao espírito que o dirigia. Ele manifestou em alta voz, em tom de espanto e terror, o que havia no íntimo do seu ser, bradando: “Que temos nós contigo?” Isto significa que entre ele e Jesus havia grande divergência de propósitos. Se Jesus veio para salvar, os demônios vêm para destruir (João 10:10). Chamando Jesus de Nazareno ele usou uma expressão que parecia significar falta de apreço. Mais tarde, porém, ela foi usada como sinal de alta consideração a Jesus (Marcos 16:6; Lucas 18:37).
Os demônios sabem que um dia eles serão destruídos (Mateus8:29). Daí, a pergunta: “Vieste para perde-nos?” Esta pergunta mostra que eles conhecem as Escrituras, pois, isto está profetizado já em Gênesis 3:15 (cf I João 3:8; Apocalipse 20:10). Também, usando a expressão “o Santo de Deus”, Ele fez alusão à passagem Messiânica do Salmo 16:10.
Mas Jesus não aceitou nenhum desses testemunhos. Aceitá-los seria receber apoio das trevas. Em Mateus 12:17 os fariseus O acusaram de operar com o poder do maioral dos demônios. Por isso Jesus repreendeu aquele espírito imundo dizendo: “Cala-te e sai desse homem”. Ele obedeceu à ordem prontamente e saiu desesperado. Lucas informa que o demônio saiu daquele homem possesso, sem causar-lhe nenhum dano.
A reação dos presentes agora, foi maior do que no início. Primeiro eles se “maravilharam” pelo ensino e pela autoridade com que Jesus falava. Depois do milagre eles ficaram “pasmados” e ligaram o ocorrido tanto à doutrina, como à autoridade de Jesus sobre os demônios. Não é sem motivo que já neste primeiro episódio do Seu grande ministério, a fama de Jesus correu para todos os lados e ultrapassou as fronteiras da Galiléia.