terça-feira, 13 de janeiro de 2015

JESUS ACALMA UMA TEMPESTADE

                                     JESUS ACALMA UMA TEMPESTADE
                          MARCOS 4:35-41   (Mateus 8:23-27; Lucas 8:22-25)

V.35 – Naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes Jesus: Passemos para a outra
            margem.
V.36 – E eles, despedindo a multidão, o levaram assim como estava, no barco;
            e outros barcos o seguiam.
V.37 – Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam
            contra o barco, de modo que o mesmo já estava a encher-se de água.
V.38 – E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro; eles o despertam
           e lhe dizem: Mestre, não te importa que pereçamos!
V.39 – E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Acalma-te,
           emudece! O vento se aquietou e fez-se grande bonança.
V.40 – Então lhes disse: Por que sois assim tímidos? Como é que não tendes fé?
V.41 – E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros:
           Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?

Ao descrever esse episódio da travessia do Mar da Galiléia, nenhum dos evangelistas faz menção do medo que os discípulos sentiram da tempestade. O que eles põem em evidência é o grande temor que lhes sobreveio, quando perceberam quem era Aquele homem capaz de dar ordem ao vento e ao mar, e tudo se acalmou.
É importante observar que o curso da narrativa de Marcos, daqui por diante, é dirigido no sentido dos discípulos conhecerem melhor o Mestre, até que eles pudessem reconhecer que Ele é o Messias. Neste sentido, veja a sequência de milagres nos capítulos seguintes:

1 – A cura do endemoninhado Geraseno (5:1-14)
2 – A cura de uma mulher enferma (5:24-34)
3 – A ressurreição da filha de Jairo (5:35-43)
4 – A primeira multiplicação dos pães (6:30-44)
5 – Jesus anda sobre o mar (6:45-52)
6 – A cura da filha da mulher Sírio-Fenícia (7:24-30)
7 – A cura de um surdo gago (7:31-33)
8 – A segunda multiplicação dos pães (8:1-10)
9 – A cura de um cego em Betsaida (8:22-26)

Com tudo isto, Marcos mostra que os discípulos foram levados a concluir o que está expresso na confissão de Pedro: “Tu és o Cristo” (8:29).
As narrativas de Mateus e de Lucas sobre estes acontecimentos são mais breves e menos ricas de detalhes do que a de Marcos. Isto leva a crer que Pedro, nas suas pregações que deram origem ao Evangelho de Marcos, recordava muitos fatos que os outros não relataram. É digna de nota, também, a atitude discreta de Mateus e de Lucas, que não fazem referencia à repreensão dos discípulos a Jesus (V.38) porque Ele dormia, enquanto o barco estava enchendo-se de água, a ponto de afundar (Lucas 8:23).
Convêm observar que os fatos ocorridos neste episódio, bem como nos outros seguintes, fazem parte do treinamento que Jesus estava dando àqueles homens que Ele escolhera para estarem com Ele e para enviá-los a pregar (Marcos 3:13-15).
Depois de um dia cheio de atividades, ensinando as parábolas, ocupado com as multidões, ensinando os discípulos em particular, Ele ordenou passar para a outra margem do lago. Despedindo as multidões, os discípulos o levaram “assim como estava”. Ele estava no barco, provavelmente cansado física e mentalmente pelo trabalho do dia, e assim partiram rapidamente, sem nenhum preparo e sem saber quanto tempo ficariam longe de seus lares. Já era tarde, provavelmente ao pôr do sol e outros barcos os seguiam. Pouco depois de partirem, encontravam-se em meio a uma grande tormenta. Era uma tempestade típica do mar da Galiléia. Esta porção de águas localizada no vale do rio Jordão fica numa depressão a 210 metros abaixo do nível do mar e mede cerca de 21 quilômetros de comprimento no sentido norte-sul, com uma largura máxima de 13 quilômetros no sentido leste-oeste. Embora tendo um clima quente mas agradável, a região apresenta mudanças climáticas impressionantes, que ocorrem repentinamente. Trata-se de tempestades violentas, provocadas por correntes de vento que descem das escarpas das montanhas do lado oriental do lago, e que se elevam a mais de 60 metros de altura. Canalizados nas ravinas das montanhas, elas alcançam enormes velocidades e provocam enorme impacto nas águas do lago, produzindo grande turbulência. O efeito deste fenômeno sobre um pequeno barco de pesca sobrecarregado de pessoas, embora algumas fossem homens do mar, é o que se lê no V.37, em Mateus 8:24 e Lucas 8:23.
Pelo desespero dos discípulos, parece que eles achavam que o seu fim tinha chegado, que iam perecer. De fato, a palavra usada por Marcos para descrever aquela tempestade significa mais do que uma tempestade comum, significa algo como um furacão, que Mateus descreve como um grande abalo sísmico (Mateus 8:24 – “seismòs mêgas”).
O desespero dos discípulos levou-os a acordarem Jesus, repreendendo-o por dormir, enquanto eles estavam em perigo de morte. A reação de Jesus foi a mais controlada possível. Ele simplesmente repreendeu o vento que causava a turbulência no mar, e ao mar ordenou: “: Acalma-te, emudece”. Com estas mesmas palavras, Jesus fez calar um demônio em Marcos 1:25. Aqui está uma figura interessante: assim como o espírito maligno deixava aquele homem agitado, o vento furioso também agitava a água do mar.
Diante deste acontecimento, devemos analisar a reação dos discípulos. Eles estavam apavorados em meio à tormenta. Foram recorrer a Jesus e o repreenderam porque, cansado, Ele dormia na popa sobre alguma cousa como um travesseiro. Acordado, Ele repreendeu o vento e acalmou o mar e, imediatamente tudo voltou à calma, à paz. Os discípulos, atônitos, questionavam: Quem é este homem capaz de ordenar às forças da natureza? Eles estavam possuídos de grande temor. Não por causa da tempestade, mas por causa deste Personagem, diante de quem eles se encontravam. A pergunta de Jesus: “Por que sois assim tímidos, como é que (ainda) não tendes fé?”, refere-se à fé devida a Jesus mesmo, que despertou neles tão grande temor.
A lição que devemos aprender destes fatos é que Jesus está sempre presente e disposto a acalmar todas as tempestades que possam ocorrer em nossa vida e em nosso ministério cristão. Ele tem poder para ordenar às forças naturais, sobrenaturais e espirituais, porque “Tudo foi criado por meio dele e para ele”  (Colossenses 1:16), “ e, sem ele, nada do que foi feito se fez”    (João 1:3b). 
Quanto ao que aconteceu com os outros barcos que acompanharam Jesus naquela travessia, de nada sabemos, porque a Bíblia não diz. A nossa esperança é que seus tripulantes não tenham perecido, desde que Jesus acalmou a tempestade.