segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

AI DAS CIDADES QUE NÃO SE ARREPENDERAM

                               AI DAS CIDADES QUE NÃO SE ARREPENDERAM
                                        LUCAS 10:13-16     (Mateus 11:20-24)

V.13 – Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e em Sidom se
           tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas
           se teriam arrependido, assentadas em pano de saco e cinza.
V.14 – Contudo, no juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom, do que para
          vós outros.
V.15 – Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura até ao céu? Descerás até ao
          inferno.
V.16 –Quem vos der ouvidos, ouve-me a mim; e, quem vos rejeitar, a mim me
          rejeita; quem, porém, me rejeitar, rejeita aquele que me enviou.

Este parágrafo destaca três cidades reprimidas por Jesus, por rejeitarem a Ele e a Sua pregação do reino de Deus. Corazim, Betsaida e Cafarnaum tinham uma população, na maioria, de judeus. Portanto elas portavam uma bagagem de conhecimento e de cultura suficientes para compreender a mensagem do Mestre. Por isso, Ele as contrasta com Tiro e Sidom, cidades gentias que não tinham aquele lastro para O compreenderem. O caso destas cidades está incluso no princípio segundo o qual, o julgamento é mais rigoroso, quanto maior for o conhecimento que o indivíduo ou o povo recebe a respeito de Deus e das Suas leis (12:48). Não é sem razão que Lucas coloca este episódio no contexto da missão dos setenta, inserindo-o no assunto das cidades que não os receberam.
Mateus inicia a descrição destes fatos, como se fosse um desabafo de Jesus, pelo fato d’Ele ter feito ali muitos milagres e, contudo, não ter havido arrependimento.
O apóstolo João afirma que Jesus fez muitíssimo outros milagres, além dos que estão registrados no Novo Testamento (João 20:30; 21:25). No caso de Betsaida e Cafarnaum, temos apenas alguns referidos, mas de Corazim, nenhum, embora a repreensão de Jesus de a entender que Ele operara milagres lá também.
Corazim ficava a três mil e duzentos metros de distância de Cafarnaum, na direção norte. Ela é mencionada somente duas vezes no Novo Testamento, e, em relação a esta repreensão, aqui em 10:13 e em Mateus 11:21. Betsaida ficava cerca de 8 Quilômetros a leste de Cafarnaum, e é mencionada várias vezes no Novo Testamento. Era a cidade de origem de André, Pedro e Filipe (João 1:44; 12:21). Foi nas suas proximidades que Jesus fez a primeira multiplicação de pães (9:10-17). Ali, também, Ele curou um cego em duas etapas (Marcos 8:22-26). Um dia depois da multiplicação dos pães, o povo que lá estivera foi procurá-lO em Cafarnaum (João 6:22-25) e travou com Ele uma discussão que se estende até João 6:69, resultando na debanda de muitos dos Seus discípulos, permanecendo porém os doze (Vs. 66-69).
Na cura do cego de Betsaida, a atmosfera dos acontecimentos parece indicar que ali também havia uma rejeição do povo à pessoa de Jesus e a Sua pregação do reino. Isto, porque Ele tomou o cego pela mão e o levou para fora da cidade, para operar o milagre e, depois da cura, ele disse ao cego que não entrasse na cidade. Provavelmente o povo não estava crendo n’Ele (cp Marcos 6:5-6; Lucas 4:29-30), como também, poderiam hostilizar o homem curado     (cf João 9:13-23). É digno de observação o cuidado e o carinho que Jesus dispensou àquele homem, tomando-o pela mão e conduzindo-o para fora da cidade, a um lugar em pudesse tratá-lo adequadamente. Bendito seja o Deus de misericórdia que habitou entre nós.
Cafarnaum foi a cidade capital do ministério de Jesus na Galiléia, e foi lá que Ele deu a demonstração do Seu poder, mais do que em qualquer outra cidade. Embora Ele fosse recebido com entusiasmo pelo povo, foi ali que os Seus adversários, escribas e fariseus, O perseguiram mais acirradamente e rejeitaram a Sua pessoa e a Sua pregação.
Estas três cidades estão no ponto central do círculo em que Jesus exerceu o grande ministério da Galiléia. Mas eles O rejeitaram definitivamente, como o fizeram quase todos os líderes religiosos da Galiléia. Nisto, elas não ficaram atrás de Jerusalém e da Judeia, que dispensaram ao Filho de Deus o mesmo tratamento. Isto fica mais evidente no Evangelho de João, quando registra a sua última semana em Jerusalém. Mas, os sinóticos também contém muitas informações a esse respeito.
Tiro e Sidom, cidades da fenícia, de população basicamente gentia, distantes de Cafarnaum, quarenta e oito e oitenta quilômetros respectivamente, naqueles dias eram conhecidas pela sua pecaminosidade, como Sodoma, nos tempos do Velho Testamento. A sentença de Jesus para Corazim e Betsaida é mais severa do que para Tiro e Sidom porque ao ver as obras que Ele fez naquelas cidades, elas teriam-se arrependido sinceramente. Cafarnaum é especialmente destacada na repreensão do Mestre, porque Ele passou muito mais tempo lá, e fez muito mais milagres entre o povo. Além disso ela era uma cidade orgulhosa e presunçosa por causa do seu comércio próspero e intenso, e das privilegiadas condições sociale religiosa. A expressão “Descerás até o inferno (hades)” é para contrastar com a expressão “Elevar-te-ás, porventura até o céu?”. Isto significa que Jesus está pronunciando o juízo de Deus sobre ela, que será destinada a ruína. De fato, Cafarnaum foi destruída em consequência das guerras judaicas contra os romanos nos anos 66 a 60 da nossa era. Mas, seus cidadãos que rejeitaram Jesus, ainda tem que enfrentar uma batalha contra o Supremo Juiz, no juízo final.
Quem ouve a palavra de Cristo ou de seus enviados, ouve o próprio Cristo. Quem rejeita os Seus enviados rejeita a Ele e Aquele que O enviou.