A RESSURREIÇÃO DO FILHO DA VIÚVA DE NAIM
LUCAS 7:11-17
V.11 – Em dia subsequente dirigia-se Jesus a uma cidade chamada Naim, e iam
com ele os seus discípulos e numerosa multidão.
V.12 – Como se aproximasse da porta da cidade, eis que saia o enterro do filho
único de uma viúva; e grande multidão da cidade ia com ela.
Naim é, atualmente, a cidade de Neim, próxima da antiga Suneim, onde Elizeu ressuscitou um menino filho da sunamita (II Reis 4:22ss). Situada a sudoeste de Cafarnaum, a distância entre as duas cidades podem ser vencida em menos de um dia de percurso a pé. Naim é citada no Novo Testamento, exclusivamente nesta história de Lucas. No verso 11 observa-se que o evangelista destaca os discípulos de Jesus da grande multidão que O acompanhava. Isto é devido ao fato d’Ele ter escolhido recentemente doze entre todos os outros, aos quais deu o nome de apóstolos (Lucas 6:12-19). Na sequência da narrativa de Lucas, esta é a primeira caminhada do Mestre juntamente com os doze escolhidos.
Ao se aproximarem da cidade, depararam-se com um enterro que saia do portão em direção a um cemitério localizado fora das muralhas. O cortejo anunciava uma trágica fatalidade. Como era de costume na época, carpideiras profissionais lamentavam o acontecimento com prantos e uivos frenéticos e estridentes, acompanhados do som de flautas e de címbalos, que simbolizavam a dor de uma mãe viúva que acabava de perder o seu único filho. Prestando-lhe solidariedade, grande multidão da cidade a acompanhava.
A situação daquela viúva era aflitiva por ter perdido o seu único filho, a última esperança de ter dignidade numa sociedade primitiva como aquelas do Oriente Próximo que discriminavam mulheres que não tinham o apoio de um homem para protegê-las. Elas não tinham direitos legais, e nem mesmo o seu testemunho era aceito diante das autoridades. Duro era o tratamento dado as viúvas naqueles tempos.
V.13 – Vendo-a o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores!
V.14 – chegando-se tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse:
jovem, eu te mando: Levante-te.
V.15 – Sentou-se o que estivera morto e passou a falar; e Jesus o restituiu a sua
mãe.
Os Evangelhos atestam que Jesus tinha profundo sentimento de compaixão por pessoas que sofriam, pessoas desamparadas, discriminadas ou injustiçadas (Mateus 14:14; 15:32; 20:34; Marcos 1:41; 8:2). Vendo aquela mulher, Ele se compadeceu dela e confortou-a dizendo: “Não chores!”. Igualmente, quando familiares de Jairo Lhe disseram: “Tua filha já morreu;
por quê ainda incomodas o mestre”?, Ele o encorajou, dizendo: “não temas, crê somente” (Lucas 8:49-50). Aqui Ele aproximou-se do cortejo, tocou o esquife, sem preocupar-se em ficar cerimonialmente contaminado e disse: “Jovem, eu te mando: Levanta-te”. Estas palavras são muito cheias de significado “Eu te mando”, revela a Sua autoridade para ordenar no reino dos mortos. “Levante-te”, mostra o poder da Sua palavra sob o qual o jovem levantou-se e sentou-se. Pelo contexto, a ordem de Jesus para o jovem levantar-se significa ressurgir dos mortos, e o termo usado por Lucas ao escrever “sentou-se” era um termo técnico usado pelos médicos para descrever o ato de um paciente sentar-se no leito, sentindo-se bem. A prova de que o milagre foi perfeito é que o jovem começou a falar. As palavras de Lucas quando diz que Jesus o restituiu a sua mãe encontram um paralelo nas palavras de I Reis 17:23, quando Elias entregou o filho ressuscitado à viúva de Sarepta.
V.16 – Todos ficaram possuídos de temor, e glorificavam a Deus, dizendo:
Grande profeta se levantou entre nós, e: Deus visitou o seu povo.
V.17 – Esta notícia a respeito dele divulgou-se por toda a Judéia e por toda a
circunvizinhança.
Este milagre trouxe o temor de Deus sobre o povo que passou a glorificá-Lo com palavras de reconhecimento de que as profecias messiânicas estavam-se cumprindo. O grande profeta refere-se a Deuteronômio 18:18-19. A expressão “Deus visitou o seu povo” descreve a intervenção de Deus na história de Israel, tanto em ocasião de julgamento, como de salvação (Êxodo 20:5-6; Salmo 106:4). Lucas usa esta expressão no capítulo 1, versos 68 e 78 do seu Evangelho para descrever a chegada do reino messiânico.
O verso 17 fala da repercussão deste milagre, que ultrapassou os limites da Judéia e que, de fato chegou até João Batista que se encontrava na prisão em Maquero, do outro lado do Jordão.