sábado, 10 de janeiro de 2015

A PARÁBOLA DOS TRABALHADORES NA VINHA

                                A PARÁBOLA DOS TRABALHADORES NA VINHA
                                                       MATEUS 20:1-16

V.1 - Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de
         madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha.
V.2 - E, tendo ajustado com os trabalhadores a um denário por dia, mandou-os
         para a vinha.
V.3 - Saindo pela terceira hora, viu, na praça, outros que estavam desocupados
V.4 - e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo. Eles
         foram.
V.5 - Tendo saído outra vez, perto da hora sexta e da nona, procedeu da mesma
         forma,
V.6 - e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros que estavam
         desocupados e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia
         todo?
V.7 - Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então, lhes disse ele:
         Ide também vós para a vinha.

A conjunção “porque” do V.1 introduz o motivo desta parábola. Ela foi criada por Jesus, para responder à pergunta de Pedro em 19:27, que estava preocupado com as vantagens de ter deixado tudo, para seguir Jesus. Deste modo, a parábola deve ser entendida como a réplica do Mestre, dando continuidade ao assunto do perigo das riquezas, mostrando como Deus administra as recompensas. É uma resposta bem concernente à ideia de vantagem que Pedro nutria em relação ao jovem rico que não quis deixar tudo o que tinha para seguir Jesus (19:21-22). Aquele jovem, com certeza, não pode ter recebido recompensa, a não ser que ele se arrependeu mais tarde. Mas, quem deixa tudo por causa do reino de Deus não pode pensar em receber maiores recompensas do que outros. Porque Deus ministra a Sua graça com justiça (Vs.13 a 15).
As vinhas eram propriedades rurais em que se cultivava especialmente a uva, e constituíam um elemento característico da paisagem palestinense. Mas, como conceito, era uma figura histórica e bem presente na mente dos judeus. A nação de Israel era uma vinha que Deus plantou e dela cuidava com muito carinho (Isaías 5:1-7).
Nesta parábola, o dono da casa (proprietário da vinha) deve ser interpretado como Jesus (João 1:11). Ele sai apressadamente de madrugada para contratar trabalhadores para sua vinha. Depois volta novamente à hora terceira, à hora sexta e à hora nona (9,12,15 horas, respectivamente do nosso horário) e por último, à décima primeira hora (5 horas da tarde). Pelo que se observa, tratava-se de uma contratação emergencial. Isto, porque o período da colheita, entre julho e setembro, estava chegando ao fim, e havia urgência de colher as uvas, antes que viessem as chuvas que chegavam logo em seguida, e poderiam danificar o produto (cf 9:37-38).
A contratação dos obreiros diaristas era feita numa praça da aldeia ou da cidade, onde os trabalhadores, munidos de suas ferramentas de trabalho, aguardavam ansiosos por uma oportunidade de conseguir qualquer ocupação que lhes rendesse alguma cousa, com que pudessem socorrer suas famílias que, normalmente, viviam à beira da inanição.
Com o primeiro grupo de trabalhadores, foi ajustado o salário normal de um denário, para trabalhar o dia todo, das seis às dezoito horas. Com os outros, nada foi estabelecido, senão a promessa de receberem o que era justo, com exceção dos últimos, que foram na confiança da ordem do dono da vinha.

V.8 - Ao cair da tarde, disse o senhor da vinha ao seu administrador: Chama os
         trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos, indo até aos
         primeiros.
V.9 - Vindo os da hora undécima, recebeu cada um deles um denário.
V.10 - Ao chegarem os primeiros, pensaram que receberiam mais; porém
           também estes receberam um denário cada um.
V.11 - Mas, tendo-o recebido, murmuravam contra o dono da casa,
V.12 - dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora; contudo, os
           igualaste a nós, que suportamos a fadiga e o calor do dia.

Chegada a tarde, o dono da vinha mandou seu administrador chamar os trabalhadores para lhes pagar o salário. De acordo com a Lei, o salário não podia ficar retido durante a noite, porque os operários tinham urgência de utilizá-lo para provisão das necessidades da família (Levítico 19:13; Deuteronômio 24:15). Atendendo à ordem do seu senhor, o administrador começou pelos últimos contratados, que trabalharam somente uma hora e, por último os que trabalharam de sol a sol. Todos eles receberam igualmente um denário. Esta foi uma estratégia do dono da vinha, para que os contratados em primeiro lugar refletissem a respeito da conjuntura presente. Apesar de que eles pensavam que receberiam mais, não houve pedido de reajuste, e nem reclamação de injustiça. Mas eles demostraram o sentimento de ciúme contra os últimos contratados, porque foram igualados a eles. É como a reação do irmão mais velho na parábola do filho pródigo (Lucas 15:29-30).

V.13 - Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não
           ajustaste comigo um denário?  
V.14 - Toma o que é teu, e vai-te; eu quero dar a este último tanto como a ti.  
V.15 - Não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olho
           porque eu sou bom?  
V.16 - Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.

Nesta parábola fica explícito que a benção da salvação é a mesma para todos os que entram no reino, independentemente do tempo em que alguém já está nele. Os judeus que entraram nele antes dos gentios não têm mais vantagens do que os gentios (Efésios 1:12-14).
Os primeiros discípulos chamados por Jesus não têm mais vantagem do que o ladrão que foi salvo no último dia da sua vida, na cruz (Lucas 23:42-43). Por quê essa generosidade na distribuição dos seus bens, apesar da diferença do tempo de serviço? Resposta: É porque Deus, na Sua imensa bondade e misericórdia, como proprietário absoluto de Seus bens, quer distribuí-los, como Lhe apraz. Isto não é injustiça. A lógica espiritual não é subordinada à lógica matemática, e a graça de Deus não obedece a postulados humanos.
Quanto ao provérbio final do V.16 que diz: “Assim os últimos serão primeiros e os primeiros serão últimos”, observamos um princípio usado em outras passagens e contextos diferentes (cf Lucas 13:30). Mas alguns teólogos relacionam este provérbio com a afirmação de Jesus em Mateus 8:11-12 e com o que Paulo escreve sobre a nação de Israel nos capítulos 11 e 12 de Romanos, enfatizando os Vs.25 e 26 do capítulo 11, e tiram as seguinte conclusão: Jesus veio implantar o reino de Deus entre os judeus, onde tudo começou. Mas a nação O rejeitou pela dureza de seus corações. Assim também eles foram rejeitados por Deus (V.14) e os gentios tomaram o lugar de Israel na igreja (Romanos 10:19). Agora, o que se espera é que a nação se converta, para que todo o Israel de Deus seja salvo e todos recebam a mesma recompensa, que é a salvação. Analise Romanos 11:25-32.
O Israel de Deus, hoje, é a igreja (Gálatas 6:16).