A PARÁBOLA DO SEMEADOR
MATEUS 13:1-9 (Marcos 4:1-9; Lucas 8:4-8)
V.1 – Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à beira-mar;
V.2 – e grandes multidões se reuniram perto dele, de modo que entrou num
barco e se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia.
V.3 – E de muitas cousas lhes falou por parábolas, e dizia: Eis que o semeador
saiu a semear.
V.4 – E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves a
comeram.
V.5 – Outra parte caiu em solo rochoso onde a terra era pouca, e logo nasceu,
visto não ser profunda a terra.
V.6 – Saindo, porém, o sol a queimou; e porque não tinha raiz, secou-se.
V.7 – Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram.
V.8 – Outra, enfim, caiu em boa terra, e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta
por um.
V.9 – Quem tem ouvidos {para ouvir}, ouça.
O capítulo 13 do Evangelho de Mateus é chamado “capítulo das parábolas do reino”. Dele constam sete parábolas, no ensino sistemático do Evangelho, organizado pelo evangelista. A palavra “parábola” significa “pôr ao lado” uma cousa da outra, para fazer uma comparação. Isto se faz com ensinos, para fins didáticos. Por exemplo, toma-se uma cena do cotidiano, como a pequena semente de mostarda que, sendo plantada, transforma-se numa árvore em que as aves do céu vêm fazer os seus ninhos. Isto se aplica ao reino dos céus que cresce de maneira semelhante e abriga muitas pessoas (Mateus 13:31-32). Assim, com exemplos comuns e fáceis de serem entendidos, é possível exemplificar verdades espirituais. Este método de ensino é bastante frequente no Velho Testamento e amplamente empregado fora do judaísmo. A versão grega do Velho Testamento, a chamada “Septuaginta” contém quarenta e cindo parábolas. Jesus fez uso muito frequente deste método de ensino em Seu doutrinamento (Mateus 13:34-35). O objetivo era que as pessoas simples pudessem entender o que Ele ensinava. Resumindo, quando Jesus diz, por exemplo, que o reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo (Mateus 13:24), o que Ele quer dizer é que, no reino dos céus, acontecem cousas semelhantes ao que acontece quando um homem semeia boa semente no seu campo. Nunca devemos interpretar literalmente estas imagens, pensando que o reino de Deus é um homem, ou uma semente ou um campo. A expressão “o reino dos céus é semelhante” é característica de Mateus e comparece dez vezes no seu Evangelho, enquanto nos Evangelhos de Marcos e de Lucas aparece duas vezes em cada um.
A parábola do semeador foi pronunciada por Jesus no mesmo dia da controvérsia com os escribas e fariseus a respeito do Espírito Santo, que vimos no capítulo 12, a partir do V.22. Ele voltou a ensinar na praia e grandes multidões reuniram-se perto d’Ele, de modo que Ele teve que entrar num barco. Ali assentou-se, enquanto a multidão permanecia em pé na praia. Jesus enuncia a parábola falando do semeador que lançava a semente sobre o terreno constituído de vários tipos de solo. Era comum a existência de pedras, de rochas que afloravam no solo, outras cobertas com uma camada de terra pouco espessa e de locais em que cresciam os indesejáveis espinheiros. Além disso havia locais de terra boa, mas também, o caminho por onde passavam os transeuntes.
O semeador retirava a semente de um bornal atado à sua cintura e a lançava sobre o terreno. Depois, seguia-se a operação com o arado, para revirar a terra e cobrir a semente. É possível imaginar que naquele dia houvesse alguns semeadores semeando naquela região, o que ilustrava ainda mais o ensino. A germinação da semente dependia muito do tipo de solo em que ela era lançada. A que caia à beira do caminho não podia germinar porque o solo era endurecido devido ao pisoteio das pessoas que por ali passavam. Ficando, assim, expostas, as aves do céu podiam vê-la e comê-la. A que caía em solo rochoso, coberto com pouca terra, germinava rapidamente (Marcos 4:5) por causa do calor mas, por falta de umidade (Lucas 8:6), de nutrientes, e por não poder criar raízes secava-se ao sair do sol. A parte que caía entre os espinheiros crescia com estes porque as sementes deles já estavam na terra. Sendo estas plantas daninhas mais resistentes que a semente semeada, elas acabavam por sufocar aquilo que nasceu da semeadura da semente do semeador e não podia produzir fruto. Finalmente outra parte caiu em boa terra e deu fruto, produzindo cem, sessenta, ou trinta vezes mais do que foi semeado.