sábado, 10 de janeiro de 2015

A PARÁBOLA DAS BODAS

                                             A PARÁBOLA DAS BODAS
                                                       MATEUS 22:1-14

V.1 - Então Jesus tornou a falar-lhes por parábolas, dizendo:
V.2 - O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho.  
V.3 - Enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não
        quiseram vir.  
V.4 - Depois enviou outros servos, ordenando: Dizei aos convidados: Eis que
        tenho o meu jantar preparado; os meus bois e cevados já estão mortos, e
        tudo está pronto; vinde às bodas.  
V.5 - Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o
        seu negócio;  
V.6 - e os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.  
V.7 - Mas o rei encolerizou-se; e enviando os seus exércitos, destruiu aqueles
        homicidas, e incendiou a sua cidade.

As duas parábolas anteriores registradas por Mateus em seu Evangelho, a dos “dois filhos” e a dos “lavradores maus”, estão intimamente relacionadas com a questão da autoridade do dono da vinha, pelo que se deduz de 21:23. Mas, esta, não. Mateus a inseriu no contexto, para ilustrar alegoricamente o auge da crise, no desdobramento da história. Nas duas anteriores, o personagem principal era um homem, dono de vinha. Nesta última, o protagonista é um rei, cuja autoridade também foi desafiada, mas por convidados que recusaram atender a um convite seu e, por isso, não foram desculpados.
O que se passa aqui é que o convite de um rei não era um simples gesto de cortesia social, mas era uma notificação pública para cidadãos que ficavam intimados a comparecer a um evento. No caso da parábola, era o casamento do filho do rei. Recusar o convite de um rei era o mesmo que ignorar a sua autoridade, e isso não podia ficar impune. Neste caso, o rei representa Deus, convidando muitos para participarem da Sua mesa no banquete Messiânico (cf Mateus 8:11-12). Ele não obriga ninguém a aceitar o Seu convite. Mas recusar significa desafiá-lO.
Convém esclarecer como eram feitos os convites nos tempos antigos em Israel. O anfitrião enviava seus servos para avisarem os convidados, antecipadamente, que estava preparando o banquete. No dia da festa, ele mandava os servos chamarem os convidados para vir. Na parábola, alguns não quiseram vir, recusando o amável convite do rei. Eles não tinham como excusar- se porque tinham sido avisado com antecedência. Apesar disso, ficaram indiferentes. O rei então, movido de uma expectativa angustiante, enviou uma segunda leva de servos com um recado que mostra a sua insistência e o ardente desejo de que os convidados ainda viessem participar da festa de casamento do seu filho. Ele tentou convencê-los, explicando que tudo tinha sido preparado, que os bois engordados especialmente na cocheira já tinham sido abatidos, tudo estava pronto e só faltava eles virem. Assim mesmo, eles não se importaram e foram, uns, tratar dos seus próprios negócios, enquanto outros, sentindo-se molestados, agrediram os servos, maltrataram-nos e os mataram.
A ira do rei descrita alegoricamente no V.7 é uma alusão à destruição de Jerusalém e ao extermínio daqueles judeus que mataram, não somente os profetas, mas também, o próprio Filho de Deus. As tropas do rei referidas no V.7 são as tropas romanas que invadiram e destruíram Jerusalém. A verdade é que Deus é soberano e toma providencias cabíveis, justas e necessárias, para atingir o seu propósito. Sendo soberano, Deus é dono de tudo e de toda e qualquer situação (Romanos 9:14-29; 11:33-36). Embora o casamento não tenha sido realizado naquela época, o banquete Messiânico permanece preparado, enquanto outros hóspedes estão sendo convidados (Vs.7-8; cf Mateus 8:11-12).

V.8 - Então disse aos seus servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas
        os convidados não eram dignos.  
V.9 - Ide, pois, pelas encruzilhadas dos caminhos, e a quantos encontrardes,
        convidai-os para as bodas.  
V.10 - E saíram aqueles servos pelos caminhos, e ajuntaram todos quantos
          encontraram, tanto maus como bons; e encheu-se de convivas a sala
          nupcial.  
V.11 - Mas, quando o rei entrou para ver os convivas, viu ali um homem que não
          trajava veste nupcial;  
V.12 - e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui, sem teres veste nupcial?
          Ele, porém, emudeceu.  
V.13 - Ordenou então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, e lançai-o nas
          trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.  
V.14 - Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.

Quando os primeiros convidados para o banquete mostraram ser indignos do convite, os servos foram enviados para as encruzilhadas dos caminhos, que eram pontos de encontro das rotas dos viajantes, onde muitas pessoas costumavam reunir-se. Eles, saindo, foram e trouxeram todos os que encontraram, maus e bons, e a sala do banquete ficou repleta. Os maus e bons referidos no V.10 é uma alusão, primeiramente aos publicanos e pecadores, mas também diz respeito aos gentios, que foram convidados para tomar o lugar daqueles que foram chamados anteriormente, e se recusaram a comparecer.
Os Vs,11 a 14 constituem uma parábola complementar da parábola narrado nos Vs.2 a 10. Nela, um dos participantes do banquete não trajava as vestes nupciais próprias para aquela cerimônia. Na inspeção que o rei fez dos convidados que estavam à mesa, ele perguntou àquele homem: “Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial?”. A palavra “amigo” aqui, não exprime amabilidade ou afeto, mas aponta para uma situação irregular que leva à pergunta seguinte: “Amigo, com que direito você entrou aqui, sem vestimenta nupcial?” (cf 20:13; 26:48-50). O fato daquele convidado emudecer significa que ele não tinha argumento para justificar a sua presença no banquete. Então o rei ordenou aos serventes que o amarrassem de pés e mãos, e o lançassem nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes.
Este episódio chama à atenção para o dia do juízo, quando nada escapará à vista do Juiz, que é Deus ou Jesus mesmo (cf Apocalipse 2:23; 20:11-15). Aquele homem fez um desafio à autoridade do rei, maior do que fizeram os convidados que não compareceram às bodas. Ele entrou no banquete por seus próprios meios, sem preocupar-se com os requisitos necessários. As vestes necessárias para participar das bodas do Cordeiro são símbolo da justiça de Deus imputada ao pecador que crê. É a mesma ideia de justificação e salvação (cf Apocalipse 3:4-5,18; 7:9, 13-14; 22:14; Isaías 61:10; Romanos 3:21-26).
Muitos dos que estão na igreja, encontram-se nesta situação. Eles entraram, mesmo crendo, mas não desenvolveram as características morais e espirituais compatíveis com os padrões do reino de Deus (cf I Pedro 2:1-2; II Pedro 1:2-11). Uma vez que, para o reino de Deus são trazidos maus e bons até preencher a sala (V.10), vemos neste episódio uma exortação para que ninguém permaneça como entrou, mas que use de toda a diligência para desenvolver a salvação, de acordo com as passagens acima citadas de I Pedro e II Pedro e ainda, Filipenses 2:12-13. A negligência e o relaxamento espirituais podem levar ao castigo descrito no V.13, de ser lançado nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes. Este é o inferno de fogo (cf 8:12; 13:42,50; 24:51; 25:30). Os serventes que se encarregarão disso são os mesmos anjos da parábola do joio e do trigo, e da parábola da rede, do capítulo 13 deste Evangelho.
A conclusão da parábola no V.14, esclarece que haverá uma separação dos bons e maus que estão juntos no reino de Deus. Os bons são escolhidos, os que foram encontrados apropriadamente vestidos, em reposta ao convite recebido para entrar na festa das bodas do Cordeiro. Estes são os escolhidos. Os escolhidos fazem parte dos chamados, mas nem todos os chamados são escolhidos.
A separação acontecerá no juízo Final, como é ilustrado na parábola do joio e do trigo (13:24-30, 36-48) e na parábola da rede (13:47-50).