sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A OFERTA DA VIÚVA POBRE

                                                             A OFERTA DA VIÚVA POBRE
                                                        MARCOS 12:41-44     (Lucas 21:1-4)

V.41 - Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali
          o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias.
V.42 - Vindo, porém, uma viúva pobre depositou duas pequenas moedas
          correspondentes a um quadrante.
V.43 - E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo
          que esta viúva pobre depositou no gazofilácio
          mais do que o fizeram todos os ofertantes.
V.44 - Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém,
          da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento.

O gazofilácio referido no V.11 corresponde a um recinto em que ficavam as caixas coletoras de ofertas destinadas à manutenção dos serviços do Templo. Segundo o Talmud, eram treze cofres em forma de trombeta, com uma boca mais larga em cima, que se afunilada à medida que ia descendo. Ao caírem, as moedas produziam um efeito sonoro, quando batiam nas paredes das trombetas, dando a impressão de uma cascata, até chegarem ao depósito, em baixo. Em Mateus 6:2, Jesus faz referência a esse sonido, feito com o propósito de chamar a atenção das pessoas em volta.
Cada trombeta era assinalada com uma letra do alfabeto hebraico, que indicava o serviço a que se destinava a oferta. Por exemplo, para lenha dos sacrifícios de ofertas queimadas, no altar dos holocaustos, para o incenso do altar dos incensos, para manutenção das vasilhas de ouro, para alimentação dos levitas etc. O gazofilácio ficava no pátio das mulheres, mas com acesso a qualquer pessoa que quisesse apresentar suas ofertas. É ali que Jesus se encontrava assentado, depois de um caloroso debate com os saduceus e com representantes do sinédrio (cf 20:27-44). Segundo o texto grego de Lucas 21:11, Ele que, possivelmente estava cabisbaixo, “ergueu os olhos”, para ver os ofertantes depositarem suas ofertas, e viu também uma viúva pobre, que deu uma pequena dádiva, enquanto os ricos davam as suas.
Ao Templo não compareciam apenas os líderes religiosos judeus. Havia também adoradores que se apresentavam para adorar a Deus sinceramente. Esta viúva pobre, não identificada, foi a pessoa que passou para a história do Evangelho, reconhecida pela justiça de Deus, como a que fez a maior contribuição, embora oferecendo a menor quantia, porque deu tudo o que tinha: duas moedas de cobre, as menores que estavam em circulação na época. Talvez o que bastasse para comprar um único pãozinho. Chegando humildemente, sem alarde, sem toque de trombeta como faziam os fariseus ao dar esmolas, lançou a sua oferta numa das treze caixas coletoras do Templo, no recinto do gazofilácio que era a “sala do tesouro”. Esta mulher, com seu gesto, representa o inverso dos escribas e dos fariseus avarentos, de religião rotulada e personalizada. A julgar pelo contexto, podia até ser uma das vítimas daqueles que devoravam as casas dos órfãos e das viúvas.
Quando Jesus mostra o contraste entre a oferta da viúva pobre e a dos ricos, ele não está negando o valor da contribuição dos ricos, nem ensinando que eles não devem contribuir. Ele está usando um padrão espiritual de comparação, ensinando que a oferta tem significado correspondente ao sacrifício que ela representa para aquele que a oferece. Poderíamos dizer também que a oferta não é avaliada por aquilo que é dado, mas por aquilo que sobra ao ofertante. Em toda a história do povo de Deus, tanto no Velho como no Novo Testamento, estão registradas pessoas ricas e pobres que contribuíram de coração para a obra de Deus. Jesus mesmo recebeu apoio financeiro de algumas mulheres para o seu ministério, de acordo com informação de Lucas 8:3, que menciona Maria Madalena; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Suzana, e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens. Ainda hoje existem igualmente homens e mulheres de posse que servem ao Senhor desta mesma forma, o que lhe é muito agradável.