A AUTORIDADE DE JESUS E O BATISMO DE JOÃO
MARCOS 11:27-33 (Mateus 21:23-27; Lucas 20:1-8)
V.27 - Então regressaram para Jerusalém. E andando ele pelo templo,
vieram ao seu encontro os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos,
V.28 - e lhe perguntaram: Com que autoridade fazes estas cousas?
ou quem te deu autoridade para as fazeres?
V.29 - Jesus lhes respondeu: Eu vos farei uma pergunta, respondei-me;
e eu vos direi com que autoridade faço estas cousas.
V.30 - O batismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me.
V.31 - E eles disseram entre si: Se dissermos: Do céu, dirá:
Então por que não acreditastes nele?
V.32 - Se, porém, dissermos: Dos homens; era de temer o povo;
porque todos consideravam a João como profeta.
V.33 - Então responderam a Jesus: Não sabemos. E Jesus por sua vez lhes disse:
Nem eu tão pouco vos digo com que autoridade faço estas cousas.
A purificação do Templo ocorrida na segunda feira foi um ato profético de Jesus, para mostrar a verdadeira finalidade da casa de Deus. Mas foi também um ato deliberado seu que causou grande repercussão entre os representantes oficiais do judaísmo. Por isso, quando ele voltou àquele recinto no dia seguinte, ele se defrontou com os principais sacerdotes, escribas e anciãos, que eram nada menos que uma delegação do Sinédrio. Eles queriam saber quem o autorizou a fazer aquelas cousas do dia anterior. Que Jesus agia com autoridade divina ficou claro desde o início do seu ministério pelos ensinos e pelos milagres que fazia. Os seus discípulos o compreenderam e passaram a segui-lo. Os fariseus não o compreenderam e, escandalizados, retraíram-se, condenando-se. Estas autoridades religiosas também não o compreendiam e deviam estar pensando que ele desejasse controlar a conduta no Templo ou colocar-se acima da Lei de Moisés, que dava esta atribuição aos Levitas, filhos de Aarão. No fundo, entre os motivos que os levava a esta investigação contra Jesus, estava a preocupação pela quebra do fluxo de negócios que, na época das festas, aumentava consideravelmente, mas agora estava sofrendo uma grande baixa. Eles esperavam que Jesus afirmasse ter feito aquilo com autoridade divina, para o acusarem de blasfêmia. E se ele dissesse que fez por conta própria, eles o prenderiam como um revolucionário perigoso, capaz de causar problemas ainda maiores para eles.
Mas Jesus usou de cautela para responder ao interrogatório. Ele recorreu a uma técnica comum da época, que era levantar outra pergunta em lugar da resposta. Agora eram os adversários que deviam responder, de onde vinha a autoridade com que João batizava. Assim eles foram colocados num beco sem saída, porque não aceitaram a autoridade divina da pregação e do batismo de João, mas também não podiam negá-la diante daquele povo que o reconhecia como profeta de Deus. Se afirmassem a autoridade divina de João não poderiam desculpar-se de tê-lo rejeitado e ainda teriam que aceitar Jesus, apontado por ele como o Messias. A maior falha destas autoridades judaicas que interrogaram Jesus foi a de não terem considerado a sua pergunta na dimensão espiritual em que ela foi feita, mas de a terem recebido simplesmente como um jogo intelectual para desafiá-los. Eles apenas afirmaram não saber com que autoridade João batizava, para evitar atrito com o povo e para não criarem problemas com a própria consciência.
E Jesus ficou desincumbindo de dar resposta àquela pergunta. Mas ficou muito claro que, se eles não aceitaram a autoridade de João Batista como profeta de Deus, tão pouco eles aceitariam que Jesus tinha autoridade divina para fazer o que Ele fez. Por isso de nada adiantaria qualquer explicação.