TEMA: SUCO DE UVA OU FRUTA DA VIDEIRA?
As palavras de Cristo são sempre muito cheias de significado. Quem não presta atenção a elas perde muito do seu conteúdo, com grande prejuízo do próprio crescimento e discernimento espirituais.
Na instituição da ceia Ele falou cousas profundas que estão registradas nos Evangelhos Sinóticos, isto é, em Mateus, Marcos e Lucas. Mateus 26:28-29 informa que Ele disse: “...isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados...desta hora em diante não beberei deste fruto da videira...” O fruto da videira é o conteúdo do cálice referido no verso 27.
Em Marcos 14:24-25, referindo-se ao cálice do verso 23 Ele disse: “Isto é o meu sangue , o sangue da Nova aliança, derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo que jamais beberei do fruto da videira, até aquele dia...”.
Em Lucas 22:20 está registrado que Ele falou: “...Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue, derramado em favor de vós”. Evidentemente Ele usa a figura de linguagem do “Símile” para comparar o fruto da videira com o seu sangue. Nós começaremos a entender isto se observarmos que pouco depois da ceia Ele enunciou a parábola da videira, começando com estas palavras: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor” (João 15:1).
Israel era comparado a uma videira trazida por Deus do Egito e plantada na Terra Prometida para produzir fruto. Mas a nação falhou no alvo proposto por Deus e não produziu o fruto esperado. Asafe reconhece o estado deplorável da nação no Salmo 80 e Isaías denuncia o seu fracasso em Isaías 5:1-7. Jesus também testifica esta condição de Israel no incidente da figueira sem fruto, em Mateus 21:18-19 e na parábola dos lavradores maus ( Mateus 21:33-46).
Afinal, quem tomou o lugar da nação para apresentar o fruto de Deus? Os próprios discípulos não se solidarizaram com o Mestre quando este foi preso. Todos eles fugiram ( Mateus 26:5); Pedro negou-o três vezes, pouco depois; o outro já o havia traído; as autoridades judaicas o condenaram; a nação gritava: “crucifica-o”. É muito pertinente, por tanto, a sua afirmação: “Eu sou a videira verdadeira”.
Foi assim que Jesus entregou a Deus o último e mais precioso fruto tão esperado, o seu sangue, fruto da videira verdadeira. Depois de uma vida de serviço prestado a Deus e aos homens, Ele ainda ofereceu a essência da sua vida, o líquido precioso, sem o qual seria impossível a remissão de pecados.
Chamar de “suco de uva”, palavra que não tem nenhum significado teológico, ao cálice tão cheio de significado, que representa o sangue de Cristo, na celebração da Ceia, é desprestigiá-lo. Isto é no mínimo falta de atenção ou de discernimento espiritual.