segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A CONTROVÉRSIA ENTRE JESUS E OS JUDEUS

                             A CONTROVÉRSIA ENTRE JESUS E OS JUDEUS
                                                       JOÃO 7:14-24

V.14 – Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ensinava.
V.15 – Então os judeus se maravilhavam e diziam: Como sabe este letras, sem
          ter estudado?
V.16 – Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu, e, sim, daquele que me
          enviou.

A festa já estava pela metade, talvez no quarto dia, quando Jesus, de repente, resolveu subir ao templo, com intrepidez, e começou a ensinar. Lá ficavam as autoridades religiosasdo judaísmo, os dirigentes dos judeus. Outras vezes Ele já tinha ido a Jerusalém, e ficou conhecido pelos feitos que lá realizara, como a purificação do templo (2:13-17) e a cura do paralítico no tanque de Betesda (5:1-18). Desta vez, em lugar de fazer milagres, Ele ensinava como um Rabi. Alguns comentaristas comparam o repentino aparecimento d’Ele no Templo com a profecia de Malaquias 3:1. As autoridades dos judeus ficaram surpresas com o Seu ensino e com a Sua habilidade de ensinar, como se fosse um Rabi. Não constava que ele tivesse sido matriculado em qualquer escola rabínica, para aprender as Escrituras de algum mestre famoso, como, por exemplo, Gamaliel (Atos 5:34; 22:3). Mas, também, Ele conhecia muito bem as tradições dos anciãos.
Diante da curiosidade das autoridades que se maravilhavam do ensino e da Sua maneira de ensinar Jesus explicou que o ensino não era d’Ele, mas d’Aquele que O enviou, isto é, de Deus. Nisto Ele contrastava com os rabinos que se limitavam a repetir ensinos acumulados pela tradição dos anciãos (Mateus 15:2; Marcos 7:1-5).

V.17 – Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina,
          se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo.
V.18 – Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que
          procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro e nele não há
          injustiça.

A forma condicional da frase do V.17 traduz a ideia de que a todo aquele que tem o desejo sincero de fazer a vontade de Deus, o resultado será o conhecimento da fonte de onde vem o ensino de Jesus, isto é, se o Seu ensino vem de Deus, ou se tem origem humana. “Fazer a vontade de Deus” é uma expressão comum dos escritos rabínicos e refere-se ao que Deus ordena que seja feita. Mas isto não deve ser entendido somente no plano intelectual. Deve, sim, ser posto em prática, por meio de uma fé obediente. Com isto, o fiel conhecerá a origem e a natureza divina do ensino de Jesus (João 3:31-35).
A expressão “própria glória” do V.18 significa “próprio louvor” ou “honra”. Ensinar procurando essas cousas é próprio daqueles que querem ser aplaudidos pelos ouvintes. Mas Jesus esclarece que Ele não agia desta maneira, porém, procurava a glória d’Aquele que O enviou. Isto provava que Ele é verdadeiro, ou genuíno, e que n’Ele não há injustiça. Em outras palavras, Ele não enganava ninguém, espalhando mentiras sobre a Sua origem, e nem ensinava cousas injustas das quais se possa desconfiar.

V.19 – Não vos deu Moisés a lei?Com tudo ninguém dentre vós a observa.
          Por que procurais matar-me?
V.20 – Respondeu a multidão: Tens demônio. Quem é que procura matar-te?
V.21 – Respondeu-lhes Jesus: Um só feito realizei, e todos vos admirais.

Por meio da pergunta do V.19, Jesus está afirmando que Moisés deu a Lei aos Judeus, mas Ele faz uma distinção entre receber e observar. Ele fala da negligência dos judeus em relação à Lei, de um modo geral, como Estêvão o faz em Atos 7:53. Mas, em seguida, Ele se refere ao sexto mandamento especificamente (Êxodo 20:18), quando expõe a intenção deles, de matá-lO. Mas esta questão levantada por Jesus não teve resposta por parte das autoridades dos judeus. Jesus estava consciente do propósito que eles tinham em mente.
No entanto, a multidão mal informada que se juntava em Jerusalém, vinda de toda parte do mundo para a festa, gritou: “Tens demônio. Quem é que procura matar-te”. Eles ignoravam a conspiração das autoridades (5:18) e acusaram-nO de ter demônio. Jesus respondeu a esse questionamento, recordando o milagre que Ele fizera ali mesmo, alguns meses antes, quando curou um paralítico no Tanque de Betesda, num sábado (5:8-9,18). A expressão de Jesus no V.21: “...e todos vos admirais”, não significa que eles ficaram maravilhados por causa do milagre, mas que eles ficaram chocados, porque Jesus ordenara ao homem curado que tomasse o seu leito, e o carregasse, no sábado.

V.22 – Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão, se bem que ela não vem
          dele mas dos patriarcas, no sábado circuncidais um homem.
V.23 – E se o homem pode ser circuncidado em dia de sábado, para que a lei de
          Moisés não seja violada, porque vos indignais contra mim, pelo fato de eu
          ter curado, num sábado, ao todo um homem?
V.24 – Não julgueis segundo a aparência, e, sim, pela reta justiça.

Os Vs.22 e 23 devem ser entendidos dos seguintes modos: Pelo motivo de Moisés ter dado a circuncisão, e ela poder ser aplicada a um ser humano em dia de sábado, sem que a Lei seja violada, vocês não devem irar-se contra mim pelo fato de eu ter restaurado no sábado um ser humano, na sua totalidade, isto é o seu corpo inteiro. Além da explicação de Jesus, que a circuncisão era anterior a Moisés (Gênesis 17:9-13), há uma verdade evidente nas Suas palavras:
Se é permitido aplicar uma pequena cirurgia num pequeno órgão de uma criança de oito dias, sem que a Lei seja violada no sábado, quanto mais não será permitida a restauração do corpo inteiro de um homem incapaz? Portanto, não havia motivo deles se indignarem contra Jesus.
Tentar matar Jesus por ter curado aquele paralítico no sábado era tornar-se culpado de um julgamento totalmente superficial. Mas, ver que Ele estava fazendo sinais que cumpriam os propósitos de Deus estabelecidos nas Leis relativas ao sábado e a circuncisão, seria fazer um julgamento reto ou “justo”, conforme costa no texto grego. Mas isto eles não estavam fazendo.