terça-feira, 16 de abril de 2013

QUESTÕES DE DISCERNIMENTO ESPIRITUAL


                                        QUESTÕES DE DISCERNIMENTO ESPIRITUAL

                   

                   A finalidade do presente trabalho é levar o

                   leitor a raciocinar com a lógica espiritual da

                   Palavra de Deus revelada pelo Espírito Santo

                   na Bíblia.                                                       

       De acordo com 1º Corintios 2:13-16 os seres humanos são classificados em:

1º) Homem Natural ( psychikos ), aquele que não aceita as cousas do Espírito de Deus, mas deixa-se levar pela própria alma.

2º) Homem Espiritual ( pneumatikos ), aquele que é capaz de julgar todas as cousas, porque tem a mente de Cristo, que nele é implantada pelo Espírito Santo de Deus ( vs. 15-16 ).

3º) Logo em seguida, no primeiro verso do capítulo 3, é mencionado um outro tipo de homem, o carnal ( sarkikos ). Ele pertence à igreja, mas o seu estágio de desenvolvimento espiritual é pequeno, e pode ser comparado ao das crianças que ainda não conseguem digerir o alimento sólido.

        Analise cuidadosamente as questões seguintes, para saber a qual das três categorias referidas você pertence. O ideal é enquadrar-se no verso 13 e ser capaz de discernir as cousas espiritualmente, conferindo cousas espirituais com espirituais.

       PRIMEIRA QUESTÃO: Falta de fé

         Muitas pessoas oram dizendo:

        “Senhor, espero que possas abençoar aquele irmão...”.

        “...que possas resolver essa situação...”

        “...que possas abrir as portas para este trabalho...”

        Leia em Marcos 9:21-23 a censura de Jesus sobre esta atitude: “Se podes! Tudo é possível ao que crê”. “Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos...” ( Efésios 3:20 ). Portanto não é necessário questionar o seu poder. Basta pedir-lhe com fé. Depende de você! Todavia será difícil para alguns mudarem esse modo de orar, ou porque já adquiriram tal hábito há muito tempo, ou porque gostam desta forma retórica “que possas”. Mas se você ora assim e consegue mudar, mude, para dar prova do seu discernimento espiritual.

 SEGUNDA QUESTÃO: Sensualismo e emoção

      Às vezes ouvimos alguém dizer: “Ontem sentimos a presença de Deus manifestar-se em nosso culto através de lágrimas, de risos de alegria e alguns sentiram até o aroma de um perfume que invadiu o nosso templo, enquanto outros viram anjos ao nosso redor”.

        O homem espiritual não sente a presença de Deus pelos órgãos do sentido: a visão, a audição, o tato, o paladar ou o olfato. O homem espiritual discerne espiritualmente a presença de Deus por convicção que vem através da Palavra e do Espírito, ou seja, de Deus mesmo. A Palavra diz: “...onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” ( Mateus 18:20 ). E ainda: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” ( Romanos 8:16 ). Trata-se de um processo espiritual. Mateus 16:17 mostra que estas convicções espirituais não podem vir por via sensorial ou emocional ( carne e sangue ), mas por via espiritual, diretamente de Deus; pois Jesus disse a Pedro: “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus”. Portanto, rir, chorar, dançar, pular etc, não produzem a presença de Deus. E, quanto à emoção, diz o profeta: “Enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto. Quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9).

 TERCEIRA QUESTÃO: Blasfêmia inconsciente

       É bem provável que você conheça aquele hino tão edificante que tem como tema: “Tu és fiel, Senhor”. Você já observou o que diz o último verso da sua última estrofe? Ele diz: “Tu és fiel, Senhor, fiel a mim”. Quem canta dessa maneira, ou é porque concorda com essa afirmação, ou é porque ainda não percebeu o erro teológico que se encontra nela.

        Crente e fiel significam a mesma cousa. Tanto que na língua grega em que foi escrito o Novo Testamento, uma só palavra, “pistós”, é que exprime esse conceito. Mas quando alguém crê com tanta convicção, a ponto de entregar-se totalmente em confiança àquele em quem crê, então dizemos que ele é fiel, porque é totalmente obediente. Fé e obediência constituem um binômio inseparável. Quem crê, obedece! Agora perguntamos: Quem é o homem, ou quem sou eu para afirmar que Deus é fiel a mim? Por acaso tenho algum mérito? Qual é a minha performance? Sou perfeito? Não é por meio de Jesus que recebemos tudo de Deus? (cf. 1º Corintios 1:30-31).

        Saiba que tudo quanto Deus prometeu a nós, Ele cumpre por ser fiel a si mesmo, isto é, à sua Palavra, às suas promessas. Observe o que Paulo escreve a Timóteo: “Se somos infiéis, Ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2º Timóteo 2:13). Leia Hebreus 6:13-14 e veja como esta passagem esclarece definitivamente o assunto. Se você discerne espiritualmente esta questão e concorda com isto, passe a cantar assim: “Tu és fiel Senhor, eu creio em Ti”, pois o hino é muito bonito e edificante. Se, pelo contrário, alguém continua cantando como antes deve saber que está incorrendo em uma blasfêmia. Jesus nunca confiou nos seres humanos. Confira João 2:24-25.

 QUARTA QUESTÃO: Arrogância espiritual

        Um corinho difundido em muitas igrejas diz: “Seja bem-vindo a esta casa, (Deus) Pai”. “Seja bem-vindo a esta casa, (Deus) Filho”. “Seja bem-vindo a esta casa, (Deus) Espírito Santo”.

        Ninguém que tenha discernimento espiritual deve cantar dessa maneira porque estará cometendo um dos dois erros teológicos seguintes:

1º) Se “casa” refere-se ao templo material, o erro consiste em que “Deus não habita em santuário feito por mãos humanas” (Atos 7:47-48; 17:24).

2º) Se “casa” refere-se à igreja reunida, pior ainda, pois a casa (a igreja) é de Deus. 1º Timóteo afirma no v. 15 do capítulo 3: “...como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”. Como pode alguém dar boas vindas ao Dono da Casa? Até segundo os nossos costumes humanos esta é uma atitude arrogante! Antes, devemos ser humildes e agradecer-lhe por sermos bem recebidos na casa que Ele comprou com seu próprio sangue (Atos 20:28), casa que Ele mesmo edificou para habitar nela em Espírito (Efésios 2:22). Alias, o crente não recebeu de Deus um convite para adorá-lo. Ele recebeu uma ordem ou convocação permanente. Leia com atenção Lucas 22:19; 1º Corintios 11:24-25 e Atos 20:7 e entenda que a ordem de Jesus para celebrarmos a ceia é uma convocação à adoração. Hebreus 10:25 é uma admoestação à perseverança na adoração: “...não deixemos de congregar-nos como é de costume de alguns...”. Ao pecador o Senhor chama, exortando-o a aceitar ao convite da graça (Mateus 11:28-30; Isaías 55:1-3). Certo pastor fez um convite público pelo rádio, chamando os ouvintes para um culto em sua igreja ao qual compareceriam três “convidados” muito especiais, a saber, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Dizendo isto, ele parecia ser o dono da casa, colocando-se acima do próprio Deus. As crianças cantam  muito apropriadamente:

Cuidado, olhinho, com aquilo que você vê!

Cuidado, pezinho para onde você vai!

Cuidado, boquinha, com aquilo que você fala!

 QUINTA QUESTÃO: Palavras ao léu

1º) Alguns pregadores insistem em dizer: “Dê uma oportunidade a Jesus para entrar na sua vida”. Quem prega assim não é cônscio da autoridade do Senhor Jesus. É Ele quem dá ao pecador a oportunidade de reconciliação. Leia com atenção 2º Corintios 5:20 - 6:2 e veja como isto é claro. Veja também Atos 17:30-31. Muitos citam Apocalipse 3:20, colocando Jesus como a implorar para alguém lhe abrir a porta, dando-lhe concessão para entrar. Na realidade Ele está insistindo para esse alguém aproveitar a oportunidade que Ele oferece, abrindo-lhe a porta.

2º) Certo pregador apresentou-se na televisão e, com o intuito de provar que se deve guardar o 7º dia da semana, ele incluiu na sua argumentação a idéia de que Deus criou a Música com sete notas musicais. Na realidade, o que Deus criou foram as vibrações materiais que chegam aos nossos ouvidos e são transmitidas ao cérebro, onde são interpretadas como sons. É o ser humano quem aproveita os sons para fazer música, do mesmo modo que ele usa a pedra para fazer esculturas. Deus também não criou sete notas musicais. É o homem quem estabelece escalas com sons para, daí, fazer sua música. A nossa escala ocidental é constituída de sete notas chamadas naturais: do, ré, mi, fá, sol, lá, si e mais cinco bemóis e sustenidos. Doze notas, portanto, que dividem a oitava em doze semi-tons. Mas as escalas orientais dos árabes e dos hindus são muito mais ricas porque eles distinguem até o quarto de tom. A informação de que Deus criou a música ou sete notas musicais não se encontra na Bíblia. Portanto, não convém ultrapassar o que está escrito (1º Corintios 4:6). Atos 17:29 mostra que a arte é produto da imaginação humana.

 SEXTA QUESTÃO: A igreja de Cristo e o Natal

       Quando falo da igreja de Cristo, não me refiro à sua denominação, nem à sua igreja local. Refiro-me àquela igreja que Ele comprou com seu próprio sangue e que recebeu ou ainda recebe os ensinos do Mestre, transmitidos pelos apóstolos.

        Ouvi, há poucos dias, um pastor pregando pelo Rádio, o qual afirmou que as igrejas evangélicas que não comemoram o Natal estão prestando um “desserviço” ao cristianismo. O que tem a ver a comemoração do Natal com a doutrina de Cristo? Jesus não autorizou essa prática e nem os apóstolos a ensinaram à igreja. Os Evangelhos, escritos cerca de trinta anos após o ministério do Filho de Deus nesta Terra, nada dizem a esse respeito. Antes, aprendemos lições do Novo Testamento tais como “Não ultrapasseis o que está escrito” (1º Corintios 4:6) e “Ninguém, pois, vos julgue por causa de... dia de festa...Porque tudo isso tem sido sombra das cousas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo” (Colossenses 2:16-17). Jesus disse que  Deus procura verdadeiros adoradores, que o adorem em espírito e em verdade (João 4:23). Ainda mais, Ele disse: “Eu sou o caminho e a verdade e a vida...”(João 14;6). Ele é a verdade absoluta. Em todos os sentidos! Mas o Natal é o que? Uma farsa desde as suas origens! Vinte e cinco de dezembro não é o dia do nascimento de Jesus. E mesmo  que  fosse , nós não estamos autorizados a comemorá-lo. A igreja comemora a sua morte e ressurreição em obediência à sua ordem,por estatuto perpétuo, através da ceia, até que ele venha (1º Corintios 11:26). Esta sim é uma proclamação evangelística de nossa responsabilidade, uma vez que o anúncio do nascimento do Messias proclamado por anjos do céu já se cumpriu (Lucas 2:9-11). Quase todo cristão esclarecido sabe que o dia 25 de dezembro era consagrado ao deus Sol entre os pagãos do Império Romano, porque é a época do Solstício de Inverno no hemisfério norte, isto é, a época em que o Sol começa a prevalecer do seu mais baixo percurso, até chegar ao ápice, no Solstício de verão, seis meses depois. Seria, por assim dizer, o renascimento do Sol em seu vigor. Foi o imperador Constantino que, antes da sua pseudo-conversão, era adorador desse astro, quem consagrou a Cristo esse dia. A árvore de Natal e a troca de presentes ao seu pé são igualmente reminiscências do paganismo. Tendo em vista 2º Corintios  6:14-7:1, perguntamos:

“Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas?”

“Que harmonia entre Cristo e o maligno?”

“Que união entre o crente e o incrédulo?”.

Portanto, “retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor”. Em vista das promessas contidas no verso 6b desta passagem, o que devemos fazer é “purificarmo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus”. Assim, não queira transformar a igreja numa sociedade atrativa e agradável do ponto de vista humano, contaminando a verdadeira fé cristã com ingredientes adocicados, pois Deus nunca aceitou mel nos sacrifícios do Velho Testamento. Mas o sal que preserva agradava-o (Levítico 2:11-13). Por que comer carne sacrificada a ídolos? Reunião em família  ou com amigos no dia de Natal não é condenável, desde que isto não signifique uma profissão de fé. Mas trazer o Natal para dentro da igreja como memorial de Cristo é absurdo!

 SÉTIMA QUESTÃO: Chantagem espiritual

      A fé é um recurso por meio do qual é possível dirigir um indivíduo e até mesmo controlar uma grande população. Este fenômeno é conhecido há muito tempo pelos sociólogos e por aqueles que trabalham com multidões. A propósito, um dos mentores da Revolução Comunista que aconteceu na Rússia no século passado (1917) dizia: “A Religião é o ópio dos povos”. Porém os comunistas nunca se utilizaram da fé para manipular as massas porque eles são ateus e renegam qualquer tipo de expressão religiosa. Mas aqui no Brasil, em época de eleições, os políticos mais sagazes correm em busca de apoio dos pastores das grandes Igrejas e se apresentam como “religiosos”, visando ser recomendados aos fiéis daquelas comunidades. Nós, porém, não cuidamos de religião, mas da Revelação de Deus no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso temos a obrigação de  dirigir o povo eleito, pela direção do Espírito Santo e da Palavra, a fim de garantir-lhe um procedimento justo e seguro, sem forçá-lo a fazer aquilo que não é autorizado por Deus.

        A área da contribuição é aquela em que mais se revela a argúcia de certos pastores no sentido de coagir as ovelhas de seus rebanhos a contribuírem sempre mais e mais. Alguns deles agem como se estivessem num leilão: “Quem tem fé para dar Mil Reais?” “Quem tem fé para dar Quinhentos Reais?” e assim por diante, vão abaixando o valor da fé até Cinco Reias e Um Real. Depois é lançado o desafio do propósito ou da promessa de fé, uma contribuição mensal, visando aquelas pessoas que não dispõem de rendimento sustentável para garantir os recursos necessários no futuro. O argumento apresentado é sempre o mesmo: “Deus proverá!” É bem verdade que isto acontece algumas vezes. Mas eles não podem garantir isso sempre, pois eles não conhecem o tipo de fé de cada um que eles convencem a fazer o propósito. Convencimento não é fé! Então, como podem garantir que Deus honrará o compromisso que eles forjam na mente das pessoas? Quem conhece toda justiça de Deus para afirmar categoricamente que Ele vai fazer isto ou aquilo? Lembre-se do caso do Velho Profeta e do Jovem Homem de Deus do Velho Testamento. O Velho Profeta enganou o Jovem Profeta, Homem de Deus, induzindo-o a agir contra a Palavra de Deus que viera para este. O Jovem Profeta foi convencido e desobedeceu, pensando que estava obedecendo. Mesmo assim foi castigado de morte. Leia este caso inaudito em 1º Reis 13:1-32.

        Ninguém deve fazer o papel de Velho Profeta, induzindo as ovelhas a desobedecerem a Palavra do Espírito que fala sobre ofertas em 2º Coríntios 8:12 “...se há boa vontade (para contribuir) será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem”, e ainda: “Cada um contribua...não por tristeza ou constrangimento porque Deus ama a quem contribui com alegria” (2º Coríntios 9:7). A viúva pobre deu “tudo quanto tinha” (Marcos 12:44) e não o que não tinha.

        Há 34 anos, em 1973, visitei uma igreja que se reunia num velho casarão, bem perto do centro de São Paulo. Enquanto o “missionário” pregava e pedia ofertas, um grupo de obreiros empurrava uma leva de homens simples para dentro de uma pequena sala, onde uma secretária muito afoita datilografava compromissos de contribuição que eles assinavam. Eram pessoas pobres,desempregadas, algumas com problemas de saúde, na maioria nordestinas. Recentemente, em 2006, voltei a visitar aquela mesma igreja que, nesse período de tempo, construiu o maior templo evangélico do Brasil e, talvez, do mundo. A ganância também cresceu e o sistema de arrecadação aperfeiçoou-se. Hoje, lá, são usados argumentos desde os mais rudimentares, até aos mais sofisticados para convencer os presentes a contribuírem. Passagens bíblicas são apresentadas em profusão para justificar tal atitude. É tão contundente a agressão que, qualquer pessoa de bom senso sente-se revoltada, pasmada e escandalizada de presenciar esse espetáculo. Esta igreja cresce tanto, que conta com ramificações em todos os Continentes do nosso Planeta e possui no Brasil cerca de 50 radioemissoras próprias.

        Enfim, explorar a fé das pessoas pode dar grandes resultados financeiros, como escreve o  apóstolo Paulo em 1º Timóteo 6:6 “...grande fonte de lucro é a piedade...”, mas é uma leviandade muito grande por ser totalmente contra a Palavra de Deus. Os “Velhos Profetas” serão punidos com rigor, mais do que o Jovem Homem de Deus que foi enganado. O povo de Deus não deve ser submetido a constrangimento desta ordem porque “onde está o Espírito do Senhor, ai há liberdade” (2º Corintios 3:17).

        Finalmente, não é forçando as ovelhas a contribuírem além das suas posses que se faz crescer a igreja de Cristo. Desta maneira é possível fazer crescer uma denominação ou os seus projetos humanos, mas o reino de Deus cresce no Poder do Espírito, quando a Palavra é semeada e cultivada corretamente. Se você não crê nisto leia atentamente o livro de Atos. Se mesmo assim não crer, veja a sua condenação em Mateus 7:22-23.

        “Vivei acima de tudo por modo digno do Evangelho de Cristo...” (Filipenses 1:27).

 OITAVA QUESTÃO: Suco de uva ou fruto da videira?

          As palavras de Cristo são sempre muito cheias de significado. Quem não presta atenção a elas perde muito do seu conteúdo, com grande prejuízo do próprio crescimento e discernimento espirituais.

        Na instituição da ceia Ele falou cousas profundas que estão registradas nos Evangelhos Sinóticos, isto é, em Mateus, Marcos e Lucas.  Mateus 26:28-29 informa que Ele disse: “...isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados...desta hora em diante não beberei deste fruto da videira...” O fruto da videira é o conteúdo do cálice referido no verso 27.

        Em Marcos 14:24-25, referindo-se ao cálice do verso 23 Ele disse: “Isto é o meu sangue , o sangue da Nova aliança, derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo que jamais beberei do fruto da videira, até aquele dia...”.

        Em Lucas 22:20 está registrado que Ele falou: “...Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue, derramado em favor de vós”. Evidentemente Ele usa a figura de linguagem do “Símile” para comparar o fruto da videira com o seu sangue. Nós começaremos a entender isto se observarmos que pouco depois da ceia Ele enunciou a parábola da videira, começando com estas palavras: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor” (João 15:1).

        Israel  era comparado a uma videira trazida por Deus do Egito e plantada na Terra Prometida para produzir fruto. Mas a nação falhou no alvo proposto por Deus e não produziu o fruto esperado. Asafe reconhece o estado deplorável da nação no Salmo 80 e Isaías denuncia o seu fracasso em Isaías 5:1-7. Jesus também testifica esta condição de Israel no incidente da figueira sem fruto, em Mateus 21:18-19 e na parábola dos lavradores maus ( Mateus 21:33-46).

        Afinal, quem tomou o lugar da nação  para apresentar o fruto de Deus? Os próprios discípulos não se solidarizaram com o Mestre quando este foi preso. Todos eles fugiram ( Mateus 26:5); Pedro negou-o três vezes, pouco depois; o outro já o havia traído; as autoridades judaicas o condenaram; a nação gritava: “crucifica-o”. É muito pertinente, por tanto, a sua afirmação: “Eu sou a videira verdadeira”.

        Foi assim que Jesus entregou a Deus o último e mais precioso fruto tão esperado, o seu sangue, fruto da videira verdadeira. Depois de uma vida de serviço prestado a Deus e aos homens, Ele ainda ofereceu a essência da sua vida, o líquido precioso, sem o qual seria impossível a remissão de pecados.

        Chamar de “suco de uva”, palavra que não tem nenhum significado teológico, ao cálice tão cheio de significado, que representa o sangue de Cristo, na celebração da Ceia, é desprestigiá-lo. Isto é no mínimo ignorância ou falta de discernimento espiritual.

 NONA QUESTÃO: Sacrifício de tolos

        Domingo; culto de adoração; dia do Pastor. Após os avisos e os cânticos de louvor iniciais, subiu ao púlpito a mulher de um dos pastores, e leu um discurso em que enaltecia a cada líder pelo seu trabalho à frente do rebanho. Com sua alocução comovedora, destacando a atuação de cada um, quase arrancou aplausos da platéia de fiéis. Ao final pediu que se cantasse um hino em homenagem aos reverenciados.

        Não há nada de errado em reconhecer a dedicação dos guias do rebanho. Paulo ensina que os presbíteros que presidem bem são merecedores de dobrada honra (1º Timóteo 5:17) e o próprio Senhor Jesus os coroará com a coroa da glória, quando Ele se manifestar (1º Pedro 5:4). Mas o reconhecimento aos pastores pelo seu trabalho deve ser feito em momento à parte do culto. Quando a igreja se reúne, todos devem permanecer em atitude de reverente adoração a Deus, como está escrito em Apocalipse 5:13-b: “Àquele que está sentado no trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra e a glória, e o domínio pelo século dos séculos”. Amém! Portanto o tempo deve ser devotado exclusivamente a Deus, pois como diz Isaías 42:8, “Eu sou o Senhor este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem;...” Quanto, aos pastores, devem permanecer como servos humildes, sabendo que, oportunamente, receberão a sua recompensa, como Jesus ensina em Lucas 17:9-10, “Porventura terá de agradecer ao servo  por ter feito o que lhe havia ordenado? Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis porque fizemos apenas o que devíamos fazer”.

        Portanto, ninguém pode ser exaltado na presença de Deus. Antes, “guarda o teu pé quando entrares na casa de Deus: chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifício de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus e tu, na terra; portanto sejam poucas as tuas palavras” (Eclesiastes 5:1-2). Aqui cabe a exortação de 1º Corintios 14:34 para as igrejas apostólicas: “conservem-se as mulheres em silêncio nas igrejas porque não lhes é facultado falar...”.

 DÉCIMA QUESTÃO: Crise de autoridade

 Quem é o juiz autorizado por Deus? Jesus ou o pecador?

         Aceitar Jesus como Salvador? Ou Jesus aceitar o pecador e salvá-lo? Qual dos dois tem maior autoridade para aceitar o outro? O pecador ou Jesus? Você já leu em algum lugar do Novo Testamento que os Apóstolos ofereceram Jesus como alguém que os homens devem avaliar para decidir se o aceitam ou não? Seria uma arrogância muito grande da parte do pecador fazer um julgamento do Filho de Deus, antes de resolver aceitá-lo ou descartá-lo. Quem ensina esta doutrina vai mais além, afirmando que depois de declarar que aceitou Jesus como Salvador o pecador deve batizar-se para dar testemunho diante dos homens de que Jesus o salvou. Por um lado é Deus quem intima o homem a arrepender-se para não ser condenado por Cristo, como está escrito: “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância, mas agora notifica a todo homem, em todo lugar, que se arrependa, porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (Atos 17:30-31). Por outro lado, não é o homem que pode dar testemunho de que Jesus o salvou, porque Ele não aceita testemunho humano (João 5:34) e nem tão pouco a glória que vem dos homens (João 5:41). Deste modo o homem está totalmente desqualificado, seja para avaliá-lo ou para testemunhar da sua salvação. Quem testemunha a respeito da salvação do pecador é a Palavra de Deus que diz em At. 2:38-40: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”. E, “...Salvai-vos dessa geração perversa”.

        A expressão “aceitar Jesus como Salvador” nunca foi usada pelos apóstolos na prática da conversão. Antes eles foram muito incisivos como em Atos 2:36; 5:30-32; 7:51-52 (Estevam), colocando de maneira forte e imperativa a autoridade da Palavra de Deus, sem deixar o pecador na cômoda posição de julgar o Senhor.

        É glória para Cristo o fato do pecador crer pela pregação da Palavra, arrepender-se sincera e honestamente, ser batizado para remissão de pecados e receber o dom do Espírito Santo. Assim, Jesus é quem aceita o pecador e não o pecador é quem avalia Jesus.