E C L E S I
O L O G I A B Í B L I C A
A REVELAÇÃO DA IGREJA NO NOVO TESTAMENTO
ESPIRITUAL ONDE
DEUS HABITA EM ESPÍRITO E
ONDE ELE É ADORADO
EM ESPÍRITO E VERDADE
A ORGANIZAÇÃO DA
IGREJA
A
ADORAÇÃO DA IGREJA
A MISSÃO DA IGREJA
POR
Londrina, 13 de
Junho de 1988
Ref. : A Revelação da Igreja no Novo Testamento
Aos amados irmãos em
Cristo,
A graça e a paz do Senhor
Jesus Cristo sejam com todos.
É com gratidão a Deus que
lhes ofereço o presente trabalho, resultado de prolongada pesquisa, criteriosa
coleta de material e sincera meditação a respeito de um dos mais importantes
temas bíblicos, que é “A IGREJA”.
Os assuntos aqui tratados
são A IMPORTÂNCIA, A ORGÂNIZAÇÃO, A ADORAÇÃO e a MISSÃO DA IGREJA, à luz do
Novo Testamento. Nada há de novidade nesta obra; pelo contrário perguntamos tão
somente pelas veredas antigas, e qual o bom caminho (Jr 6:16) da boa e antiga
igreja apostólica do primeiro século.
Considerações tecidas sobres pontos mais específicos são devidas às
necessidades presentes da igreja.
É verdade que alguns
aspectos podem parecer novos, como a música na adoração, a interpretação
sacramental da ceia do Senhor e as qualificações dos presbíteros. Contudo são
problemas que se arrastam na igreja há mais de 1500 anos, pois começaram a
surgir logo nos primeiros séculos, após a morte dos apóstolos.
O que diz a palavra de
Deus a respeito de cada uma dessas questões?
É exatamente isto que precisamos saber, e
podemos ter a certeza de que o Novo Testamento, que contém a revelação da
igreja, traz também a resposta para cada uma delas.
Sabendo que há variedade
de opiniões e diferentes graus de discernimento a respeito de certos assuntos,
o que nos cabe é encomendar-nos ao Senhor e à Palavra da sua graça, que tem
poder para nos edificar e dar herança entre todos os que são santificados.
Foi isto o que fizemos
desde o início deste trabalho.
O Senhor seja com todos.
Riolando Carlos de Barros
ECLESIOLOGIA
I .
Definição do termo
A .
Etimologicamente a palavra consta de “eclesio” + “logia”
1 . A primeira parte, eclesio, vem do grego “ekklësia”,
que significa igreja ou
assembléia.
2 . A segunda parte, “logia”, também do grego,
significa estudo ou
descrição.
B .
Portanto, Eclesiologia é um estudo sobre a igreja.
Nós o desenvolveremos do ponto de
vista das doutrinas, natureza e
características da igreja.
II .
Os diferentes tipos de Eclesiologia
A .
Eclesiologia Histórica – estuda a igreja do ponto de vista do seu
desenvolvimento histórico
B .
Eclesiologia Religiosa – estuda a igreja do ponto de vista de
autoridades
religiosas como sociólogos,
filósofos, teólogos naturais etc.
C .
Eclesiologia Bíblica – estuda a igreja do ponto de vista das Escrituras
Sagradas.
III . A importância da Eclesiologia Bíblica
reside no fato de que somente este tipo de
Eclesiologia estuda a igreja do ponto
de vista da Bíblia, que é a única fonte
reveladora da mente de Deus sobre este
e muitos outros assuntos. Confira as
seguintes passagens: 2° Tm 3:16-17; 1°
Co 2:11-13; 2° Pe 1:21.
A .
Na eclesiologia Histórica aprendemos somente o que ocorreu com a igreja no
decorrer dos séculos – a sua
história.
B .
Na Eclesiologia Religiosa aprendemos o que certos homens pensam a
respeito
da igreja – pensamento humano.
C .
Mas na Eclesiologia Bíblica aprendemos o propósito de Deus para com a
igreja-
Ef 3:10-11.
R E V E L
A Ç Ã O D A I G R E J A
O que é a igreja, o que Cristo
representa para ela e
a vontade de Deus
para com ela são assuntos que se
encontram revelados
nas páginas do Novo Testamento.
O objetivo do
presente trabalho é expor estes assuntos
para trazer ao
conhecimento do leitor essa revelação
A IMPORTÂNCIA DA IGREJA
Compreender a grande importância da igreja é
fundamental para podermos prestar
serviço perfeito e agradável a Deus.
I .
Definição da palavra “igreja”
A .
É a tradução da palavra grega “ekklësia”, que tem o significado normal
de
assembléia, mas etimologicamente
sugere a idéia de “chamados” ou
“chamados para fora”.
B .
Algumas vezes a palavra “ekklësia” aparece no Novo Testamento, não em
sentido espiritual, como é o caso
de At 19:32,39, sendo traduzida simplesmente
por “assembléia”.
C .
A Septuaginta usou alternativamente as palavras gregas “ekklësia” e
“sinagögë”
para traduzir as palavras
hebraicas “edhah” e “kahal”, que significam a congre_
gação ou ajuntamento do povo de
Deus em Israel, ou de seus representantes, os
príncipes. Foi Jesus quem usou em
primeiro lugar a palavra “ekklësia” ou o
termo correspondente do aramaico,
traduzido por este, para se referir ao povo
de Deus no Novo Testamento, termo
que corresponde à palavra igreja do
Português
( Mt 16:18 ).
Certamento foi aí que a mente
apostólica se estribou para estabelecer sua
nomenclatura no Novo Testamento.
Utilizando a palavra “sinagögë” para
denominar a congregação dos
judeus, a sinagoga, consagrou a palavra
“ekklësia” para a assembléia
cristã, dando ênfase espiritual ao fato de que
ela é chamada por Deus em Cristo e, por isso,
qualificada como igreja de Deus
ou igreja de Cristo. A palavra “igreja” no
Novo Testamento é usada em sentido
de “igreja local” ( 1° Co 1:1-2; 1° Ts 1:1; Rm
16:23; Cl 4:15 ) ou “igreja
universal” ( Mt 16:18; Ef 5:23-26
).
II . A
igreja é uma instituição divina
A .
É divinamente planejada - Ef 3:10-11; 1° Pe 1:2; Ef 1:3-5.
B .
É divinamente edificada - Mt 16:18; 1° Co 3:11; Ef 2:13-22.
C .
É divinamente comprada - At 20:28; 1° Pe 1:18-20
D .
É divinamente organizada - Ef 4:11-14; At 20:28
E .
A igreja divinamente planejada e revelada é gloriosa, sem mácula, santa,
sem defeito e salva por
Cristo -
Ef 5:23,26,27.
Sendo então uma instituição divina e não
humana, só Deus tem o direito de dizer o
que é a igreja, o que ela deve ensinar
e o que ela deve praticar. O homem jamais
terá o direito de modificar os
ensinamentos divinos sobre ela, sobre sua natureza
sobre suas características ou suas
doutrinas.
O objetivo deste trabalho é examinar as
características, as doutrinas e a natureza
da igreja estabelecida por Jesus, à luz
das Escrituras Sagradas, a fim de podermos
seguir hoje em dia o mesmo padrão que os
apóstolos deixaram.
III .
As relações de Jesus para com a igreja
A .
Ele é o construtor - Mt 16:18; Ef 2:14-16.
B .
Ele é o fundamento - 1° Co 3:11.
C .
Ele é a pedra angular - At 4:11-12; Ef 2:20.
D .
Ele é o comprador - At 20:28;
Ap 5:9; 1° Pe 1:18-19.
E .
Ele é a Cabeça - Ef 1:22; Cl 1:18-19
F .
Ele é o Salvador - Ef
5:23
Na vida e obra de Jesus que incluem
sua conduta, seus ensinos e seu sacrifício é
que encontramos explicação para todos
estes itens.
IV . A
igreja não é
A .
Uma organização humana - Ef 4:11; At 20:28; 1° Pe 2:9-10.
B .
Um prédio - At 5:11;
8:3; 15:30; 1° Pe 2:5.
C .
Uma denominação. Os homens podem decidir se uma pessoa deve ou não fazer
parte de uma certa denominação,
mas só Deus pode decidir se uma pessoa
pode fazer da Sua igreja - At
2:47.
1 . A palavra “denominação” aplica-se a igrejas
com características
particulares incluindo
nomes, doutrinas, organização e práticas.
2 . Denominações diferentes têm características
diferentes, especialmente
o nome.
3 . Atualmente existem milhares de grupos
religiosos chamados
“denominações” que se
distinguem entre si por suas doutrinas
organização e práticas.
Quando suas tradições os afastam da igreja do
Novo Testamento,
tornam-se seitas, entrando em processo de apostasia.
4 . Jesus orou pela unidade dos seus
discípulos - Jo 17:21.
Os apóstolos condenaram
a divisão - 1° Co
1:10-13
No primeiro século havia
uma só igreja - Mt 16:18; Ef 4:4;
1° Co 12:13; Rm 16:16.
V . A
natureza da vocação da igreja
A .
Já vimos que a palavra igreja quer dizer literalmente os “chamados” ,
com ênfase em que são chamados
por Deus em Cristo, sugerindo também
a idéia de “chamados para fora
de”.
B .
Vamos ver em seguida a confirmação bíblica dessas verdades
1 . Somos chamados por Deus - 1°
Pe 5:10; 2° Tm 1:7-9.
2 . Somos chamados em Cristo - 1°
Pe 5:10.
3 . Somos chamados das trevas ( do mundo ) à luz
maravilhosa do reino de
Cristo - Cl
1:12-13; 1° Pe 2:9.
4 . Somos chamados à paz de Cristo - Cl
3:15
C .
Como somos chamados
Pelo Evangelho - 2°
Ts 2:13-14; Gl 1:6-9; Rm 10:13-17; 2° Tm 1:8-9.
Palavras sinônimas de
Evangelho:
1 . A Verdade
- Jo 8:31-32; Ef 1:13
2 . Palavra da Verdade - Tg
1:18, Ef 1:13.
3 . A Fé
- At 6:7; Jd 3; Fp 1:27./
4 . A Palavra
- At 10:36; Tg 1:23.
5 . Lei Perfeita, Lei da Liberdade - Tg
1:25;
CONCLUSÃO: A igreja significa:
Os chamados pelo Evangelho
Os chamados por Deus em Cristo
Os chamados das trevas para a
maravilhosa luz de Cristo
Os chamados do mundo para o reino de
Cristo
VI . O
Novo Testamento afirma que a igreja é
A .
Povo de Deus - 1° Pe 2:9-10
B .
O rebanho que Deus comprou com o seu próprio sangue - At
20:28
C .
Aqueles que foram salvos do pecado
- Mt 1:21; At 2:47.
D .
Os santificados em Cristo Jesus
- 1° Co 1:1-2
E .
O corpo de Cristo - Ef 1:22-23; Cl 1:18,24.
F .
O corpo dos reconciliados - Ef 2:16; Cl 1:20-22;
G .
A noiva espiritual de Cristo
- Ef 5:22-23,32
H .
Os que espiritualmente estão em Deus
- 1° Ts 1:1; 2° Ts 1:1
I .
Os arrolados no céu - Hb 12:22-23; Fp 4:3
J .
A instituição na qual Deus será eternamente glorificado - Ef
3:21
Falar em igreja de Cristo não é
tratá-la como denominação. “Igreja de Cristo é
uma expressão que denota simplesmente
a relação entre Cristo e a sua igreja.
Isto não é nome, mas significa que
ela pertence a Ele. É o Povo de Cristo; são os
resgatados por Cristo; são os reconciliados
pelo sangue de Cristo; são os
santificados em Cristo; enfim é o
corpo dos redimidos pelo sangue de Cristo.
Observe que o Novo Testamento não
afirma em parte alguma que alguém é
salvo antes ou depois de juntar-se a
uma denominação qualquer. Tão pouco
ele afirma que alguém pode juntar-se
à igreja de Cristo. Afirma, sim, que as
pessoas são acrescentadas pelo Senhor
ao seu corpo, no momento em que são
salvas ( At 2:47 ). A reconciliação
no corpo de Cristo se dá simultaneamente com a
reconciliação pelo sangue.
Igualmente, a separação do mundo e do pecado
( a santificação ) acontece ao mesmo
tempo que o indivíduo é introduzido
na igreja. Por conseguinte, a igreja
de Cristo não significa uma parte de um
total. Ela é o total do corpo, a
quantidade total dos crentes em Cristo, cuja fé
e prática são regidas pelos padrões
do Novo Testamento. Portanto, pelo seu
próprio caráter, a igreja de Cristo
não pode ser uma denominação. E ninguém
queira torná-la denominação!
A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA
Texto
- Efésios 4:7-11
I . A
importância deste assunto reside no fato da igreja ser parte do Eterno
Propósito
de Deus
- Ef 3:10-11
Daí resulta que a organização da igreja
faz parte desse mesmo Propósito
A .
Cristo capacita pessoas e concede-lhes ministérios na igreja - Ef
4:11
Os ministérios são dom de Cristo
para a igreja.
B .
A igreja que não se organiza segundo a orientação de Deus, não está em
ordem
para funcionar segundo o seu
Eterno Propósito - Tt 1:5; 1° Co 14:33,37-38.
C .
As qualificações para o presbitério e para o diaconato foram dadas pelo
Espírito
Santo e são parte da revelação
completa prometida por Jesus - Jo 16:13;
1° Tm 3:1-13; Tt 1:5-9.
D .
A mudança da organização estabelecida por Deus é uma perversão que
resulta em várias conseqüência:
1 . Perigo para quem faz a mudança - 2°
Pe 3:16
2 . Apostasia da igreja no futuro - At
20:28-32
a . Paulo profetizou a apostasia a partir da
liderança - At 20:28-32
b . De fato, a apostasia na história da igreja
deu-se do seguinte modo:
b1 . Um dos presbíteros assumiu autoridade sobre
os outros,
passando a ser chamado “o
Bispo” ou “presidente do presbitério”
( cf.
Inácio -
epístola aos de Esmirna - Bettenson, “Documentos
da Igreja
Cristã” - Aste pág. 100 ).
b2 . Mais tarde, um bispo passou a ser responsável
por uma certa
região,
incluindo várias igrejas.
b3 . Entre 590 e 606 D.C processou-se a mudança
que levou à escolha
do primeiro Papa
da igreja universal.
B4 . A atual prática protestante de ter um pastor
como dirigente de
uma
congregação era predominante no 2° século. O Novo
Testamento,
porém, requer que haja mais de um presbítero em
cada
congregação e que eles sejam eleitos pela igreja.
E .
O Novo Testamento apresenta uma organização tanto para a igreja
universal
como para a igreja local, pois ele
descreve a igreja em ambos os sentidos.
Sobre igreja universal leia: Mt 16:18; Ef 1:22-23; 2:16-22; 3:10;
Sobre igreja local leia: 1° Co 1:2; Gl 1:2; Rm 16:16.
II .
Organização da igreja universal
A .
A igreja universal inclui todas as congregações locais. Nesta forma ela
é
apresentada pela Bíblia ao
leitor, como o reino de Cristo ou, principalmente,
como o corpo de Cristo - Mt
16:18-19; Cl 1:13; Hb 12:28; Ef 1:22-23; Cl 1:18
etc.
B .
A igreja universal está organizada como segue
1 . Jesus é “O Cabeça” da igreja universal - Ef
1:22-23; 5:23; Cl 1:18; 2:19.
2 .
Jesus é o único Senhor da igreja. Não há outro cabeça, não há outro
corpo
universal e nem várias
corpos universais - Ef 4:4-5
Pedro não é outro cabeça
e, portanto, nem o Papa
As denominações não são
vários corpos universais
3 . Os apóstolos e profetas de Cristo são seus
porta-vozes para a igreja
universal - Ef
2:20; 4:11 - Eles estavam credenciados e autorizados
a agir como embaixadores
de Cristo para transmitir a sua mensagem
-
2° Co 5:20 - e
dar as doutrinas da igreja - Ef 2:20; Jo 17:18-20.
a . Eles revelaram pela inspiração do Espírito
Santo -
Jo 16:13;
2° Co 2:13; 2° Pe 1:20-21
b . Eles revelaram toda a vontade de Cristo - Jo
16:13; Jd 3; Gl 1:6-9;
2 ° Tm 3:16-17
c . A sua autoridade de revelar foi confirmada
por milagres da parte de
Deus - Mc 16:20; At 14:3; 2° Co 12:12; Gl 3:5; Hb
2:3-4
d . Todos os apóstolos receberam inspiração para
agir. -
Mt 16:19;
18:18.
e .
Eles lançaram o fundamento da igreja que é Jesus Cristo mesmo,
a pedra
angular - Ef 2:20; 1° Co 3:11; 15:11
4 . O corpo da igreja universal
a . Há um só corpo e não vários corpos - Ef
4:4; 1° Co 12:13
b . Este corpo compõe-se de muitos membros que
são os indivíduos
salvos por
Cristo -
Rm 12:4-5; 1° Co 12:12-13
Os membros do
corpo universal não são as várias denominações, e
sim, os
indivíduos salvos por Cristo - 1° Co 15:1-8.
III .
Organização da igreja local
A .
Os presbíteros
1 . “bispo”, “presbítero” e “pastor” descrevem o
mesmo cargo na igreja local
At 20:17,28; Tt 1:5-7;
1°Pe 5:1-2
2 . Função dos presbíteros
“Presbítero”, na língua
grega, significa mais idoso
a . Como homens mais idosos eles devem conduzir a
congregação com
maturidade e
experiência na Palavra de Deus. Não devem ser neófitos,
isto é, novatos,
principiantes, noviços - 1° Tm 3:6
b . Como bispos, eles devem supervisionar a
igreja, cuidar dela e
governá-la - 1°
Tm 3:5; At 20:28 -
exercendo seu ministério
somente na
congregação a que pertencem - 1° Pe 5:2; At 14:23
c . Como pastores eles tem que pastorear e
proteger o rebanho de Deus,
alimentando-o
espiritualmente pelo ensino, exortando pela Palavra e
guardando a igreja
local de possíveis desvios e ataques externos
-
Tt 1:9-11; 1° Pe
4:10-11; At 20:28-32
3 . Qualificações dos presbíteros: Veja - 1°
Tm 3:2-7; Tt 1:6-9; 1° Pe 5:1-4
4 . Número de presbíteros em cada congregação
Sempre em pluralidade - At
14:23; 20:17; Fp 1:1; Tt 1:5
5 . Deveres da congregação para com os
presbíteros
a . Obedecer ( ser submissa ) - Hb 3:17
b . Remunerá-los, se necessário - 1°
Tm 5:17-18
c . Somente aceitar denúncia contra eles, se
houver duas ou três
testemunhas - 1°
Tm 5:19
d . Acatá-los com apreço, com amor e máxima
consideração – 1°Ts 5:12-13
B .
Os diáconos
1 . Como detentores de um cargo específico na
igreja, são mencionados em
Fp 1:1 e 1° Tm 3:8-13
2 . “diácono” significa alguém que executa certas
ordens de outra pessoa,
como seu atendente, servo,
administrador, ministro, garçom. Na igreja
eles são servos e auxiliam
os presbíteros, trabalhando sob a sua direção.
Os homens escolhidos pela
igreja de Jerusalém para servir, em At 6, foram
provavelmente os primeiros
diáconos do cristianismo.
3 . Seus requisitos estão especificados em 1° Tm
3:8-13; At 6:3-5
C .
Os evangelistas
1 . Seu cargo é especificado em Ef 4:11; 2° Tm
4:5
2 . Sua função: “proclamador das boas novas”, que
é o significado da palavra
“evangelista”. Seu
trabalho principal é pregar a palavra, anunciando a
Cristo - 2°
Tm 4:1,2; At 8:5,35,40
3 . Seus requisitos
a . Capacidade de manejar bem as Escrituras - 2°
Tm 2:15; 3:14-17
b . Ter caráter cristão - 1°
Tm 4:12
c . Ser firme na fé e leal à verdade - 2° Tm
4:1-5
D .
Os mestres ( professores )
1 . Sua responsabilidade é aludida em Ef 4:11
2 . Têm que praticar o que ensinam - Rm
2:21-24
3 . Devem ter disposição e capacidade de
submeter-se a juízo severo em tudo
o que ensinam - Tg
3:1
E .
Os membros
1 . São santos
- 1° Co 1:2, Ef 1:1; Fp 1:1
2 . Têm que ser pessoas salvas - At
2:47; 15:1-2
3 . Devem trabalhar unidos - 1°
Co 12:12-31; Ef 4:15-16; Hb 13:16
4 . Devem obedecer aos presbíteros e aos que
dirigem os trabalhos -
Hb 13:17
5 . Devem crescer até a medida da estatura de
Cristo, isto é, precisam
desenvolver-se progredindo
sob a direção dos guias constituídos por Deus,
para a congregação
local -
Ef 4:11-14
F .
Exortação aos presbíteros
Quando se despediu dos
presbíteros da igreja de Eféso, o apóstolo Paulo fez
uma dramática recomendação para
que eles pastoreassem a igreja de Deus
“a qual Ele comprou com o seu
próprio sangue” ( At 20:28 ). Os perigos
eram
evidentes e são apontados logo
em seguida.
1°) A penetração de lobos vindos de fora para
devorar o rebanho, sem
nenhuma consideração,
pois os lobos só pensam em comer a carne das
ovelhas e vestir-se da
sua lã. O seu propósito, portanto, é contrário ao do
do pastor e as suas
intenções são contrárias àquelas que as ovelhas
esperam. É claro que
eles não foram constituídos bispos pelo Espírito
Santo. Por isso não têm
capacidade e nem interesse de reconhecer o
valor que Deus pagou
pela igreja, o seu próprio sangue ( At 20:28-29 ).
2°) A apostasia de alguns dentre os presbíteros
Entre eles mesmos,
alguns se levantariam falando cousas pervertidas
para arrastar os
discípulos atrás de si. Estes , evidentemente, perderam
a sujeição ao Espírito
Santo, e passaram a falar e a agir de acordo com
interesses humanos,
deixando de ser bispos constituídos pelo Espírito
Santo, vindo a pastorear
igrejas que não são mais de Deus, e sim de
homens ( At 20:30 ).
A exortação aos presbíteros é
para que eles tenham cuidado por eles mesmos
e por todo o rebanho. Por eles
mesmos, no sentido de não se deixarem
perverter. Por todo o rebanho,
no sentido de defendê-lo contra o
ataque dos lobos vorazes que
vêm de fora, e contra os bispos pervertidos
dentro do rebanho. São três as
recomendações do Espírito para eles
enfrentarem esse problema:
1°) Vigilância ( At 20:31 ). É preciso estar
atento a todas as atividades do
presbitério, para
detectar qualquer movimento falso, quer venha através
de lobos de fora, quer
venha através de bispos de dentro e, assim,
acudir em tempo.
2°) O Senhor ( at 20:32 ). Os presbíteros são
encomendados ao Senhor.
É o Senhor Jesus que
pode protegê-los contra esse perigo que trás
conseqüências funestas.
Poderíamos perguntar: “Já que o Senhor é
poderoso para livrar a
igreja do perigo da apostasia, por quê ela
acontece?” Acontece
porque pode aparecer dentro do rebanho tanto
presbíteros como ovelhas
que alimentam no coração o germe da
apostasia e que se
deixam cercar de falsos mestres, segundo a sua
própria cobiça ( 2° Tm
4:3 ). Jesus que sonda as mentes e corações
( Ap 2:23 ), que anda
no meio das igrejas ( Ap 1:13 ) e que tem na mão
direita os anjos, isto
é, os pastores das igrejas ( Ap 1:16 ). Ele mesmo
sabe até quando Lhe
convém ficar no meio destas igrejas e sustentar os
seus anjos na Sua mão
direita.
3°) A Palavra da Sua graça ( At 20:32 ). Os
presbíteros também são
encomendados à Palavra
do Senhor, pois ela tem poder para edificar e
dar herança entre os
que são santificados. Portanto, os presbíteros
devem estar em completa
sujeição à Palavra do Senhor, se quiserem
receber as bênçãos do
seu ministério. É fácil compreender isto, pois eles
são modelo do rebanho (
1° Pe 5:3 ). A perversão dos presbíteros começa
com a desobediência à
palavra, pois é aí que eles mostram insubmissão
ao Espírito,uma vez que
a Palavra é do Espírito ( 1° Co 2:13; Ef 6:17;
2° Pe 1:21 ).
A Palavra tem muito a
dizer aos presbíteros, especialmente no que é
requerido deles para
exercerem o presbitério. Veja esses requisitos em
1° Tm 3:1-7; Tt 1:5-9 e
1° Pe 5:1-3.
Muitas igrejas admitem
presbíteros que não são anciãos, que não têm
filhos crentes ou em
sujeição, que não têm suficiente conhecimento da
Palavra para exortar
pelo reto ensino e convencer os que contradizem.
Essas igrejas precisam
admitir, quer queiram, quer não, que estão na
apostasia ou em
processo de apostasia. A sua organização é humana e
os presbíteros não
estão constituídos pelo Espírito. Pastores jovens,
casados e solteiros, ou
que têm um único filho não são credenciados pelo
Espírito, pois
falta-lhes a experiência de uma vida amadurecida no lar,
o que é indispensável
para cuidarem da igreja de Deus.
A ADORAÇÃO DA IGREJA
De acordo com Rm 12:1, a adoração
cristã consiste da totalidade dos nossos atos,
ou seja das nossas ações, palavras, e
pensamentos que, afinal, são consumados através
do nosso corpo, e devem ser oferecidos a Deus
por sacrifícios vivos, santos e agradáveis
É a adoração lógica daquele que foi redimido
por Cristo, e compreende a sua obra
redentora. Adoração lógica e racional ou
espiritual são a mesma cousa.
Mas existem certos atos específicos
que a igreja realiza em conjunto, quando está
reunida para adorar a Deus. Estes atos são as
orações, a ceia do Senhor, o louvor, a
pregação da palavra e a contribuição. Vamos
considerar em seguida cada um destes
atos separadamente.
I . A
oração
A .
Como orar
1 . A quem dirigir
a . a Deus
- Mt 6:9; Jo 15:16; 16:23; Ef
3:14; Fl 4:6;
b . a Jesus
- Jo 14:13-14
2 . Iniciar com palavras de louvor e
glorificação - Mt 6:9
3 . Pedir em nome de Jesus - Jo
14:13-14; 15:16; 16:23; 1° Tm 2:5
4 . O que pedir
- veja Mt 6:10-13; Ef 1:17-19;
6:18-19; Fl 1:9-10; 2° Ts 1:12;
3:1-2; 1° Tm 2:1-2
5 . Os homens são requisitados para orar nos
cultos públicos - 1° Tm 2:8
6 . Atitudes na oração
a . com humildade
- Lc 18:9-14
b . com motivos puros - Mt
6:5-6
c . com perdão
- Mt 6:14-15
d . não mecanicamente - Mt
6:7
e . com mãos santas, isto é, pessoa consagrada,
sem ira e sem animosidade
1° Tm 2:8
f . com discernimento quanto ao que pedir - Tg
4:3
g . com disposição de acatar a vontade de
Deus -
Lc 22:42
h . com fé
- Mt 21:22; Tg 1:6-8
i . as
mulheres podem orar, mas em submissão aos homens - 1°Co
11:5-10
B .
Tipos de oração - Fl 4:6; 1° Tm 2:1;
1 . Oração é a expressão que descreve o ato de
nos dirigirmos a Deus
2 . Súplica é a oração de petição humilde e
insistente
3 . Intercessão é oração a favor de outras
pessoas
4 . Ação de graça é oração de agradecimento
Petição não é tipo de oração. É
simplesmente o ato de pedir.
C .
Instruções para oração particular
1 . Orar sem cessar - 1°
Ts 5:17
2 . Orar a todo o tempo no Espírito - Ef
6:18
3 . Orar uns pelos outros - Ef
6:18; Tg 5:16
4 . Orar com perseverança - Mt
7:7-11; Lc 15:5-13; 18:1-8
D .
Oração da igreja em conjunto
1 . É ensinada em 1° Tm 2:1-4,8
2 . É ensinada como poderosa em At 4:31; 12:5 ss
E .
Considerações sobre a oração
1 .
A oração é uma atitude de aproximação a Deus, com o intuito de
beneficiar-se da Sua
presença. Esta aproximação significa adoração
-
Hb 4:16; 10:22; 1° Pe
2:4-5
2 . A oração é a atividade mais elevada da mente
e do espírito humanos
porque, por seu intermédio
se estabelece comunicação entre a criatura
redimida e o Deus Criador
e Redentor.
a . Jacó descobriu a sua importância - Gn
28:10-17
b . Elias conheceu a sua eficácia - Tg
5:17-18
c . A igreja de Jerusalém experimentou o seu
poder -
At 4:23-31; 12:1-17
3 . Objetivos do estudo da oração
a . Aprender a dirigir-se a Deus de maneira
conveniente
b . Fazer da oração um instrumento importante na
vida do crente
4 . Meditação de alguns cristãos a respeito do
ato de orar
“A oração é a alavanca que
move o braço de Deus”
“A oração é como o sorriso
da criança que provoca o carinho do pai”
II . A
ceia do Senhor
A .
A instituição da ceia
A ceia é o ato instituido pelo
Senhor Jesus, como memorial do seu
sacrifício ( Lc 22:19; 1° Co
11:24-26 ). Memorial é aquilo que se faz para
perpetuar a memória de alguém ou
de algum acontecimento, trazendo-o a
lembrança permanentemente. Por
exemplo a páscoa era um memorial para
Israel na Velha Aliança que
comemorava a saída do Egito ( Ex 12:24-27 ).
Expressões sinônimas da ceia do
Senhor
1 . A mesa do Senhor - 1°
Co 10:21
2 . Comunhão do corpo e do Sangue de Cristo - 1°
Co 10:16
3 . Partir o pão
- At 2:42; 20:7
Jesus instituiu a ceia na noite
em que foi traído e ordenou aos discípulos que a
celebrassem em sua memória,
porque este foi o sacrifício que restaurou a
comunhão do homem com Deus
B .
Esclarecimento sobre a comunhão com Deus
Antes de tratar diretamente da
ceia do Senhor, vamos ligar numa linha de
pensamentos bíblicos os fatos
relativos a perda da comunhão do homem com
Deus e à restauração da mesma.
1 . O homem perde a comunhão com Deus ou sofre a
morte espiritual, quando
peca - Gn
2:17; Ez 18:4; Is 59:2; Rm 5:12; Tg 1:15
2 . O homem não tem condições de restaurar essa
comunhão ou de voltar à
vida
espiritual por seus
próprios recursos - Gn 3:22-24; 1°Co 1:21; Ef 2:8-9;
Tt 3:4-7
3 . É Deus quem toma a iniciativa da restauração - Gn
3:15; ( esta é a
promessa de um Redentor
nascido na raça humana ) - 1°Co 1:21; Rm 3:23
24; Ef 2:4-5,8
4 . A comunhão é restaurada pelo sacrifício de
Cristo -
Jo 6:51b; Rm 5:10-11;
Hb 10:10,19-20
5 . A restauração à comunhão com Deus é mediante
a fé em Cristo e seu
sacrifício - Jo
3:14-16; 5;24; 11:25; Rm 3:24-25
6 . A comunhão com Deus é em espírito e não na carne - Jo
6:63
7 . Para consumar essa comunhão, ou seja, para
criar e alimentar a nossa vida
espiritual era necessário
que Jesus fosse ressuscitado e glorificado
-
Jo 6:62-63; 7:37-39; 16:7
Quando Jesus foi glorificado, o
Espírito foi derramado por Ele sobre os
discípulos no dia de
pentecoste. Agora Ele permanece na igreja até a sua
volta e todos nós somos
nutridos por Ele - At 2:32-33; 1°Co 12:13
8 . Estas verdades espirituais precisam ser
discernidas em espírito, porque não
é comendo ou bebendo os elementos da ceia, que podemos manter
comunhão com Deus e nem
alimentar a nossa vida espiritual - Jo 6:53-63
9 . Esse discernimento é Deus quem dá - Jo
6:44-45,65; Mt 16:15-17
Portanto, a ceia do Senhor não é
ato que renove a comunhão com Deus por
comer o pão e beber do fruto da
videira. A ceia é o memorial de Cristo e seu
sacrifício, que nos restauram à
comunhão com Deus. Não se encontram nas
palavras de Jesus e de seus
apóstolos as idéias de que por meio da ceia o
crente recebe perdão de pecados,
cura de enfermidades ou qualquer outra
graça.
C .
Os elementos componentes da ceia e o seu significado
1 . O pão asmo, pão sem fermento, usado na
comemoração da páscoa judaica
O seu significado é o corpo
de Cristo, puro, isento de pecado ( Lc 22:19b ).
Por analogia da igreja com
o corpo de Cristo esta característica estende-se
à igreja, que deve manter a
sua pureza e integridade, como um único pão
sem fermento - 1°
Co 5:7-8; 10:17
2 . O fruto de videira - Lc
22:18; Mt 26:29; Mc 14:25;
Convém lembrar que a
expressão usada por Jesus na instituição da ceia não
é “vinho”, que no grego é “oinos”.
A expressão usada é “fruto da videira”,
que no grego é “genëma tës
ampelou”. Em outras oportunidades Ele
empregou a palavra vinho (
Mt 9:17; Lc 7:33; 10:34 ). O fruto da videira
representa o sangue de
Cristo ( Lc 22:20 ), o que tem profundo significado
espiritual.
D .
A celebração da ceia
1 . Há quatro textos que descrevem a instituição
da ceia. São eles Mt 26:26-30
Mc 14:22-26; Lc 22:19-23 e
1°Co 11:23-26
2 . Os quatro textos são unânimes em afirmar que
Jesus iniciou pelo pão.
Nenhum dos quatro textos
diz, no grego, que Jesus tomou “o pão”.
Nenhum dos textos trás o artigo
definido “o”, antes da palavra pão.
E quando isto acontece, a
tradução deve ser feita usando-se o artigo
indefinido, ou não usando
artigo nenhum. Portanto, quando encontramos o
artigo indefinido
antecedendo a palavra pão em Português, “tomou um
pão”, devemos compreender
que o verbete “um” não significa o numeral 1
( 1 pão ), mas significa
algum pão entre outros. Se a intenção de Jesus
fosse partir um único pão para toda a
igreja na celebração da ceia,
os textos exprimiriam isto
por meio do numeral grego “heis” que significa
a quantidade unitária, e
deveria vir antes da palavra pão. Isto significa
que uma igreja de muitos
membros pode usar mais de 1 pão na celebração
da ceia.
3 . Em seqüência a tomar o pão, Jesus deu graças.
Depois de ter dado graças
partiu o pão
Depois, deu-o aos discípulos
para que comessem, ordenando-lhes que
fizessem isto em sua
memória.
Verifique essa seqüência
comparando os quatro relatos, de Mateus, Marcos,
Lucas e 1°Coríntios.
4 . Em seguida Jesus tomou um cálice
a . Mateus e Marcos escrevem “tomou cálice”, sem
artigo, que se traduz
por “tomou um
cálice”, sendo que este “um” também não é o numeral
1, mas o artigo
indefinido, significando algum dos cálices.
b . Havia um só cálice ou havia muitos cálices?
Note em Lucas 22:17
que, antes de partir
o pão, Jesus já tinha mandado os discípulos
repartirem o cálice.
Isto ocorreu ainda na comemoração da páscoa
judaica, antes da
instituição da ceia. Assim, quando o Mestre tomou o
cálice, depois de
partir o pão, cada discípulo já estava com a sua
porção de fruto da
videira no seu próprio cálice, que fora tomada do
cálice que Jesus
tinha pegado. “Tomar” significa “pegar” e não
significa “beber”.
c . Mas no original grego de Lc 22:20 consta “o
cálice” com o artigo
definido. Paulo
escreve do mesmo modo em 1°Co 11:25. Por quê
aparece aqui o
cálice determinado com o artigo definido “o”?
O que isto pode
indicar é que Jesus tomou aquele mesmo cálice que
Ele tinha dado aos
discípulos para repartirem entre si.
d . Em seguida a tomar o cálice Jesus deu graças
( Mt 26:27; Mc 14:23 ).
Lucas e Paulo
exprimem que Jesus tomou o cálice com ações de graça
através da expressão
“semelhantemente” ou “por semelhante modo”
( Lc 22:20; 1°Co
11:25 ).
e . Por último Mateus informa que Jesus deu o
cálice aos discípulos,
dizendo: “bebei dele
todos” ( Mt 26:27 ).
Marcos informa que
Jesus deu o cálice aos discípulos e todos beberam
dele ( Mc 14:23 ).
Lucas e Paulo não
relatam que Jesus tenha mandado os discípulos
beberem do cálice.
Mas isto fica implícito no espírito da celebração,
corroborando também
as informações de Mateus, de Marcos e a
explicação de Paulo
em 1°Co 11:25-26
f . Os relatos de Mateus, Marcos e 1°Coríntios
falam em beber do cálice.
Beber “do cálice”
não é o mesmo que beber “no cálice” ou “com o
cálice”. Beber “do
cálice” é beber uma parte do conteúdo do cálice.
Beber com o cálice
ou beber no cálice é por a boca no cálice para
beber. Todos podem
beber do mesmo cálice, sem beber no mesmo
cálice. Basta passar
um pouco do conteúdo do cálice para outros
cálices. Isto
significa repartir o cálice ( Lc 22:17 ). Embora sejam
cálices diferentes,
o conteúdo é o mesmo ( cp Jo 4:12; 1°Co 10:4 ).
Repartir o cálice
para cada um beber no seu próprio cálice não
significa distinção ou divisão entre irmãos.
Veja que com o pão
acontece cousa
semelhante, pois, todos comem do mesmo pão depois
dele partido, sem necessidade de todos morderem no
mesmo pão.
Jesus mesmo mandou os
discípulos repartirem o cálice ( Lc 22:17 ).
O que se conclui?
Conclui-se que o costume de celebrar a ceia com um
único cálice é uma
tradição que resulta de interpretação superficial,
e não resiste à
leitura da Palavra com discernimento.
g . Uma cousa parece anacrônica: Mateus e Marcos
relatam que Jesus deu
o cálice para os
discípulos beberem dele, alguns passos depois de
partir o pão. Isto
parece indicar que leles repartiram o cálice na hora
de beber. Porém,
Lucas não descreve Jesus dando o cálice naquele
momento. Ele relata que, durante a comemoração
da páscoa judaica,
Jesus tomou um
cálice, deu graças e disse: “Recebei e reparti entre
vós” ( Lc 22:17 ).
Haverá alguma contradição
nisso? Certamente que não! É comum os
escritores
arranjarem o material de seus livros de acordo com as
necessidades. E com
isso eles não fogem à inspiração do Espírito.
Mateus, Marcos e Lucas omitem um período
considerável do ministério
de Jesus, o
ministério da Judéia. João dedica a esse período
parte do capítulo 2,
o capítulo 3 e parte do capítulo 4 do seu
Evangelho. Lucas
coloca a pregação de Jesus em Nazaré com grande
ênfase, no início do
seu Evangelho ( Lc 4:16-30 ) enquanto que Mateus
coloca Sermão da
Montanha, também com grande ênfase, no início do
seu Evangelho ( Mt
5,6,7 ). Em Mateus 20:29-30 notamos referência a
dois cegos em
Jericó, enquanto que Marcos se refere a apenas um
cego, Bartimeu, que
deve ser aquele que ficou mais conhecido na
história da igreja
primitiva ( Mc 10:46 ).
Assim, podemos
compreender que não há contradição entre os relatos
de Mateus e Marcos
com o de Lucas. Mateus e Marcos omitem o
episódio da
repartição do cálice na páscoa judaica, transportando-o
para o momento da
instituição da ceia. Lucas considera que a
repartição já havia sido feita
anteriormente.
h . O relato de 1° Coríntios 11:23-25 segue bem
de perto o relato de Lucas
completando-o no
verso 25, pressupondo a repartição do cálice antes
do partir do pão, harmonisando
perfeitamente os relatos de Mateu,
Marcos e Lucas.
5 . Resumindo os fatos, compreendemos que há uma
ordem bem definida na
celebração da ceia que pode
ser reconstituída do seguinte modo:
1°) Jesus tomou o pão
2°) Deu graças
3°) Partiu-o e deu aos discípulos para comerem,
dizendo: “isto é o meu
corpo, fazei isto em memória
de mim”.
4°) Em seguida tomou o cálice
5°) Deu graças
6°) E disse: “este cálice é a nova aliança no meu
sangue”, ou “isto é o
meu sangue, o sangue
da nova aliança...” Fazei isto todas as
vezes
que o beberdes, em
memória de mim.
Esta é uma harmonização dos
quatro relatos da ceia.
E .
O dia da celebração
O Novo Testamento afirma
que a igreja apostólica se reunia com a
finalidade de partir o pão,
isto é, de celebrar a ceia do Senhor, no primeiro
dia da semana. 1° Co 11:20
diz que os discípulos se reuniam no mesmo
lugar, e o motivo era comer
a ceia do Senhor, embora estivessem
comportando-se de modo
impróprio. 1° Co 16:1 afirma que essa reunião se
dava no primeiro dia da
semana. Igualmente At 20:7 afirma que os
discípulos em Trôade
estavam reunidos com o fim de partir o pão.
É muito especial a maneira
de Lucas escrever sobre esse episódio.
Ele diz no original: “No
primeiro dia da semana, tendo nós sido reunidos
com o fim de partir o pão...” A expressão “tendo nós sido reunidos” é
flexão do verbo “sunagö” do
grego, que significa reunir ou convocar, e se
encontra no particípio
perfeito passivo. Este tempo verbal exprime a idéia
de que num primeiro dia os
discípulos foram convocados para partir o pão e
desde esse dia, a
convocação continua válida. As razões para esta reunião
dos discípulos no primeiro
dia da semana estão apontadas no
Novo Testamento e são:
1°) Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana (
Jo 20:1-9 )
2°) Jesus manifestou-se naquele dia a vários
discípulos ( Jo 20:11-26;
Lc 24:13-35 )
3°) Jesus manifestou-se novamente no primeiro dia
da semana, oito dias
depois da
ressurreição ( Jo 20:26 )
4°) Jesus partiu o pão com dois discípulos no dia
da ressurreição, o
primeiro dia da
semana, e apareceu também a todos os outros
discípulos ( Lc
24:30-36 ).
Mas ainda há outros fatos
que mostram a importância do primeiro dia da
semana para a igreja:
1°) Corresponde ao oitavo dia da criação de Deus,
sendo o dia da criação
do novo homem, o
homem espiritual pela ressurreição de Cristo
( 1°Co 15:45-49; Tg
1:18; 1° Pe 1:3 ).
2°) Foi o dia que marcou o início da igreja,
pentecoste, que caía sempre
no primeiro dia da
semana, 50 dias depois da Páscoa.
3°) Foi o dia em que Deus deu a última revelação
da Palavra,
completando as
Escrituras inspiradas com o livro do Apocalipse
( Ap 1:10-11 ).
4°) É o dia que a Palavra descreve como o dia do
Senhor ( Ap 1:10 ).
Todos esses fatos mostram
que a igreja primitiva conhecia a razão de
sentir-se convocada com o
fim de partir o pão no primeiro dia da semana.
Se não houve uma ordem
expressa de Jesus para isto, foi o próprio
Espírito que levou a
igreja a esse procedimento. Todavia, no Novo
Testamento, o primeiro
dia da semana não é regido por leis, como era o
sábado no Velho Testamento,
mas é discernido no Espírito.
Através da celebração da
ceia, a igreja professa a sua fé na morte
expiatória de Cristo, bem
como na sua volta ( 1°Co 11:26 ).
E entre estes dois pontos
de fé está a convicção de que o nosso
Redentor vive. Esta
confiança é que leva a igreja à perseverança na
celebração da ceia, como
a igreja primitiva ( At 2:42 ). Em outras
palavras “o Espírito e a
Noiva dizem: Vem! Ora, vem, Senhor Jesus!”
F .
Atitudes Necessárias para Participar da Ceia do Senhor
1 . Dignidade, que significa não se comportar
inconvenientemente -
( 1° Co 11:21-27 )
2 . Auto-análise ( 1° Co 11:28 )
3 . Discernimento ( 1° Co 11:29 )
É preciso discernir que,
tanto a igreja quanto o corpo de Cristo sacrificado,
estão representados no pão
que se come. É necessário considerá-los à
altura. Cada membro do corpo
deve considerar os outros membros com
dignidade e ter grande
respeito e reverência pela comemoração deste ato.
III .
O louvor
O termo bíblico que exprime o nosso
ato de adoração a Deus por meio de
de palavras cantadas ou
simplesmente faladas é “louvor”. A palavra “música”
que alguns empregam para isto
pertence ao vocabulário pagão dos gregos e está
relacionada com os entes chamados
“Musas” da mitologia grega. Aqueles pagão
acreditavam que elas inspiravam
os artistas liberais, especialmente os poetas
e os músicos. Nós, entretanto,
sabemos que o Espírito Santo é que nos move
para louvar a Deus ( Ef 5:18-19
).
No Novo Testamento comparece uma
única vez a palavra da mesma raiz que é
“músico” em Apocalipse 18:22 e se
refere a homens profanos. Muitas versões
da Bíblia usam a palavra música em Lucas
15:25 oara exprimir o conjunto de
sons da tocata, dos cantos e
gritos de júbilo que acompanhavam as danças na
festa a que se refere a passagem.
Mas Jesus usou a palavra “sumphönia” para
descrever esses sons. Muitas
traduções da Bíblia usam a expressão
“músico-mor”, “músico principal”
ou “mestre de música” no título dos salmos.
Outras traduções mais exatas usam
a expressão “mestre de canto”, porque a
palavra “músico” ou “música”
nunca foi usada no texto hebraico.
No Velho Testamento, o livro que
conhecemos com o nome de Salmos é
chamado “Tehillim” que, em
hebraico, significa Cânticos de Louvor ou
Hinos de Louvor. Este livro contém
poesias inspirada pelo Espírito Santo, para
serem cantadas em louvor a Deus.
O nome “Salmos” que foi dado ao livro em
Português e muitas outras
línguas, provém da versão chamada Septuaginta,
que é a tradução do Velho
Testamento hebraico para o Grego, feita quase
trezentos anos antes de Cristo.
Nesta obra os tradutores tomaram a palavra
“mizmor” que traduziram por
“Salmo”. Isto serviu de base para o título do
livro na tradução grega. A
palavra “mizmor” significa poema sagrado ou cântico
sagrado.
Há várias expressões bíblicas que
significam louvor. Tais são: louvor, cântico,
Salmo, hino e cântico espiritual.
Todas elas exprimem aquilo que o nosso
espírito oferta a Deus como
tributo de adoração por meio de palavras.
O louvor não se confunde com
oração, embora a oração possa conter louvores
a Deus.
A .
A qualidade do louvor
Existem no Novo Testamento onze
passagens que falam a respeito do louvor a
Deus, relacionado com a igreja
aqui na Terra. São elas:
Mt 26:30 Rm 15:9 *Ef 5:10 Hb 2:12
Mc 14:26 *1°Co 14:15 *Cl 3:16 *Hb 13:15
At 16:25 *1°Co 14:26 *Tg 5:13
Algumas destas passagens
descrevem cristãos louvando a Deus em devoção
particular, enquanto outras falam
da atitude ou da disposição relacionadas
com o louvor. Todas essas
passagens são muito instrutivas, mas aquelas
assinaladas com asterisco ( * )
ensinam diretamente como a igreja ou o cristão
individualmente deve louvar a
Deus.
1° Co 14:15 enfatiza a
necessidade de louvar com palavras compreensíveis.
Cantar mecanicamente, sem controle mental
daquilo que se diz, sem dirigir a
Deus a mensagem, ou sem que os
outros possam compreender para serem
instruídos, não é atitude
aceitável a Deus.
1° Co 14:26 fala da liberdade e
do direito que deve ser dado a cada irmão de
trazer uma composição de sua
própria autoria em louvor a Deus, ou de
escolher um Salmo ou um hino para
que todos cantem juntos. Note-se, porém,
que tudo deve ser feito para
edificação da igreja.
Ef 5:18-19 e Cl 3:16 instruem da
necessidade de ser cheio do Espírito e da
Palavra de Cristo para:
a . Falarmos entre nós com Salmos e hinos e
cânticos espirituais
b . Entoarmos e louvarmos com o coração ao nosso
Deus
Salmos são poesias
compostas em louvor a Deus, para serem cantadas. Podem
ser do Velho Testamento ou outras
feitas por cristãos, para serem cantadas por
toda a igreja.
Hinos são poemas compostos
para magnificar a Deus e serem cantados
solenemente. Existem hinos bem
conhecidos em nossos dias, como “Castelo
Forte é Nosso Deus”; “Santo,
Santo, Santo Deus Onipotente”; “Saudai o Nome
de Jesus”; “Cristo Já
Ressuscitou”. Mas há indícios de que a igreja primitiva
tinha hinos grandiosos que
provavelmente estão representados nas seguintes
passagens do Novo Testamento: Ef 1;3
ss; 5:14; Fp 2:5-11; Cl 1:13 ss
1° Tm 3:16; Ap 5:9-10; 15:3-4
Após a solenidade da instituição
da ceia do Senhor, Jesus e os discípulos
cantaram um hino e saíram para o
Monte das Oliveiras.
Cânticos Espirituais são
cânticos de conteúdo espiritual e podem surgir
espontaneamente no espírito
humano. Todavia, ao entrarem no processo
mental, precisam ser controlados
pela mente, para serem cantados.
Hb 13:15 ensina que o louvor
cristão é sacrifício de lábios oferecido a Deus
por meio de Jesus Cristo. Aquele
que confessa Jesus deve oferecer louvores
com o mesmo instrumento com que
confessa, isto é, com os lábios.
Confissão e louvor, além de terem
o mesmo centro de motivação, o coração,
devem ser expressos pelo mesmo
orgão, a boca ( cp Rm 10:8-9 e Hb 13:15 ).
Tg 5:13 refere-se às circunstâncias propícias
para o louvor, isto é, de alegria.
Nestas passagens sobre louvor que
acabamos de analisar notamos que:
1 . Nem uma só vez aparece menção de instrumentos
musicais
2 . Nem uma só vez aparece Jesus, algum dos
apóstolos ou algum cristão
tocando instrumento musical no culto da
igreja reunida, ou em devoção
particular, para louvar a
Deus.
3. São apontados o canto, os lábios, a mente e o
coração em conexão com o
louvor.
4 . O coração é apontado como o instrumento a ser
usado no louvor.
Ef 5:19 afirma: entoando e
louvando de coração ( com o coração ) ao
Senhor. Cl 3:16 acrescenta
que o louvor oferecido a Deus deve ser
acompanhado de gratidão
também no coração.
5 . Não existe no Novo Testamento nenhuma
passagem citada do Velho
Testamento, mencionando
louvor com instrumentos musicais. Isto
significa que o Espírito Santo não autorizou
o uso de tais passagens, quando
inspirou os escritores do
Novo Testamento.
6 . A atitude própria do louvor no Novo
Testamento é, antes de tudo,
espiritual, por dispensar o
acompanhamento de instrumentos materiais.
Tais instrumentos não são
pedidos nas escrituras neotestamentárias. De
acordo com Rm 12:1 a nossa
adoração racional consiste em oferecer
sacrifícios vivos, santos e agradáveis ( ou
aceitáveis ) a Deus, e, não ao
homem. Muitas coisas que
agradam ao homem não agradam a Deus, como
sacrifício de adoração. O
mel, tão doce, saboroso e agradável ao paladar
humano