CULTO DE ADORAÇÃO
Há
uma ilustração que esclarece muito bem o procedimento de um culto de adoração.
Antigamente, certas representações
teatrais tinham um aspecto peculiar e interessante. Os atores encenavam no
palco sob a orientação de um personagem que ditava as palavras do texto que
eles deviam falar à plateia que assistia ao espetáculo. Este personagem
chamava-se “ponto”. Ele ficava oculto, abaixo do nível do assoalho do palco.
Apenas a sua cabeça ficava para fora, mas era escondida por uma cúpula em forma
da boca de um caracol. Assim, a sua voz era ouvida pelos atores, mas ele mesmo
não precisava ser visto por eles.
Isto se compara com o culto de adoração da
seguinte maneira:
Os atores correspondem à igreja
reunida, quando se congrega para adorar a Deus. O personagem invisível que dita
o que os atores, que neste caso são os adoradores, devem dizer e fazer diante
da plateia, é o Espírito Santo. Na igreja Ele é representado pelos pastores, os
responsáveis por instruir os fiéis a respeito de como adorar a Deus de
conformidade com a palavra inspirada. Finalmente, a plateia que observa o
serviço de adoração é o próprio Deus: Pai e Filho. Eles aprovam ou reprovam
cada ato praticado ali, seja dos pastores responsáveis pela adoração coletiva,
seja de cada adorador individualmente, pelas suas atitudes.
Cabe aos pastores usar de todo o
bom senso na maneira de conduzir a igreja no serviço de adoração para agradar a
Deus em culto racional, ou culto espiritual. Os membros devem estar de corpo e
alma entregues a Deus neste sacrifício de adoração, com dignidade, conscientes
do que estão fazendo (Romanos 12:1; 1°Pedro 2:5). O objetivo da adoração é
glorificar ao Deus que nos redimiu e nos adotou como filhos por meio de Jesus
Cristo (Efésios 1:5-7). Para alcançar esse objetivo, porém, devemos servi-lo de
modo a agradá-lo com reverência e santo temor (Hebreus 12:28).
Quando a igreja se reúne para o
serviço de adoração, ela deve ter em mente que se encontra na presença do Deus
Criador e Redentor. Há algumas atitudes indispensáveis que precisam estar
presentes e que os pastores devem ensinar ao rebanho, para aprimorar o serviço.
Por exemplo: RESPEITO, REVERÊNCIA, e SOLENIDADE. Muito apropriadamente adverte
o profeta: “O Senhor está no seu Santo Templo, cale-se diante d'Ele toda a
Terra (Habacuque 2:20). Piadinhas e pegadinhas, portanto, são indesejáveis.
Além de que elas nada trazem para a edificação, as piadinhas denigrem a imagem
do pregador ou do pastor, de quem se espera seriedade; e as pegadinhas
decepcionam os ouvintes que acabam perdendo a confiança no pregador, e passam a
ponderar as suas propostas com um pé na frente e outro atrás.
Troca de elogios entre os que
servem no púlpito também não tem lugar durante a adoração, quando todas as
atenções devem estar voltadas para Deus. Por quê trazer notícias do Campeonato
Brasileiro de Futebol? Por quê apoiar aqueles que inadvertidamente torcem para
este ou aquele time? É preciso adverti-los de que os torcedores de um
determinado time estão em comunhão espiritual com os seus representantes, sejam
jogadores, técnicos, diretores e a torcida. Por isso tornam-se coniventes com
tudo o que eles fazem. Por exemplo, as agressões físicas no campo, os palavrões
dos jogadores, o vandalismo das torcidas organizadas que chega até ao
homicídio, as falcatruas dos diretores etc.. Se você não acredita nisto, leia
como Paulo explica esta comunhão de espírito em 1° Coríntios 5;3-8. Mas a
igreja é um corpo puro, um só pão, isento do velho fermento e não pode
participar da velha idolatria (1°Coríntios 10:17, 21). “Assim que, se alguém
está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se
fez novo” (2°Coríntios 5:17).
Qual o proveito de contar o caso
do cachorrinho bonitinho do irmão, que escapuliu e fez estrepolias na
vizinhança; do gato que fugiu de medo dos rojões? Na igreja tudo seja feito
para edificação. E, se alguma cousa não edifica, não deve ser trazida para a
assembleia dos santos durante a adoração (1°Coríntios 14:26).
Há pastores que gostam de falar
de si mesmos. Quando se elogiam onde fica a humildade? Falta-lhes o mesmo
sentimento de Cristo que deixou a glória celeste e esvaziou-se, humilhando-se
até à morte, e morte de cruz. Quando expõem suas fraquezas e fracassos, como
poderão conduzir o rebanho e servir de modelo para ele? (Tito 1:7-9; 1°Pedro
5:3). Uma das preocupações na adoração deve ser buscar a Beleza da Santidade do
Senhor e contemplá-lo nesse aspecto.
Também há pastores que praticam o vedetismo para colocar-se em evidência
diante da congregação. Como fazem isso?
a
– Por meio de gestos ensaiados e atitudes preparadas, caminhando graciosamente
sobre o tablado que, propositadamente já é construído em nível superior ao do
povo; fazendo malabarismo com a Bíblia, arremessando-a para cima e para baixo,
aquela mesma Bíblia que contém a Palavra de Deus, para a qual pedem reverência
para ser lida de pé. Que paradoxo! Certo pastor neófito, num gesto de alto
confiança e informalidade, sentou-se à beira da mesa da ceia do Senhor, onde
estavam o pão e o fruto da videira. Que falta de respeito! Se Deus fosse tão
severo quanto a CLT, ele teria sido demitido sem direitos, por justa causa. Mas
o nosso Deus é misericordioso, aleluia!
b
– Imitando a voz, a pronúncia e os gestos de líderes famosos que estão em
evidência, é outra forma de vedetismo. Assim também é a preocupação pelo
intelectualismo e pelo academicismo, que acabam extinguindo a paixão pelas
almas perdidas. Não é de estranhar que tais pregadores usem a sua habilidade
para minimizar a doutrina, por sua própria conveniência ou para conformar-se à
opinião geral, em detrimento da verdade, induzindo a igreja a práticas que
desagradam a Deus. Seu pecado é justificar o injustificável.
c
– Afirmando a personalidade, esmurrando o púlpito, como aquele pastor que bateu
furiosamente oito vezes sobre ele gritando:
“...idolatria...idolatria...idolatria”, quando não havia idolatria nenhuma. A
sua motivação era outra. Deus o sabe! Lembrei-me de Moisés que perdeu a benção
de entrar na Terra Prometida, por ter ferido a Rocha duas vezes com a vara. Ele
não sabia que a Rocha era Cristo, pois isto só foi revelado a nós no Novo
Testamento (1°Coríntios 10:4). Qual é o pastor que não sabe que o púlpito
também é Cristo? É dali que sai a Palavra da Sua Graça, que tem poder para
edificar e dar herança entre os que são santificados. Há uma diferença muito
grande em ferir a Rocha duas vezes com a vara sem saber o que ela significava,
e esmurrar o púlpito oito vezes com a própria mão, sabendo o que ele significa.
Porventura não haverá também diferença da bênção perdida entre um e outro caso?
d
– exagerando no esmero de vestir-se, produzindo-se para mostrar elegância é
outro aspecto do vedetismo. Aliás o metrossexualismo está em voga entre os
homens. Alguns se maquiam em casa, outros recorrem a salões de beleza
masculino, onde quarenta por cento dos homens pedem a depilação completa do
corpo. O impressionante é que muitos pastores já aderiram a essa moda. Será que
eles entendem ser necessário beleza e elegância para persuadir os ouvintes? Que
diferença de Paulo em Gálatas 4:13-15. Jesus também não tinha nenhuma aparência
que nos agradasse (Isaías 53:2). Ao que parece Ele usou uma só túnica durante
todo o seu ministério e, aos apóstolos, ordenou que não levassem duas. Eles
deviam preocupar-se, antes de tudo, com a proclamação do Reino de Deus. Conheci
alguns poucos pastores e professores no Seminário Teológico, que usaram apenas
um terno durante os anos em que convivemos. Quão memorável era a sua humildade
e mansidão, virtudes permanentes em Jesus, das quais muito pregadores preferem
nem falar. Falam de prosperidade!
e
– Muitas igreja inventam cultos nos quais misturam shows musicais, danças
artísticas e outras expressões culturais com a Pregação da Palavra, criando um
evento eclético em que sobressaem talentos humanos. Falta-lhes, porém,
solenidade diante do Deus Todo Poderoso, que é digno de uma adoração racional e
cheia de temor.
Enfim, a muitos pastores e
organizações religiosas que estão brincando de igreja, como quem brinca de
casinha. Estes precisam ser advertidos de que brincar com a igreja é brincar
com fogo, porque a igreja é a menina dos Olhos de Deus (Deuteronômio 32:10;
Zacarias 2:8) e o nosso Deus é fogo consumidor (Hebreus 12:28-29).