terça-feira, 16 de abril de 2013


E C L E S I O L O G I A B Í B L I C A



                          E C L E S I O L O G I A     B Í B L I C A





                   A REVELAÇÃO DA IGREJA NO NOVO TESTAMENTO

                            O QUE O NOVO TESTAMENTO DIZ SOBRE A CASA

                            ESPIRITUAL ONDE DEUS HABITA EM ESPÍRITO E

                            ONDE ELE É ADORADO EM ESPÍRITO E VERDADE

 
                                         A IMPORTÂNCIA DA IGREJA

                                          A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA

                                             A ADORAÇÃO DA IGREJA

                                                A MISSÃO DA IGREJA

                                                          POR

                                             RIOLANDO CARLOS DE BARROS



                                 




                              Londrina, 13 de Junho de 1988

                     

                      Ref. :  A Revelação da Igreja no Novo Testamento


                      Aos amados irmãos em Cristo,

                     

                      A graça e a paz do Senhor Jesus Cristo sejam com todos.

                     

                      É com gratidão a Deus que lhes ofereço o presente trabalho, resultado de prolongada pesquisa, criteriosa coleta de material e sincera meditação a respeito de um dos mais importantes temas bíblicos, que é “A IGREJA”.

                      Os assuntos aqui tratados são A IMPORTÂNCIA, A ORGÂNIZAÇÃO, A ADORAÇÃO e a MISSÃO DA IGREJA, à luz do Novo Testamento. Nada há de novidade nesta obra; pelo contrário perguntamos tão somente pelas veredas antigas, e qual o bom caminho (Jr 6:16) da boa e antiga igreja apostólica do  primeiro século. Considerações tecidas sobres pontos mais específicos são devidas às necessidades presentes da igreja.

                      É verdade que alguns aspectos podem parecer novos, como a música na adoração, a interpretação sacramental da ceia do Senhor e as qualificações dos presbíteros. Contudo são problemas que se arrastam na igreja há mais de 1500 anos, pois começaram a surgir logo nos primeiros séculos, após a morte dos apóstolos.

                     O que diz a palavra de Deus a respeito de cada uma dessas questões?

                     É exatamente isto que precisamos saber, e podemos ter a certeza de que o Novo Testamento, que contém a revelação da igreja, traz também a resposta para cada uma delas.

                     Sabendo que há variedade de opiniões e diferentes graus de discernimento a respeito de certos assuntos, o que nos cabe é encomendar-nos ao Senhor e à Palavra da sua graça, que tem poder para nos edificar e dar herança entre todos os que são santificados.

                      Foi isto o que fizemos desde o início deste trabalho.

                      O Senhor seja com todos.


                                                                       Riolando Carlos de Barros

                     

                    

                                              






                                   

                                             ECLESIOLOGIA


  I .  Definição do termo

        A .  Etimologicamente a palavra consta de “eclesio” + “logia”

              1 .  A primeira parte, eclesio, vem do grego “ekklësia”, que significa igreja ou      

                    assembléia.

              2 .  A segunda parte, “logia”, também do grego, significa estudo ou

                    descrição.

        B .  Portanto, Eclesiologia é um estudo sobre a igreja.

              Nós o desenvolveremos do ponto de vista das doutrinas, natureza e

              características da igreja.

  II .  Os diferentes tipos de Eclesiologia

        A .  Eclesiologia Histórica – estuda a igreja do ponto de vista do seu

              desenvolvimento histórico

        B .  Eclesiologia Religiosa – estuda a igreja do ponto de vista de autoridades 

              religiosas como sociólogos, filósofos, teólogos naturais etc.

        C .  Eclesiologia Bíblica – estuda a igreja do ponto de vista das Escrituras Sagradas.

  III . A importância da Eclesiologia Bíblica reside no fato de que somente este tipo de         

        Eclesiologia estuda a igreja do ponto de vista da Bíblia, que é a única fonte

        reveladora da mente de Deus sobre este e muitos outros assuntos. Confira as

        seguintes passagens: 2° Tm 3:16-17; 1° Co 2:11-13; 2° Pe 1:21.

        A .  Na eclesiologia Histórica aprendemos somente o que ocorreu com  a igreja no

              decorrer dos séculos – a sua história.

        B .  Na Eclesiologia Religiosa aprendemos o que certos homens pensam a respeito

              da igreja – pensamento humano.

        C .  Mas na Eclesiologia Bíblica aprendemos o propósito de Deus para com a igreja-

              Ef 3:10-11.











                                  R E V E L A Ç Ã O   D A   I G R E J A

                        

                          O que é a igreja, o que Cristo representa para ela e

                          a vontade de Deus para com ela são assuntos que se

                          encontram revelados nas páginas do Novo Testamento.

                          O objetivo do presente trabalho é expor estes assuntos

                           para trazer ao conhecimento do leitor essa revelação


  A IMPORTÂNCIA DA IGREJA

  Compreender a grande importância da igreja é fundamental para podermos prestar

  serviço perfeito e agradável a Deus.


  I .  Definição da palavra “igreja”

       A .  É a tradução da palavra grega “ekklësia”, que tem o significado normal de

             assembléia, mas etimologicamente sugere a idéia de “chamados” ou

             “chamados para fora”.

       B .  Algumas vezes a palavra “ekklësia” aparece no Novo Testamento, não em

             sentido espiritual, como é o caso de At 19:32,39, sendo traduzida simplesmente

             por “assembléia”.

       C .  A Septuaginta usou alternativamente as palavras gregas “ekklësia” e “sinagögë”

             para traduzir as palavras hebraicas “edhah” e “kahal”, que significam a congre_

             gação ou ajuntamento do povo de Deus em Israel, ou de seus representantes, os

             príncipes. Foi Jesus quem usou em primeiro lugar a palavra “ekklësia” ou o

             termo correspondente do aramaico, traduzido por este, para se referir ao povo

             de Deus no Novo Testamento, termo que corresponde à palavra igreja do

             Português

             ( Mt 16:18 ).

              Certamento foi aí que a mente apostólica se estribou para estabelecer sua

              nomenclatura no Novo Testamento. Utilizando a palavra “sinagögë” para

              denominar a congregação dos judeus, a sinagoga, consagrou a palavra

              “ekklësia” para a assembléia cristã, dando ênfase espiritual ao fato de que

              ela é chamada por Deus em Cristo e, por isso, qualificada como igreja de Deus

 ou igreja de Cristo. A palavra “igreja” no Novo Testamento é usada em sentido     

 de “igreja local” ( 1° Co 1:1-2; 1° Ts 1:1; Rm 16:23; Cl 4:15 ) ou “igreja

              universal” ( Mt 16:18; Ef 5:23-26 ).


  II .  A igreja é uma instituição divina

        A .  É divinamente planejada  -  Ef 3:10-11; 1° Pe 1:2; Ef 1:3-5.

        B .  É divinamente edificada  -  Mt 16:18; 1° Co 3:11; Ef 2:13-22.

        C .  É divinamente comprada  -  At 20:28; 1° Pe 1:18-20

        D .  É divinamente organizada  -  Ef 4:11-14; At 20:28

        E .  A igreja divinamente planejada e revelada é gloriosa, sem mácula, santa,

              sem defeito e salva por Cristo  -  Ef 5:23,26,27.

        Sendo então uma instituição divina e não humana, só Deus tem o direito de dizer o

        que é a igreja, o que ela deve ensinar e o que ela deve praticar. O homem jamais

        terá o direito de modificar os ensinamentos divinos sobre ela, sobre sua natureza

        sobre suas características ou suas doutrinas.

       

        O objetivo deste trabalho é examinar as características, as doutrinas e a natureza

        da igreja estabelecida por Jesus, à luz das Escrituras Sagradas, a fim de podermos

        seguir hoje em dia o mesmo padrão que os apóstolos deixaram.


  III .  As relações de Jesus para com a igreja

         A .  Ele é o construtor  -  Mt 16:18; Ef 2:14-16.

         B .  Ele é o fundamento  -  1° Co 3:11.

         C .  Ele é a pedra angular  -  At 4:11-12; Ef 2:20.

         D .  Ele é o comprador  -  At 20:28;  Ap 5:9; 1° Pe 1:18-19.

         E .  Ele é a Cabeça  -  Ef 1:22; Cl 1:18-19

         F .  Ele é o Salvador  -  Ef  5:23

         Na vida e obra de Jesus que incluem sua conduta, seus ensinos e seu sacrifício é

         que encontramos explicação para todos estes itens.


  IV .  A igreja não é

         A .  Uma organização humana  -  Ef 4:11; At 20:28; 1° Pe 2:9-10.

         B .  Um prédio  -  At 5:11;  8:3; 15:30; 1° Pe 2:5.

         C .  Uma denominação. Os homens podem decidir se uma pessoa deve ou não fazer

               parte de uma certa denominação, mas só Deus pode decidir se uma pessoa

               pode fazer da Sua igreja  -  At 2:47.

                1 .  A palavra “denominação” aplica-se a igrejas com características

                      particulares incluindo nomes, doutrinas, organização e práticas.

                2 .  Denominações diferentes têm características diferentes, especialmente

                       o nome.

                 3 .  Atualmente existem milhares de grupos religiosos chamados

                       “denominações” que se distinguem entre si por suas doutrinas

                       organização e práticas. Quando suas tradições os afastam da igreja do

                       Novo Testamento, tornam-se seitas, entrando em processo de apostasia.

                 4 .  Jesus orou pela unidade dos seus discípulos  -  Jo 17:21.

                       Os apóstolos condenaram a divisão  -    Co 1:10-13

                       No primeiro século havia uma só igreja  -  Mt 16:18; Ef 4:4;

                       1° Co 12:13; Rm 16:16.


  V .  A natureza da vocação da igreja

        A .  Já vimos que a palavra igreja quer dizer literalmente os  “chamados” ,

              com ênfase em que são chamados por Deus em Cristo, sugerindo também

              a idéia de “chamados para fora de”.

        B .  Vamos ver em seguida a confirmação bíblica dessas verdades

              1 .  Somos chamados por Deus  -  1° Pe 5:10; 2° Tm 1:7-9.

              2 .  Somos chamados em Cristo  -  1° Pe 5:10.

              3 .  Somos chamados das trevas ( do mundo ) à luz maravilhosa do reino de

                    Cristo  -  Cl 1:12-13; 1° Pe 2:9.

              4 .  Somos chamados à paz de Cristo  -  Cl 3:15

        C .  Como somos chamados

               Pelo Evangelho  -  2° Ts 2:13-14; Gl 1:6-9; Rm 10:13-17; 2° Tm 1:8-9.

                    Palavras sinônimas de Evangelho:

                    1 .  A Verdade  -  Jo 8:31-32; Ef 1:13

                    2 .  Palavra da Verdade  -  Tg 1:18, Ef 1:13.

                    3 .  A Fé  -  At 6:7; Jd 3; Fp 1:27./

                    4 .  A Palavra  -  At 10:36;  Tg 1:23.

                    5 .  Lei Perfeita, Lei da Liberdade  -  Tg 1:25;

        CONCLUSÃO:  A igreja significa:

        Os chamados pelo Evangelho

        Os chamados por Deus em Cristo

        Os chamados das trevas para a maravilhosa luz de Cristo

        Os chamados do mundo para o reino de Cristo



  VI .  O Novo Testamento afirma que a igreja é

         A .  Povo de Deus  -  1° Pe 2:9-10

         B .  O rebanho que Deus comprou com o seu próprio sangue   -  At 20:28

         C .  Aqueles que foram salvos do pecado  -  Mt 1:21; At 2:47.

         D .  Os santificados em Cristo Jesus  -  1° Co 1:1-2

         E .  O corpo de Cristo  -  Ef 1:22-23; Cl 1:18,24.

         F .  O corpo dos reconciliados  -  Ef 2:16; Cl 1:20-22;

         G .  A noiva espiritual de Cristo  -  Ef 5:22-23,32

         H .  Os que espiritualmente estão em Deus  -  1° Ts 1:1; 2° Ts 1:1

          I .  Os arrolados no céu  -  Hb 12:22-23; Fp 4:3

         J .  A instituição na qual Deus será eternamente glorificado  -  Ef 3:21


          Falar em igreja de Cristo não é tratá-la como denominação. “Igreja de Cristo é

          uma expressão que denota simplesmente a relação entre Cristo e a sua igreja.

          Isto não é nome, mas significa que ela pertence a Ele. É o Povo de Cristo; são os

          resgatados por Cristo; são os reconciliados pelo sangue de Cristo; são os

          santificados em Cristo; enfim é o corpo dos redimidos pelo sangue de Cristo.

          Observe que o Novo Testamento não afirma em parte alguma que alguém é

          salvo antes ou depois de juntar-se a uma denominação qualquer. Tão pouco

          ele afirma que alguém pode juntar-se à igreja de Cristo. Afirma, sim, que as

          pessoas são acrescentadas pelo Senhor ao seu corpo, no momento em que são

          salvas ( At 2:47 ). A reconciliação no corpo de Cristo se dá simultaneamente com a                                                                                                     

          reconciliação pelo sangue. Igualmente, a separação do mundo e do pecado

          ( a santificação ) acontece ao mesmo tempo que o indivíduo é introduzido

          na igreja. Por conseguinte, a igreja de Cristo não significa uma parte de um

          total. Ela é o total do corpo, a quantidade total dos crentes em Cristo, cuja fé

          e prática são regidas pelos padrões do Novo Testamento. Portanto, pelo seu

          próprio caráter, a igreja de Cristo não pode ser uma denominação. E ninguém

          queira torná-la denominação!








  A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA

      Texto  -  Efésios 4:7-11


  I .  A importância deste assunto reside no fato da igreja ser parte do Eterno Propósito

       de Deus  -  Ef 3:10-11

       Daí resulta que a organização da igreja faz parte desse mesmo Propósito

       A .  Cristo capacita pessoas e concede-lhes ministérios na igreja  -  Ef 4:11

             Os ministérios são dom de Cristo para a igreja.

       B .  A igreja que não se organiza segundo a orientação de Deus, não está em ordem

             para funcionar segundo o seu Eterno Propósito  -  Tt 1:5; 1° Co 14:33,37-38.

       C .  As qualificações para o presbitério e para o diaconato foram dadas pelo Espírito

             Santo e são parte da revelação completa prometida por Jesus  -  Jo 16:13;

             1° Tm 3:1-13; Tt 1:5-9.

       D .  A mudança da organização estabelecida por Deus é uma perversão que

             resulta em várias conseqüência:

             1 .  Perigo para quem faz a mudança  -  2° Pe 3:16

             2 .  Apostasia da igreja no futuro  -  At 20:28-32

                   a .  Paulo profetizou a apostasia a partir da liderança  -  At 20:28-32

                   b .  De fato, a apostasia na história da igreja deu-se do seguinte modo:

                         b1 .  Um dos presbíteros assumiu autoridade sobre os outros,

                                 passando a ser chamado “o Bispo” ou “presidente do presbitério”

                                 ( cf. Inácio  -  epístola aos de Esmirna  -  Bettenson, “Documentos

                                 da Igreja Cristã”  -  Aste pág. 100 ).

                         b2 .  Mais tarde, um bispo passou a ser responsável por uma certa

                                 região, incluindo várias igrejas.

                         b3 .  Entre 590 e 606 D.C processou-se a mudança que levou à escolha

                                 do primeiro Papa da igreja universal.

                         B4 .  A atual prática protestante de ter um pastor como dirigente de 

                                 uma congregação era predominante no 2° século. O Novo                     

                                 Testamento, porém, requer que haja mais de um presbítero em

                                 cada congregação e que eles sejam eleitos pela igreja.

       E .  O Novo Testamento apresenta uma organização tanto para a igreja universal

             como para a igreja local, pois ele descreve a igreja em ambos os sentidos.

             Sobre igreja universal leia:  Mt 16:18; Ef 1:22-23; 2:16-22; 3:10;

             Sobre igreja local leia:  1° Co 1:2; Gl 1:2; Rm 16:16.




  II .  Organização da igreja universal

        A .  A igreja universal inclui todas as congregações locais. Nesta forma ela é

              apresentada pela Bíblia ao leitor, como o reino de Cristo ou, principalmente,  

              como o corpo de Cristo  -  Mt 16:18-19; Cl 1:13; Hb 12:28; Ef 1:22-23; Cl 1:18 

              etc.

        B .  A igreja universal está organizada como segue

              1 .  Jesus é “O Cabeça” da igreja universal  -  Ef 1:22-23; 5:23; Cl 1:18; 2:19.

              2 .  Jesus é o único Senhor da igreja. Não há outro cabeça, não há outro corpo

                     universal e nem várias corpos universais  -  Ef 4:4-5

                     Pedro não é outro cabeça e, portanto, nem o Papa

                     As denominações não são vários corpos universais

               3 .  Os apóstolos e profetas de Cristo são seus porta-vozes para a igreja

                      universal  -  Ef 2:20; 4:11  -  Eles estavam credenciados e autorizados

                      a agir como embaixadores de Cristo para transmitir a sua mensagem  - 

                      2° Co 5:20  -  e dar as doutrinas da igreja  -  Ef 2:20; Jo 17:18-20.

                      a .  Eles revelaram pela inspiração do Espírito Santo  -  Jo 16:13;

                            2° Co 2:13; 2° Pe 1:20-21

                      b .  Eles revelaram toda a vontade de Cristo  -  Jo 16:13; Jd 3; Gl 1:6-9;

                             2 ° Tm 3:16-17

                       c .  A sua autoridade de revelar foi confirmada por milagres da parte de

                             Deus  -  Mc 16:20; At 14:3; 2° Co 12:12; Gl 3:5; Hb 2:3-4

                       d .  Todos os apóstolos receberam inspiração para agir.  -  Mt 16:19;

                             18:18.

                       e .  Eles lançaram o fundamento da igreja que é Jesus Cristo mesmo,

                             a pedra angular  -  Ef 2:20; 1° Co 3:11; 15:11

                4 .   O corpo da igreja universal

                       a .  Há um só corpo e não vários corpos  -  Ef 4:4; 1° Co 12:13

                       b .  Este corpo compõe-se de muitos membros que são os indivíduos

                             salvos por Cristo  -  Rm 12:4-5; 1° Co 12:12-13

                             Os membros do corpo universal não são as várias denominações, e

                              sim, os indivíduos salvos por Cristo  -  1° Co 15:1-8.


             





  III .  Organização da igreja local

         A .  Os presbíteros

               1 .  “bispo”, “presbítero” e “pastor” descrevem o mesmo cargo na igreja local

                     At 20:17,28; Tt 1:5-7; 1°Pe 5:1-2

               2 .  Função dos presbíteros

                     “Presbítero”, na língua grega, significa mais idoso

                     a .  Como homens mais idosos eles devem conduzir a congregação com

                           maturidade e experiência na Palavra de Deus. Não devem ser neófitos,

                           isto é, novatos, principiantes, noviços  -  1° Tm 3:6

                     b .  Como bispos, eles devem supervisionar a igreja, cuidar dela e

                           governá-la  -  1° Tm 3:5;  At 20:28  -  exercendo seu ministério

                           somente na congregação a que pertencem   -  1° Pe 5:2; At 14:23

                     c .  Como pastores eles tem que pastorear e proteger o rebanho de Deus,

                           alimentando-o espiritualmente pelo ensino, exortando pela Palavra e

                           guardando a igreja local de possíveis desvios e ataques externos  - 

                           Tt 1:9-11; 1° Pe 4:10-11; At 20:28-32

               3 .  Qualificações dos presbíteros: Veja  -  1° Tm 3:2-7; Tt 1:6-9; 1° Pe 5:1-4

               4 .  Número de presbíteros em cada congregação

                     Sempre em pluralidade  -  At 14:23; 20:17; Fp 1:1; Tt 1:5

               5 .  Deveres da congregação para com os presbíteros

                     a .  Obedecer ( ser submissa ) -  Hb 3:17

                     b .  Remunerá-los, se necessário  -  1° Tm 5:17-18

                     c .  Somente aceitar denúncia contra eles, se houver duas ou três

                           testemunhas  -  1° Tm 5:19

                     d .  Acatá-los com apreço, com amor e máxima consideração – 1°Ts 5:12-13

         B .  Os diáconos

               1 .  Como detentores de um cargo específico na igreja, são mencionados em

                     Fp 1:1 e 1° Tm 3:8-13

               2 .  “diácono” significa alguém que executa certas ordens de outra pessoa,

                     como seu atendente, servo, administrador, ministro, garçom. Na igreja

                     eles são servos e auxiliam os presbíteros, trabalhando sob a sua direção.

                     Os homens escolhidos pela igreja de Jerusalém para servir, em At 6, foram

                     provavelmente os primeiros diáconos do cristianismo.

               3 .  Seus requisitos estão especificados em 1° Tm 3:8-13; At 6:3-5

         C .  Os evangelistas

               1 .  Seu cargo é especificado em Ef 4:11; 2° Tm 4:5

               2 .  Sua função: “proclamador das boas novas”, que é o significado da palavra

                     “evangelista”. Seu trabalho principal é pregar a palavra, anunciando a

                     Cristo  -  2° Tm 4:1,2; At 8:5,35,40

               3 .  Seus requisitos

                     a .  Capacidade de manejar bem as Escrituras  -  2° Tm 2:15; 3:14-17

                     b .  Ter caráter cristão  -  1° Tm 4:12

                     c .  Ser firme na fé e leal à verdade  -  2° Tm 4:1-5

         D .  Os mestres ( professores )

               1 .  Sua responsabilidade é aludida em Ef 4:11

               2 .  Têm que praticar o que ensinam  -  Rm 2:21-24

               3 .  Devem ter disposição e capacidade de submeter-se a juízo severo em tudo

                     o que ensinam  -  Tg 3:1

         E .  Os membros

                1 .  São santos  -  1° Co 1:2, Ef 1:1; Fp 1:1

                2 .  Têm que ser pessoas salvas  -  At 2:47; 15:1-2

                3 .  Devem trabalhar unidos  -  1° Co  12:12-31; Ef 4:15-16; Hb 13:16

                4 .  Devem obedecer aos presbíteros e aos que dirigem os trabalhos  - 

                      Hb 13:17

                5 .  Devem crescer até a medida da estatura de Cristo, isto é, precisam

                     desenvolver-se progredindo sob a direção dos guias constituídos por Deus,

                     para a congregação local  -  Ef 4:11-14

          F .  Exortação aos presbíteros

                Quando se despediu dos presbíteros da igreja de Eféso, o apóstolo Paulo fez

                uma dramática recomendação para que eles pastoreassem a igreja de Deus

                “a qual Ele comprou com o seu próprio sangue”  ( At 20:28 ). Os perigos eram

                evidentes e são apontados logo em seguida.

                1°)  A penetração de lobos vindos de fora para devorar o rebanho, sem

                       nenhuma consideração, pois os lobos só pensam em comer a carne das

                       ovelhas e vestir-se da sua lã. O seu propósito, portanto, é contrário ao do

                       do pastor e as suas intenções são contrárias àquelas que as ovelhas

                       esperam. É claro que eles não foram constituídos bispos pelo Espírito

                       Santo. Por isso não têm capacidade e nem interesse de reconhecer o

                       valor que Deus pagou pela igreja, o seu próprio sangue ( At 20:28-29 ).

                2°)  A apostasia de alguns dentre os presbíteros

                       Entre eles mesmos, alguns se levantariam falando cousas pervertidas

                       para arrastar os discípulos atrás de si. Estes , evidentemente, perderam

                      a sujeição ao Espírito Santo, e passaram a falar e a agir de acordo com

                      interesses humanos, deixando de ser bispos constituídos pelo Espírito

                      Santo, vindo a pastorear igrejas que não são mais de Deus, e sim de

                      homens ( At 20:30 ).

                 A exortação aos presbíteros é para que eles tenham cuidado por eles mesmos

                 e por todo o rebanho. Por eles mesmos, no sentido de não se deixarem

                 perverter. Por todo o rebanho, no sentido de defendê-lo contra o

                 ataque dos lobos vorazes que vêm de fora, e contra os bispos pervertidos

                 dentro do rebanho. São três as recomendações do Espírito para eles

                 enfrentarem esse problema:

                 1°)  Vigilância ( At 20:31 ). É preciso estar atento a todas as atividades do            

                        presbitério, para detectar qualquer movimento falso, quer venha através

                        de lobos de fora, quer venha através de bispos de dentro e, assim,

                        acudir em tempo.

                 2°)  O Senhor ( at 20:32 ). Os presbíteros são encomendados ao Senhor.

                        É o Senhor Jesus que pode protegê-los contra esse perigo que trás

                        conseqüências funestas. Poderíamos perguntar: “Já que o Senhor é

                        poderoso para livrar a igreja do perigo da apostasia, por quê ela

                        acontece?” Acontece porque pode aparecer dentro do rebanho tanto

                        presbíteros como ovelhas que alimentam no coração o germe da

                        apostasia e que se deixam cercar de falsos mestres, segundo a sua

                        própria cobiça ( 2° Tm 4:3 ). Jesus que sonda as mentes e corações

                        ( Ap 2:23 ), que anda no meio das igrejas ( Ap 1:13 ) e que tem na mão

                        direita os anjos, isto é, os pastores das igrejas ( Ap 1:16 ). Ele mesmo

                        sabe até quando Lhe convém ficar no meio destas igrejas e sustentar os

                        seus anjos na Sua mão direita.

                 3°)  A Palavra da Sua graça ( At 20:32 ). Os presbíteros também são

                        encomendados à Palavra do Senhor, pois ela tem poder para edificar e

                        dar herança entre os que são santificados. Portanto, os presbíteros

                        devem estar em completa sujeição à Palavra do Senhor, se quiserem

                        receber as bênçãos do seu ministério. É fácil compreender isto, pois eles

                        são modelo do rebanho ( 1° Pe 5:3 ). A perversão dos presbíteros começa

                        com a desobediência à palavra, pois é aí que eles mostram insubmissão

                        ao Espírito,uma vez que a Palavra é do Espírito ( 1° Co 2:13; Ef 6:17;

                       2° Pe 1:21 ).

                        A Palavra tem muito a dizer aos presbíteros, especialmente no que é

                        requerido deles para exercerem o presbitério. Veja esses requisitos em

                        1° Tm 3:1-7; Tt 1:5-9 e 1° Pe 5:1-3.

                        Muitas igrejas admitem presbíteros que não são anciãos, que não têm

                        filhos crentes ou em sujeição, que não têm suficiente conhecimento da

                        Palavra para exortar pelo reto ensino e convencer os que contradizem.

                        Essas igrejas precisam admitir, quer queiram, quer não, que estão na

                        apostasia ou em processo de apostasia. A sua organização é humana e

                        os presbíteros não estão constituídos pelo Espírito. Pastores jovens,

                        casados e solteiros, ou que têm um único filho não são credenciados pelo

                        Espírito, pois falta-lhes a experiência de uma vida amadurecida no lar,

                        o que é indispensável para cuidarem da igreja de Deus.


  A ADORAÇÃO DA IGREJA

         De acordo com Rm 12:1, a adoração cristã consiste da totalidade dos nossos atos,

  ou seja das nossas ações, palavras, e pensamentos que, afinal, são consumados através

  do nosso corpo, e devem ser oferecidos a Deus por sacrifícios vivos, santos e agradáveis

  É a adoração lógica daquele que foi redimido por Cristo, e compreende a sua obra

  redentora. Adoração lógica e racional ou espiritual são a mesma cousa.

         Mas existem certos atos específicos que a igreja realiza em conjunto, quando está

  reunida para adorar a Deus. Estes atos são as orações, a ceia do Senhor, o louvor, a

  pregação da palavra e a contribuição. Vamos considerar em seguida cada um destes

  atos separadamente.

 

  I .  A oração

       A .  Como orar

             1 .  A quem dirigir

                   a .  a Deus  -  Mt 6:9; Jo 15:16; 16:23; Ef 3:14; Fl 4:6;

                   b .  a Jesus  -  Jo 14:13-14

             2 .  Iniciar com palavras de louvor e glorificação  -  Mt 6:9

             3 .  Pedir em nome de Jesus  -  Jo 14:13-14; 15:16; 16:23; 1° Tm 2:5

             4 .  O que pedir  -  veja Mt 6:10-13; Ef 1:17-19; 6:18-19; Fl 1:9-10; 2° Ts 1:12;

                   3:1-2; 1° Tm 2:1-2

             5 .  Os homens são requisitados para orar nos cultos públicos  -  1° Tm 2:8

             6 .  Atitudes na oração

                   a .  com humildade  -  Lc 18:9-14

                   b .  com motivos puros  -  Mt 6:5-6

                   c .  com perdão  -  Mt 6:14-15

                   d .  não mecanicamente  -  Mt 6:7

                   e .  com mãos santas, isto é, pessoa consagrada, sem ira e sem animosidade

                         1° Tm 2:8

                   f .  com discernimento quanto ao que pedir  -  Tg 4:3

                   g .  com disposição de acatar a vontade de Deus  -  Lc 22:42

                   h .  com fé  -  Mt 21:22; Tg 1:6-8

                   i  .  as mulheres podem orar, mas em submissão aos homens  -  1°Co 11:5-10

         B .  Tipos de oração  -  Fl 4:6; 1° Tm 2:1;

               1 .  Oração é a expressão que descreve o ato de nos dirigirmos a Deus

               2 .  Súplica é a oração de petição humilde e insistente

               3 .  Intercessão é oração a favor de outras pessoas

               4 .  Ação de graça é oração de agradecimento

                Petição não é tipo de oração. É simplesmente o ato de pedir.

         C .  Instruções para oração particular

               1 .  Orar sem cessar  -  1° Ts 5:17

               2 .  Orar a todo o tempo no Espírito  -  Ef 6:18

               3 .  Orar uns pelos outros  -  Ef 6:18; Tg 5:16

               4 .  Orar com perseverança  -  Mt 7:7-11; Lc 15:5-13; 18:1-8

         D .  Oração da igreja em conjunto

               1 .  É ensinada em 1° Tm 2:1-4,8

               2 .  É ensinada como poderosa em At 4:31; 12:5 ss

         E .  Considerações sobre a oração

               1 .  A oração é uma atitude de aproximação a Deus, com o intuito de

                     beneficiar-se da Sua presença. Esta aproximação significa adoração  - 

                     Hb 4:16; 10:22; 1° Pe 2:4-5

               2 .  A oração é a atividade mais elevada da mente e do espírito humanos

                     porque, por seu intermédio se estabelece comunicação entre a criatura

                     redimida e o Deus Criador e Redentor.

                     a .  Jacó descobriu a sua importância  -  Gn 28:10-17

                     b .  Elias conheceu a sua eficácia  -  Tg 5:17-18

                     c .  A igreja de Jerusalém experimentou o seu poder  -  At 4:23-31; 12:1-17

               3 .  Objetivos do estudo da oração

                     a .  Aprender a dirigir-se a Deus de maneira conveniente

                     b .  Fazer da oração um instrumento importante na vida do crente

                4 .  Meditação de alguns cristãos a respeito do ato de orar

                     “A oração é a alavanca que move o braço de Deus”

                     “A oração é como o sorriso da criança que provoca o carinho do pai”


  II .  A ceia do Senhor

        A .  A instituição da ceia

              A ceia é o ato instituido pelo Senhor Jesus, como memorial do seu

              sacrifício ( Lc 22:19; 1° Co 11:24-26 ). Memorial é aquilo que se faz para

              perpetuar a memória de alguém ou de algum acontecimento, trazendo-o a

              lembrança permanentemente. Por exemplo a páscoa era um memorial para

              Israel na Velha Aliança que comemorava a saída do Egito ( Ex 12:24-27 ).

              Expressões sinônimas da ceia do Senhor

              1 .  A mesa do Senhor  -  1° Co 10:21

              2 .  Comunhão do corpo e do Sangue de Cristo  -  1° Co 10:16

              3 .  Partir o pão  -  At 2:42; 20:7

              Jesus instituiu a ceia na noite em que foi traído e ordenou aos discípulos que a

              celebrassem em sua memória, porque este foi o sacrifício que restaurou a

              comunhão do homem com Deus

        B .  Esclarecimento sobre a comunhão com Deus

              Antes de tratar diretamente da ceia do Senhor, vamos ligar numa linha de

              pensamentos bíblicos os fatos relativos a perda da comunhão do homem com

              Deus e à restauração da mesma.

              1 .  O homem perde a comunhão com Deus ou sofre a morte espiritual, quando

                    peca  -  Gn 2:17; Ez 18:4; Is 59:2; Rm 5:12; Tg 1:15

              2 .  O homem não tem condições de restaurar essa comunhão ou de voltar à

                    vida

                    espiritual por seus próprios recursos  -   Gn 3:22-24; 1°Co 1:21; Ef 2:8-9;

                    Tt 3:4-7

              3 .  É Deus quem toma a iniciativa da restauração  -  Gn 3:15; ( esta é a

                    promessa de um Redentor nascido na raça humana )  -  1°Co 1:21; Rm 3:23

                    24; Ef 2:4-5,8

              4 .  A comunhão é restaurada pelo sacrifício de Cristo  -  Jo 6:51b; Rm 5:10-11;

                    Hb 10:10,19-20

              5 .  A restauração à comunhão com Deus é mediante a fé em Cristo e seu

                    sacrifício  -  Jo 3:14-16; 5;24; 11:25; Rm 3:24-25

              6 .  A comunhão com Deus é em espírito e não na carne  -  Jo 6:63

              7 .  Para consumar essa comunhão, ou seja, para criar e alimentar a nossa vida

                    espiritual era necessário que Jesus fosse ressuscitado e glorificado  - 

                   Jo 6:62-63; 7:37-39; 16:7

                   Quando Jesus foi glorificado, o Espírito foi derramado por Ele sobre os

                   discípulos no dia de pentecoste. Agora Ele permanece na igreja até a sua

                   volta e todos nós somos nutridos por Ele  -  At 2:32-33; 1°Co 12:13

              8 .  Estas verdades espirituais precisam ser discernidas em espírito, porque não

                    é comendo ou bebendo  os elementos da ceia, que podemos manter

                    comunhão com Deus e nem alimentar a nossa vida espiritual  -  Jo 6:53-63

              9 .  Esse discernimento é Deus quem dá  -  Jo 6:44-45,65; Mt 16:15-17

              Portanto, a ceia do Senhor não é ato que renove a comunhão com Deus por

              comer o pão e beber do fruto da videira. A ceia é o memorial de Cristo e seu

              sacrifício, que nos restauram à comunhão com Deus. Não se encontram nas

              palavras de Jesus e de seus apóstolos as idéias de que por meio da ceia o

              crente recebe perdão de pecados, cura de enfermidades ou qualquer outra

              graça.

        C .  Os elementos componentes da ceia e o seu significado

              1 .  O pão asmo, pão sem fermento, usado na comemoração da páscoa judaica

                    O seu significado é o corpo de Cristo, puro, isento de pecado ( Lc 22:19b ).

                    Por analogia da igreja com o corpo de Cristo esta característica estende-se

                    à igreja, que deve manter a sua pureza e integridade, como um único pão

                    sem fermento  -  1° Co 5:7-8; 10:17

              2 .  O fruto de videira  -  Lc 22:18; Mt 26:29; Mc 14:25;

                    Convém lembrar que a expressão usada por Jesus na instituição da ceia não

                    é “vinho”, que no grego é “oinos”. A expressão usada é “fruto da videira”,

                    que no grego é “genëma tës ampelou”. Em outras oportunidades Ele

                    empregou a palavra vinho ( Mt 9:17; Lc 7:33; 10:34 ). O fruto da videira

                    representa o sangue de Cristo ( Lc 22:20 ), o que tem profundo significado

                    espiritual.

        D .  A celebração da ceia

              1 .  Há quatro textos que descrevem a instituição da ceia. São eles Mt 26:26-30

                    Mc 14:22-26; Lc 22:19-23 e 1°Co 11:23-26

              2 .  Os quatro textos são unânimes em afirmar que Jesus iniciou pelo pão.

                    Nenhum dos quatro textos diz, no grego, que Jesus tomou  “o pão”.

                    Nenhum dos textos trás o artigo definido “o”, antes da palavra pão.

                    E quando isto acontece, a tradução deve ser feita usando-se o artigo

                    indefinido, ou não usando artigo nenhum. Portanto, quando encontramos o

                    artigo indefinido antecedendo a palavra pão em Português, “tomou um

                    pão”, devemos compreender que o verbete “um” não significa o numeral 1

                    ( 1 pão ), mas significa algum pão entre outros. Se a intenção de Jesus

                    fosse partir um único pão para toda a igreja na celebração da ceia,

                    os textos exprimiriam isto por meio do numeral grego “heis” que significa

                    a quantidade unitária, e deveria vir antes da palavra pão. Isto significa

                    que uma igreja de muitos membros pode usar mais de 1 pão na celebração

                    da ceia.

              3 .  Em seqüência a tomar o pão, Jesus deu graças.

                    Depois de ter dado graças partiu o pão

                    Depois, deu-o aos discípulos para que comessem, ordenando-lhes que

                    fizessem isto em sua memória.

                    Verifique essa seqüência comparando os quatro relatos, de Mateus, Marcos,

                    Lucas e 1°Coríntios.

              4 .  Em seguida Jesus tomou um cálice

                    a .  Mateus e Marcos escrevem “tomou cálice”, sem artigo, que se traduz

                          por “tomou um cálice”, sendo que este “um” também não é o numeral

                          1, mas o artigo indefinido, significando algum dos cálices.

                    b .  Havia um só cálice ou havia muitos cálices? Note em Lucas 22:17

                          que, antes de partir o pão, Jesus já tinha mandado os discípulos

                          repartirem o cálice. Isto ocorreu ainda na comemoração da páscoa

                          judaica, antes da instituição da ceia. Assim, quando o Mestre tomou o

                          cálice, depois de partir o pão, cada discípulo já estava com a sua

                          porção de fruto da videira no seu próprio cálice, que fora tomada do

                           cálice que Jesus tinha pegado. “Tomar” significa “pegar” e não

                           significa “beber”.

                     c .  Mas no original grego de Lc 22:20 consta “o cálice” com o artigo

                           definido. Paulo escreve do mesmo modo em 1°Co 11:25. Por quê

                           aparece aqui o cálice determinado com o artigo definido “o”?

                           O que isto pode indicar é que Jesus tomou aquele mesmo cálice que

                           Ele tinha dado aos discípulos para repartirem entre si.

                     d .  Em seguida a tomar o cálice Jesus deu graças ( Mt 26:27; Mc 14:23 ).

                           Lucas e Paulo exprimem que Jesus tomou o cálice com ações de graça

                           através da expressão “semelhantemente” ou “por semelhante modo”

                           ( Lc 22:20; 1°Co 11:25 ).

                     e .  Por último Mateus informa que Jesus deu o cálice aos discípulos,

                           dizendo: “bebei dele todos” ( Mt 26:27 ).

                           Marcos informa que Jesus deu o cálice aos discípulos e todos beberam

                           dele ( Mc 14:23 ).

                           Lucas e Paulo não relatam que Jesus tenha mandado os discípulos

                           beberem do cálice. Mas isto fica implícito no espírito da celebração,

                           corroborando também as informações de Mateus, de Marcos e a

                           explicação de Paulo em 1°Co 11:25-26

                     f .  Os relatos de Mateus, Marcos e 1°Coríntios falam em beber do cálice.

                           Beber “do cálice” não é o mesmo que beber “no cálice” ou “com o

                           cálice”. Beber “do cálice” é beber uma parte do conteúdo do cálice.

                           Beber com o cálice ou beber no cálice é por a boca no cálice para

                           beber. Todos podem beber do mesmo cálice, sem beber no mesmo

                           cálice. Basta passar um pouco do conteúdo do cálice para outros

                           cálices. Isto significa repartir o cálice ( Lc 22:17 ). Embora sejam

                           cálices diferentes, o conteúdo é o mesmo ( cp Jo 4:12; 1°Co 10:4 ).

                           Repartir o cálice para cada um beber no seu próprio cálice não

                           significa distinção ou divisão entre irmãos. Veja que com o pão

                           acontece cousa semelhante, pois, todos comem do mesmo pão depois

                           dele  partido, sem necessidade de todos morderem no mesmo pão.

                           Jesus mesmo mandou os discípulos repartirem o cálice ( Lc 22:17 ).

                           O que se conclui? Conclui-se que o costume de celebrar a ceia com um

                           único cálice é uma tradição que resulta de interpretação superficial,

                           e não resiste à leitura da Palavra com discernimento.

                     g .  Uma cousa parece anacrônica: Mateus e Marcos relatam que Jesus deu

                           o cálice para os discípulos beberem dele, alguns passos depois de

                           partir o pão. Isto parece indicar que leles repartiram o cálice na hora

                           de beber. Porém, Lucas não descreve Jesus dando o cálice naquele

                           momento. Ele relata que, durante a comemoração da páscoa judaica,

                           Jesus tomou um cálice, deu graças e disse: “Recebei e reparti entre

                           vós” ( Lc 22:17 ).

                           Haverá alguma contradição nisso? Certamente que não! É comum os

                           escritores arranjarem o material de seus livros de acordo com as

                           necessidades. E com isso eles não fogem à inspiração do Espírito.

                           Mateus, Marcos e Lucas omitem um período considerável do ministério

                           de Jesus, o ministério da Judéia. João dedica a esse período

                           parte do capítulo 2, o capítulo 3 e parte do capítulo 4 do seu

                           Evangelho. Lucas coloca a pregação de Jesus em Nazaré com grande

                           ênfase, no início do seu Evangelho ( Lc 4:16-30 ) enquanto que Mateus

                           coloca Sermão da Montanha, também com grande ênfase, no início do 

                           seu Evangelho ( Mt 5,6,7 ). Em Mateus 20:29-30 notamos referência a

                           dois cegos em Jericó, enquanto que Marcos se refere a apenas um

                           cego, Bartimeu, que deve ser aquele que ficou mais conhecido na

                           história da igreja primitiva ( Mc 10:46 ).

                           Assim, podemos compreender que não há contradição entre os relatos

                           de Mateus e Marcos com o de Lucas. Mateus e Marcos omitem o

                           episódio da repartição do cálice na páscoa judaica, transportando-o

                           para o momento da instituição da ceia. Lucas considera que a

                           repartição já havia sido feita anteriormente.

                    h .  O relato de 1° Coríntios 11:23-25 segue bem de perto o relato de Lucas

                          completando-o no verso 25, pressupondo a repartição do cálice antes

                          do partir do pão, harmonisando perfeitamente os relatos de Mateu,

                          Marcos e Lucas.

              5 .  Resumindo os fatos, compreendemos que há uma ordem bem definida na

                    celebração da ceia que pode ser reconstituída do seguinte modo:

                    1°)  Jesus tomou o pão

                    2°)  Deu graças

                    3°)  Partiu-o e deu aos discípulos para comerem, dizendo: “isto é o meu

                          corpo, fazei isto em memória de mim”.

                    4°)  Em seguida tomou o cálice

                    5°)  Deu graças

                    6°)  E disse: “este cálice é a nova aliança no meu sangue”, ou “isto é o

                           meu sangue, o sangue da nova aliança...”  Fazei isto todas as vezes

                           que o beberdes, em memória de mim.

                    Esta é uma harmonização dos quatro relatos da ceia.

        E .  O dia da celebração

                    O Novo Testamento afirma que a igreja apostólica se reunia com a

                    finalidade de partir o pão, isto é, de celebrar a ceia do Senhor, no primeiro

                    dia da semana. 1° Co 11:20 diz que os discípulos se reuniam no mesmo

                    lugar, e o motivo era comer a ceia do Senhor, embora estivessem

                    comportando-se de modo impróprio. 1° Co 16:1 afirma que essa reunião se

                    dava no primeiro dia da semana. Igualmente At 20:7 afirma que os

                    discípulos em Trôade estavam reunidos com o fim de partir o pão.

                    É muito especial a maneira de Lucas escrever sobre esse episódio.

                    Ele diz no original: “No primeiro dia da semana, tendo nós sido reunidos

                    com o fim de partir o pão...”  A expressão “tendo nós sido reunidos” é

                    flexão do verbo “sunagö” do grego, que significa reunir ou convocar, e se

                    encontra no particípio perfeito passivo. Este tempo verbal exprime a idéia

                    de que num primeiro dia os discípulos foram convocados para partir o pão e

                    desde esse dia, a convocação continua válida. As razões para esta reunião

                    dos discípulos no primeiro dia da semana estão apontadas no

                    Novo Testamento e são:

                    1°)  Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana ( Jo 20:1-9 )

                    2°)  Jesus manifestou-se naquele dia a vários discípulos ( Jo 20:11-26;

                           Lc 24:13-35 )

                    3°)  Jesus manifestou-se novamente no primeiro dia da semana, oito dias

                           depois da ressurreição ( Jo 20:26 )

                    4°)  Jesus partiu o pão com dois discípulos no dia da ressurreição, o

                           primeiro dia da semana, e apareceu também a todos os outros

                           discípulos ( Lc 24:30-36 ).

                    Mas ainda há outros fatos que mostram a importância do primeiro dia da

                    semana para a igreja:

                    1°)  Corresponde ao oitavo dia da criação de Deus, sendo o dia da criação

                           do novo homem, o homem espiritual pela ressurreição de Cristo

                           ( 1°Co 15:45-49; Tg 1:18; 1° Pe 1:3 ).

                     2°)  Foi o dia que marcou o início da igreja, pentecoste, que caía sempre

                            no primeiro dia da semana, 50 dias depois da Páscoa.

                     3°)  Foi o dia em que Deus deu a última revelação da Palavra,

                            completando as Escrituras inspiradas com o livro do Apocalipse

                            ( Ap 1:10-11 ).

                      4°)  É o dia que a Palavra descreve como o dia do Senhor ( Ap 1:10 ).

                      Todos esses fatos mostram que a igreja primitiva conhecia a razão de

                      sentir-se convocada com o fim de partir o pão no primeiro dia da semana.

                      Se não houve uma ordem expressa de Jesus para isto, foi o próprio

                      Espírito que levou a igreja a esse procedimento. Todavia, no Novo

                      Testamento, o primeiro dia da semana não é regido por leis, como era o

                      sábado no Velho Testamento, mas é discernido no Espírito.

                      Através da celebração da ceia, a igreja professa a sua fé na morte

                      expiatória de Cristo, bem como na sua volta ( 1°Co 11:26 ).

                      E entre estes dois pontos de fé está a convicção de que o nosso  

                      Redentor vive. Esta confiança é que leva a igreja à perseverança na

                      celebração da ceia, como a igreja primitiva ( At 2:42 ). Em outras

                      palavras “o Espírito e a Noiva dizem: Vem! Ora, vem, Senhor Jesus!”

        F .  Atitudes Necessárias para Participar da Ceia do Senhor                     

             1 .  Dignidade, que significa não se comportar inconvenientemente  - 

                   ( 1° Co 11:21-27 )

             2 .  Auto-análise ( 1° Co 11:28 )

             3 .  Discernimento ( 1° Co 11:29 )

                   É preciso discernir que, tanto a igreja quanto o corpo de Cristo sacrificado,

                   estão representados no pão que se come. É necessário considerá-los à

                   altura. Cada membro do corpo deve considerar os outros membros com

                   dignidade e ter grande respeito e reverência pela comemoração deste ato.

            

  III .  O louvor

             O termo bíblico que exprime o nosso ato de adoração a Deus por meio de

             de palavras cantadas ou simplesmente faladas é “louvor”. A palavra “música”

             que alguns empregam para isto pertence ao vocabulário pagão dos gregos e está

              relacionada com os entes chamados “Musas” da mitologia grega. Aqueles pagão

              acreditavam que elas inspiravam os artistas liberais, especialmente os poetas

              e os músicos. Nós, entretanto, sabemos que o Espírito Santo é que nos move

              para louvar a Deus ( Ef 5:18-19 ).

              No Novo Testamento comparece uma única vez a palavra da mesma raiz que é

              “músico” em Apocalipse 18:22 e se refere a homens profanos. Muitas versões

              da Bíblia usam a palavra música em Lucas 15:25 oara exprimir o conjunto de

              sons da tocata, dos cantos e gritos de júbilo que acompanhavam as danças na

              festa a que se refere a passagem. Mas Jesus usou a palavra “sumphönia” para

              descrever esses sons. Muitas traduções da Bíblia usam a expressão

              “músico-mor”, “músico principal” ou “mestre de música” no título dos salmos.

              Outras traduções mais exatas usam a expressão “mestre de canto”, porque a

              palavra “músico” ou “música” nunca foi usada no texto hebraico.

              No Velho Testamento, o livro que conhecemos com o nome de Salmos é

              chamado “Tehillim” que, em hebraico, significa Cânticos de Louvor ou

              Hinos de Louvor. Este livro contém poesias inspirada pelo Espírito Santo, para

              serem cantadas em louvor a Deus. O nome “Salmos” que foi dado ao livro em

              Português e muitas outras línguas, provém da versão chamada Septuaginta,

              que é a tradução do Velho Testamento hebraico para o Grego, feita quase

              trezentos anos antes de Cristo. Nesta obra os tradutores tomaram a palavra

              “mizmor” que traduziram por “Salmo”. Isto serviu de base para o título do

              livro na tradução grega. A palavra “mizmor” significa poema sagrado ou cântico

              sagrado.

              Há várias expressões bíblicas que significam louvor. Tais são: louvor, cântico,

              Salmo, hino e cântico espiritual. Todas elas exprimem aquilo que o nosso 

              espírito oferta a Deus como tributo de adoração por meio de palavras.

              O louvor não se confunde com oração, embora a oração possa conter louvores

              a Deus.

        A .  A qualidade do louvor

              Existem no Novo Testamento onze passagens que falam a respeito do louvor a

              Deus, relacionado com a igreja aqui na Terra. São elas:

              Mt 26:30                      Rm 15:9                  *Ef 5:10                    Hb 2:12            

              Mc 14:26                    *1°Co 14:15              *Cl 3:16                   *Hb 13:15

              At 16:25                     *1°Co 14:26                                             *Tg 5:13

              Algumas destas passagens descrevem cristãos louvando a Deus em devoção

              particular, enquanto outras falam da atitude ou da disposição relacionadas

              com o louvor. Todas essas passagens são muito instrutivas, mas aquelas

              assinaladas com asterisco ( * ) ensinam diretamente como a igreja ou o cristão

              individualmente deve louvar a Deus.

              1° Co 14:15 enfatiza a necessidade de louvar com palavras compreensíveis.

              Cantar mecanicamente, sem controle mental daquilo que se diz, sem dirigir a

              Deus a mensagem, ou sem que os outros possam compreender para serem

              instruídos, não é atitude aceitável a Deus.

              1° Co 14:26 fala da liberdade e do direito que deve ser dado a cada irmão de

              trazer uma composição de sua própria autoria em louvor a Deus, ou de

              escolher um Salmo ou um hino para que todos cantem juntos. Note-se, porém, 

              que tudo deve ser feito para edificação da igreja.

              Ef 5:18-19 e Cl 3:16 instruem da necessidade de ser cheio do Espírito e da

              Palavra de Cristo para:

              a .  Falarmos entre nós com Salmos e hinos e cânticos espirituais

              b .  Entoarmos e louvarmos com o coração ao nosso Deus

              Salmos são poesias compostas em louvor a Deus, para serem cantadas. Podem

              ser do Velho Testamento ou outras feitas por cristãos, para serem cantadas por

              toda a igreja.

              Hinos são poemas compostos para magnificar a Deus e serem cantados

              solenemente. Existem hinos bem conhecidos em nossos dias, como “Castelo

              Forte é Nosso Deus”; “Santo, Santo, Santo Deus Onipotente”; “Saudai o Nome

              de Jesus”; “Cristo Já Ressuscitou”. Mas há indícios de que a igreja primitiva

              tinha hinos grandiosos que provavelmente estão representados nas seguintes

              passagens do Novo Testamento: Ef 1;3 ss; 5:14; Fp 2:5-11; Cl 1:13 ss

              1° Tm 3:16; Ap 5:9-10; 15:3-4

              Após a solenidade da instituição da ceia do Senhor, Jesus e os discípulos

              cantaram um hino e saíram para o Monte das Oliveiras.

              Cânticos Espirituais são cânticos de conteúdo espiritual e podem surgir

              espontaneamente no espírito humano. Todavia, ao entrarem no processo

              mental, precisam ser controlados pela mente, para serem cantados.

              Hb 13:15 ensina que o louvor cristão é sacrifício de lábios oferecido a Deus

              por meio de Jesus Cristo. Aquele que confessa Jesus deve oferecer louvores

              com o mesmo instrumento com que confessa, isto é, com os lábios.

              Confissão e louvor, além de terem o mesmo centro de motivação, o coração,

              devem ser expressos pelo mesmo orgão, a boca ( cp Rm 10:8-9 e Hb 13:15 ).

              Tg  5:13 refere-se às circunstâncias propícias para o louvor, isto é, de alegria.

              Nestas passagens sobre louvor que acabamos de analisar notamos que:

              1 .  Nem uma só vez aparece menção de instrumentos musicais

              2 .  Nem uma só vez aparece Jesus, algum dos apóstolos ou algum cristão

                    tocando instrumento musical no culto da igreja reunida, ou em devoção

                    particular, para louvar a Deus.

               3.  São apontados o canto, os lábios, a mente e o coração em conexão com o                

                    louvor.

              4 .  O coração é apontado como o instrumento a ser usado no louvor.

                    Ef 5:19 afirma: entoando e louvando de coração ( com o coração ) ao

                    Senhor. Cl 3:16 acrescenta que o louvor oferecido a Deus deve ser

                    acompanhado de gratidão também no coração.

              5 .  Não existe no Novo Testamento nenhuma passagem citada do Velho

                    Testamento, mencionando louvor com instrumentos musicais. Isto

                    significa que o Espírito Santo não autorizou o uso de tais passagens, quando

                    inspirou os escritores do Novo Testamento.

              6 .  A atitude própria do louvor no Novo Testamento é, antes de tudo,

                    espiritual, por dispensar o acompanhamento de instrumentos materiais.

                    Tais instrumentos não são pedidos nas escrituras neotestamentárias. De

                    acordo com Rm 12:1 a nossa adoração racional consiste em oferecer

                    sacrifícios vivos, santos e agradáveis ( ou aceitáveis ) a Deus, e, não ao

                    homem. Muitas coisas que agradam ao homem não agradam a Deus, como

                    sacrifício de adoração. O mel, tão doce, saboroso e agradável ao paladar

                    humano