JESUS PAGA O IMPOSTO DO TEMPLO
MATEUS 17:24-27
V.24 –Tendo eles chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam
o imposto das duas dracmas, e perguntaram: Não paga o vosso mestre
as duas dracmas?
V.25a- Sim, respondeu ele.
Este acontecimento registrado apenas no Evangelho de Mateus deu-se em Cafarnaum, depois do episódio ao pé do Monte da Transfiguração, e depois do breve circuito de Jesus pelo interior da Galiléia. O caso envolve apenas os cobradores de imposto, Pedro e Jesus.
O tributo em questão remonta aos tempos do Tabernáculo no deserto, quando foi feito o recenciamento do povo. Este tributo incidia sobre todo varão de idade acima de 20 anos, e a arrecadação era destinada ao serviço de manutenção da Tenda da congregação (Êxodo 30:11-16). O valor era de meio ciclo, em moeda do Santuário, valor que correspondia a duas dracmas, nos tempos do Novo Testamento. No início, o tributo era pago uma só vez na vida. Mas nos tempos de Neemias, foi estipulada uma cobrança anual, e o valor foi rebaixado para um terço do ciclo. Dentro da Lei, este imposto tinha um significado importante, relacionado com a expiação das almas do povo (Êxodo 30:15-16). Mas, com o correr do tempo, tornou-se uma taxa anual, exigida tradicionalmente pelas autoridades e era cobrado por oficiais do templo. O valor era de duas dracmas por pessoa, por ano, sendo que uma dracma correspondia ao salário de um dia de um trabalhador. Segundo Josefo, este imposto era recolhido também nas colônias de judeus, na diáspora (dispersão) e era enviado para Jerusalém. A pergunta dos coletores a Pedro: “Não paga o vosso mestre as duas dracmas?” induzia a uma resposta positiva, como ele respondeu: “Sim”. É bem possível que ele se lembrasse de que Jesus nunca deixou de cumprir a Lei. Mas também a pergunta tem um ar irônico dos cobradores, como se partisse de alguém que quisesse criar um embaraço para o Mestre.
V.25b-Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Simão, que te
parece? de quem cobram os reis da terra impostos ou tributo; dos seus
filhos, ou dos estranhos?
V.26 – Respondeu Pedro: dos estranhos, Jesus lhe disse: Logo, estão isentos os
filhos.
V.27 – Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o
primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um
estáter. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti.
Quando Pedro entrou em cada, antes que ele relatasse o que ocorreu com os coletores, Jesus o surpreendeu com a pergunta: “...de quem os reis da terra cobram imposto, dos filhos ou dos estranhos”? Ele respondeu certo: “Dos estranhos”. Ele conhecia o exemplo do Império Romano, cobrando imposto dos judeus que não eram filhos do Império, mas estranhos. Porém, com relação ao imposto do Templo, que era para Deus, Jesus concluiu: “Logo estão isentos os filhos”. Ora, Jesus é o Cristo, o Filho do Deus Vivo, conforme Pedro já havia compreendido e confessado (16:16). Mas Pedro também era filho (cf João 1:12). Portanto, eles estavam isentos. Mas, para não escandalizar os arrecadadores, Jesus ordenou que Pedro fosse pescar com anzol, não com rede. O dinheiro estava na boca do primeiro peixe que ele fisgasse, sem necessidade de procurá-lo na boca de muitos peixes de uma rede, para encontrá-lo. A moeda encontrada, um estáter, valia quatro dracmas e foi o necessário e suficiente para pagar o imposto de ambos.
Este episódio do pagamento do imposto para o templo é uma parábola muito bem elaborada pelo Mestre. Para entendê-la precisamos analisar o significado deste imposto na sua origem. Era oferta memorial ao Senhor para expiação das almas dos filhos de Israel (Êxodo 30:11-16, ênfase nos versos 15 e 16). Expiação é a remissão da culpa, pelo pagamento da pena. A solidariedade de Jesus para com Pedro, pagando a dívida dele, é a mesma com todo aquele que se torna filho de Deus, porque crê n’Ele (João 1:12). Portanto é Ele quem faz a expiação dos pecados, pelo Seu sacrifício na cruz.Ele morreu pelos pecadores, para que eles possam ter vida (João 10:10; I Pedro 2:24; Tito 2:14). Ele também pagou o Seu compromisso com Deus de resgatar o pecador (Marcos 10:45; Lucas 19:10; João 12:27). Assim a Sua morte expiatória é morte vicária, conforme I Pedro 2:21, que diz: “...Cristo sofreu em vosso lugar...”, morte que agradou a Deus (Isaías 53:10) e que satisfaz a Sua justiça (Romanos 3:25-26).